Ornamentais

A beleza das orquídeas-sapatinho

Paphiopedilum lowii.

Digamos que foram dois irmãos que se separaram há muitos, muitos anos. Ficaram entre eles oceanos e continentes. Evoluíram, reproduziram-se e foram-se modificando ao adaptarem-se às mudanças que ocorreram no nosso planeta ao longo de milhares de anos. Hoje são dois géneros diferentes de orquídeas, conhecidas como orquídeas-sapatinho.

Os Paphiopedilum

São asiáticos e ocorrem em florestas montanhosas e húmidas, por vezes a grandes altitudes desde os Himalaias, passando pela China e ilhas do Pacífico. São plantas simpodiais, sem pseudobolbos e sem caule aparente. As suas folhas são alongadas e com uma dobra longitudinal ao centro. Na base das folhas e no seu interior nascem as hastes florais, que podem ter entre uma e muitas flores, dependendo da espécie. Estas orquídeas gostam de sombra e humidade, tanto no ar como no substrato. No inverno, adaptam-se a temperaturas relativamente baixas podendo ser cultivadas durante todo o ano no exterior do nosso país. Alguns preferem temperaturas mais amenas. Os valores seguros variam de espécie para espécie, mas, entre os 10ºC e os 28ºC, não haverá problema. Quando as temperaturas baixam além desses valores, devemos proteger as plantas das geadas e regar muito pouco. Com temperaturas muito altas devemos manter as plantas num local fresco e sombrio, regando com abundância.

Os Phragmipedium

Os Phragmipedium são originários da América do Sul, sendo encontrados desde o Sudoeste do México e um pouco por todo o continente sul-americano com temperaturas tropicais. As plantas são muito semelhantes às dos seus parentes Paphiopedilum e a forma de crescimento também. Tanto podem ser encontrados no solo da floresta, como a crescer em árvores ou em escarpas rochosas muitas vezes junto a cursos de água. No entanto, os Phragmipedium gostam de mais luz e de temperaturas mais altas. O seu intervalo de temperaturas ideal varia entre os 16 ºC e os 28ºC, podendo exceder um pouco mas sendo mais frágeis se as temperaturas descerem abaixo desses valores. Gostam de ter as raízes sempre húmidas e devem ser colocados em locais com boa circulação de ar. As diferenças de cultivo não são muitas, mas são determinantes para o sucesso das florações destas orquídeas tão especiais.

Estratégia
Phragmipedium caudatum.

Alguns sapatinhos têm manchas no interior do labelo para dar a ilusão de que existem fungos na flor. A planta atrai o inseto para o interior do labelo. Ao caírem lá, é difícil sair, porque as paredes são escorregadias. O único caminho para a liberdade é por um orifício apertado junto à coluna onde estão os grãos de pólen.

Polinizar

Ao saírem, os insetos são involuntariamente marcados com os grãos de pólen que se colam a eles e, ao voltarem a entrar numa outra flor de sapatinho, acabam por repetir o esquema da fuga e assim polinizar a flor.

Labelo

As flores têm uma característica semelhante, o labelo, uma pétala modifi cada em forma de bolsa, o famoso “sapatinho”. Essa estrutura é uma armadilha para os insetos, não para os comer como por vezes se pensa, as orquídeas não são plantas carnívoras, mas para os utilizar como polinizadores.

Regas, vasos e substratos

No cultivo de ambos os géneros, no que diz respeito a vasos e substratos utilizados, podemos dizer que ambos dependem de como o orquidófilo rega as suas plantas. Se costuma regar com mais frequência, deve utilizar vasos de barro e um substrato à base de casca de pinheiro média e fibra de coco grada. O barro é poroso e a água evapora mais rapidamente, e o substrato com maior granulometria facilita a drenagem. Se, pelo contrário, tiverem a tendência para regar menos e muito espaçadamente, devem optar pelo cultivo em vasos de plástico que retêm mais a humidade ,e utilizando um substrato com perlite e/ou musgo de esfagno, que mantém o substrato húmido por mais tempo.

Fotos: Nobuhiro Suhara, David Heickoff

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