Ornamentais

Chiloschista, uma orquídea surpreendente

Chiloschista lunifera.

No grande e vasto mundo das orquídeas, há sempre plantas que nos surpreendem pela raridade e pela estranheza. É o caso destas bonitas miniaturas, as Chiloschista, cuja planta não é mais do que uma raiz. São originárias da Índia, do Sudeste Asiático, Indonésia e Austrália. São plantas monopodiais e epífitas. Crescem agarradas aos troncos e ramos das árvores nas florestas montanhosas e húmidas.

A planta

A descrição da planta faz lembrar a canção “Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada…”; neste caso, é uma orquídea, muito engraçada, não tem folhas, não tem pseudobolbos, não tem (quase) nada. E é assim de facto. Estas plantas são compostas exclusivamente por uma raiz. Mas o “quase nada” é o suficiente. Neste caso, uma raiz que é muito importante. É uma raiz fina, envolta numa camada de células esponjosas e muito absorventes – o velame –, com uma espessura total de cerca de 3 mm, aspeto tubular e levemente achatada, com cloroplastos para substituir as folhas na realização da fotossíntese. Estas raízes são tudo para a planta.

Crescem a partir de um ponto central, espalhando-se como os tentáculos de um polvo. Podem atingir grandes quantidades e envolver completamente um pequeno tronco. Absorvem a humidade do ar e das chuvas, bem como do seu alimento, fixam-se nos troncos e ramos das árvores para a sua segurança, fazem a fotossíntese (obtenção de glicose através da energia solar, água e dióxido carbono) e asseguram a sobrevivência da espécie com as suas bonitas flores que, se fertilizadas, produzirão minúsculas sementes que serão disseminadas pelo vento e de onde crescerão novas plantinhas.

As flores

Do ponto central de crescimento das raízes brotam também as hastes florais, que atingem alguns centímetros de comprimento e são normalmente pendentes. Cada planta pode dar desde algumas até muitas flores. Estas têm a fisiologia típica das orquídeas: três sépalas, duas pétalas e o labelo. As flores das Chiloschista medem 0,8-1,0 centímetros e, conforme a espécie, podem ter variadas cores, desde o branco-esverdeado, passando  pelos amarelos, com ou sem pintas mais escuras, até às bonitas flores das Chiloschista lunifera (nas fotos), castanhas-avermelhadas. As flores, agradavelmente perfumadas, aparecem geralmente na primavera e duram vários meses.

O cultivo

O seu aspeto frágil dissuade muitas vezes os orquidófilos de tentarem o seu cultivo, mas a verdade é que estas plantas são bastante resistentes. Sendo uma planta que é composta quase exclusivamente por raízes, no ato da compra, devemos escolher plantas cujas raízes se apresentem robustas, de cor verde-acinzentada, sem pontas secas. Adaptam-se a variadas temperaturas; algumas espécies sobrevivem a temperaturas mínimas de 5oC, mas não devemos deixá-las na rua no inverno. Como são de pequeno tamanho, são facilmente transportáveis para o interior, não precisando de uma estufa aquecida, podendo ficar, por exemplo, junto a uma janela com boa luz.

No inverno, a planta passa por um período de dormência. Gosta de boa luminosidade, sem sol direto e a melhor forma de cultivo é montada em troncos, placas de cortiça, rede plástica ou quaisquer outras superfícies com alguma rugosidade, mas mais para o liso, e que não acumulem água por muito tempo. As Chislochista gostam de humidade, mas não em excesso. Devemos regar bem as plantas e com alguma frequência, mas deixando-as secar entre regas. A colocação da planta num local arejado é muito importante. Como qualquer micro- -orquídea, pelo seu pequeno tamanho, terá de ser vigiada com mais cuidado. Se as raízes se mostrarem avermelhadas, devemos colocá-la num local com menos luz, as fertilizações deverão ser feitas com alguma frequência, mas em doses muito fracas.

Manter a planta livre de pragas é essencial para o seu bom crescimento e o respeitar do período de repouso (no inverno) muito importante para garantir a floração. E com estes pequenos cuidados, podemos facilmente cultivar estas extraordinárias plantas, muito exóticas e curiosas raridades do mundo botânico, ao alcance de qualquer um.

Origem do nome

Chiloschista deriva do grego “cheilos” (lábio) e “schistos” (fenda). Este nome foi-lhes dado pela característica fenda existente no labelo da flor.

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