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O que é uma orquídea “Cambria”?

Cambria “Margarete Holm”

É com alguma relutância que escrevo este artigo com o nome “Cambria” no título. Não por ter nada contra este tipo de orquídeas mas porque o nome não é de todo um nome correto. No entanto, e porque quem compra orquídeas vai sempre, mais cedo ou mais tarde, deparar-se com as “Cambria”, acho que a melhor maneira de clarificar é mesmo explicar as razões do meu “desconforto” que de maneira nenhuma tem a ver com as plantas, que são lindíssimas, mas sim com o nome que lhes é dado.

O nome “Cambria” não existe em botânica. Se alguém comprar um livro de botânica ou de orquídeas e for procurar por esse nome, não vai encontrar nenhumas referências a esse nome como um nome científico. É unicamente um nome comercial inventado por um cultivador/vendedor holandês que resolveu chamar “Cambrias” aos híbridos intergenéricos de Oncidium, Ondontoglossum, Miltonia, Cochlioda e Brassia.

Cambria “Masai”

Com certeza concordam que é muito mais fácil dizer “Cambria” do que Odontioda, Odontocidium, Miltonidium, Miltassia, Vuylstekeara ou Bealleara, que seriam os nomes correctos a utilizar nesses híbridos. A verdade é que o nome “Cambria” substituiu todos esses nomes e os comerciantes e floristas ficaram satisfeitos porque essa simplificação lhes facilitou a vida e “Cambria” é cada vez mais utilizado comercialmente. O nome pegou e veio para ficar.

O que é que se perde?

Além do rigor botânico, perde-se também a oportunidade de conhecer que cruzamentos originaram uma determinada planta. Num exemplo simples, o nome Cambria “Melissa Brianne” nada nos diz sobre os seus familiares mas se viesse identificada com o seu nome correcto, Vuylstekeara “Melissa Brianne”, já saberíamos que todos os híbridos identificados como Vuylstekeara são o resultado do cruzamento de uma Cochlioda com Odontoglossum (Odontioda) e com uma Miltonia. Mais rigorosamente, é o resultado do cruzamento entre as plantas Miltonia “Anne Warne” e a Odontioda “Mrs Rudolf Pabst”.

Cambria “Nelly Isler”

Toda esta informação pode interessar a um colecionador ou a alguém que resolva levar um pouco mais adiante o seu hobby e pouca importância terá para alguém que goste simplesmente de orquídeas e que tenha algumas a embelezar a sua casa. No entanto, como o rigor não faz mal a ninguém e nunca se sabe quando um amador se torna um orquidófilo, achei necessário que seja explicada a origem dos nomes e o que é realmente uma “Cambria”.

Foto: José Santos

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