Regresso a Fronteira

fronteira
Largo dos Ss

O Palácio Fronteira é um local mágico onde confluem vários estilos: terraços em parterre do Renascimento, elementos do Barroco como a Casa de Fresco, tanques de água parada típicos do jardim Islâmico, e, sobretudo, uma marca portuguesa que se impõe, quer no uso abundante de azulejaria, quer nos temas utilizados.

O Palácio e os jardins de Fronteira são, como Queluz, dos locais mais mencionados e fotografados do nosso país em todas as obras de referência que se debruçam sobre os jardins do Barroco. Uma das razões é o facto de ser um jardim com uma personalidade própria e muito português na sua essência.

Tanque dos cavaleiros

Mandado construir em 1640 pelo Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas, os jardins desenvolvem-se em vários terraços, aproveitando o declive do terreno. O visitante pode usufruir de ambientes de estadia ou de passeio, muito diferentes entre si.

Homem culto e viajado, D. João de Mascarenhas imprimiu fortemente o seu cunho pessoal na construção de Fronteira. É notória a afirmação do nacionalismo reconquistado nas guerras da Restauração de que ele foi protagonista. A celebração da identidade nacional é evidente nas temáticas utilizadas: quer nos azulejos da sala das Batalhas do interior do Palácio, quer na estatuária que constitui a Galeria dos Reis de Portugal. Após 60 anos de domínio espanhol, é natural esta preferência por temas nacionalistas.

São ainda vísiveis elementos que evidenciam o seu interesse pelas artes e pela ciência.

Casa de fresco

Sua foi a ideia de destruir a louça utilizada pelo rei D. Pedro IV durante um jantar decorrido no Palácio, e com ela fazer um teto de embrechados nas grutas. Desta forma a louça não seria reutilizada e marcaria para a posteridade a sua amizade com o rei.

Entre parterres de buxo, tanques de água parada, casas de fresco, fontes, balustradas de pedra e estatuária, o jardim de Fronteira apresenta cenários que nos intrigam e encantam. A presença da cor azul forte – azul Berbere – nas paredes e na azulejaria, dá aos jardins de fronteira uma personalidade inconfundível.

Galeria das Artes

O jardim encontra-se num estado de manutenção impecável, tendo sido sujeito a várias intervenções de restauro. Inclui-se a recuperação dos seus sistemas hidráulicos, sem que se tenha estragado o encanto da assinatura da passagem do tempo.

Inicialmente a propriedade era utilizada como pavilhão de caça da família Mascarenhas. Aquando o terramoto de Lisboa em 1755, a família viu-se obrigada a refugiar-se nela e a lá fazer residência.

Parterre de Buxo

Ainda hoje lá habita o 12º Marquês de Fronteira, D. Fernando Mascarenhas. Graças à sua gestão inteligente, o Palácio e o seu jardim escaparam à decadência habitual de propriedades históricas que se encontram fora da alçada do Estado.

O único aspeto negativo de Fronteira é o facto de as suas vistas terem sido prejudicadas com a feia e maciça construção da zona de Benfica. Se nos conseguirmos abstrair disso, é um passeio perfeito.

Fotos: Vera Costa

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