Revista Jardins

30 minutos… nos jardins da Casa da Cerca

Venha descobrir os jardins miradouro da Casa da Cerca no núcleo histórico de Almada.

Vista a partir da Casa da Cerca

O acesso à Casa da Cerca é, por si só, fácil e também panorâmico, com múltiplas escolhas, a pé, de bicicleta, se habita a uma distância ciclável, de carro ou de barco, atravessando com as carreiras da Transtejo, que ligam o Cais do Sodré a Cacilhas, aí tem alternativa do elétrico de superfície ou o autocarro até próximo do núcleo antigo de Almada.

Como chegar

Para uma experiencia única, aventure-se pela muralha do cais do Ginjal à esquerda do embarque da Transtejo de Cacilhas e descubra as ruínas dos armazéns ribeirinhos, que se prevê sejam reabilitados em breve, e, ao fundo, a saída de uma curva, a praia do Ginjal, o casario ribeirinho com os restaurantes Ponto Final e Atira-te ao Rio e, ao alto, lá estão as poderosas muralhas de Almada e da Cerca. Para lá chegar, percorra um passeio do parque ribeirinho, dê uma espreitadela à Fonte da Pipa, uma belíssima obra de arquitetura e arte joanina para abastecimento da vila e do movimento marítimo, e logo ali tem o elevador panorâmico que em minutos o deixa à porta dos extraordinários jardins miradouro da Cerca.

Ao entrar, sentimo-nos logo em casa, abasteça-se na cafetaria Coisas Degostar, com uma sandwich ou um dos deliciosos bolos, ganhe forças com um café ou um chá e inicie o deambulatório: percorra um dos mais dignos e bem conservados representantes das quintas seiscentistas e setecentistas da outra banda e da paisagem cultural das Quintas de Recreio do Estuário do Tejo; a interação casa, paisagem e jardins mantém ainda hoje a sua envolvente paisagística quer urbana quer natural muito semelhante às suas origens, um privilégio praticamente inédito na área metropolitana de Lisboa, onde as expansões urbanas do século XX destruíram em grande parte os eixos panorâmicos e a envolvente paisagística destas casas e jardins históricos.

Ao entrar, sentimo-nos logo em casa.

A localização única

A Cerca surge-nos ainda ao jeito de um alcazar, deliciosa residência palaciana, um lugar de sublime panorâmica alpendorada em muralhas contruídas na escarpa gerada no Miocénico, com cerca de 16 a 20 milhões de anos, estratificada em grandes blocos de origem sedimentar calcária que aqui se eleva a quase 100 metros sobre o estuário do Tejo e o Mar da Palha, dominando as panorâmicas do chamado corredor do estuário, um espelho de água que liga o Mar da Palha ao oceano Atlântico, enquadrado na outra margem pelo skyline urbano de Lisboa. Virando-nos para sul, temos os socalcos dos antigos pomares ajardinados que se debruçam sobre o sol e sobre as panorâmicas urbanas da antiga Almada cristã e medieval, herdeira da Al-maden árabe.

De solar aristocrático a Centro Municipal de Arte Contemporânea

Depois de séculos de Historia e estórias e de passar por vários proprietários, ainda que mantendo até hoje as suas características solarengas seiscentistas e setecentistas, o hectare e meio da quinta e a casa foram adquiridos pela Câmara Municipal de Almada e, depois de um projeto e obra de reabilitação, iniciou a sua atividade, em 1993, como Centro de Arte Contemporânea, onde podemos encontrar o Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro, o Serviço Educativo, a Galeria Municipal de Arte de Almada e o Jardim Botânico Chão das Artes.

Almada antiga casario e torre setecentista – Paços

Da quinta aos jardins do século XXI

É da Casa da Cerca e dos seus terreiros e jardins que melhor nos apercebemos e descobrimos essa mestria urbanística do núcleo histórico de Almada, onde, num rápido piscar de olhos, nos extasiamos com a monumental panorâmica sobre o estuário e sobre o recorte urbano da margem lisboeta e a poucos passos de distância nos terreiros que envolvem a casa no entrar num portal ou num curvar de uma esquina dos muros; pela magia do sábio exercício de desenho do espaço charneira, somos surpreendidos pela paisagem intimista e urbana dominada pelo que resta do castelo, pela Igreja de São Tiago, pelas casas da Misericórdia e pela torre das casas da Câmara. 

É nos socalcos dos jardins abertos a sul que encontramos a poética e a essência dos nossos jardins portugueses, mais propriamente das nossas quintas de recreio que, por entre latadas de videiras, pomares de perfumadas laranjeiras, latadas de roseiras trepadeiras e videiras, geométricos campos de oliveiras e linhas de vinhedos, encontramos a paisagem emoldurada por janelões ladeados dos bancos para conversa e descanso as inventivas conversadeiras.

Na Cerca encontramos esse desenho discreto e quase invisível, mas ainda hoje tão eficiente para usufruir de um pôr do Sol, sonhar com viagens ao ver navegar mesmo por baixo um gigantesco navio de cruzeiros; sentimo-nos soberanos, poderosos a dominar Lisboa, o oceano, o Cristo Rei a Ponte 25 de Abril, com a sua música constante dos milhares de carros a circular nas grelhas do tabuleiro.

Jardim dos pintores anualmente com plantação alusiva a um pintor celebre.

O jardim do século XXI

O Jardim Botânico Chão das Artes – o jardim dos pintores – todos os anos se renova com um plano de plantação dedicado a obra de um pintor célebre. O Jardim Botânico Chão das Artes, inaugurado em 2011, inspira-se na estrutura de horto paisagística das quintas, mas a linguagem é de um design do espaço dos equipamentos e do mobiliário que denota a mestria dos arquitetos da paisagem, a escala mantêm-se intimista e com uma perfeita harmonia entre a quinta, o Solar e o desenho paisagista do Jardim Botânico Chão das Artes, com um forte programa didático de ensino e formação escolar que norteia este projeto do século XX, com espaços temáticos que suportam visitas, workshops e curso.

Encontramos: a estufa, o herbário, o anfiteatro ao ar livre e os seis espaços ajardinados que fornecem os produtos para as atividades didáticas – Mata, Pomar das Gomas, Jardim dos Óleos, Jardim das Telas, Jardim dos Pigmentos e Jardim dos Pintores.

 

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