A origem da palavra “topiária” é o latim – topiarius, que significa “a arte de adornar os jardins”. Trata-se de uma arte ancestral que se pensa remontar ao tempo dos jardins suspensos da Babilónia. Uma sebe comum pode dizer-se que será a forma mais simples de topiária. Depois, temos as clássicas pirâmides e esferas e assim sucessivamente, aumentado a complexidade das formas, como, por exemplo, as de animais.
A topiária ao longo dos tempos
A topiária clássica na Europa está historicamente relacionada com a nobreza e com o clero, surgindo nos castelos, palácios e mosteiros, nomeadamente nos claustros. No Renascimento italiano, esta arte foi fortemente incrementada, tendo o seu apogeu nos jardins franceses. Principalmente, com André Le Nôtre, o criador dos jardins de Versalhes, em 1662. Hoje em dia, a topiária que se pratica apresenta além das técnicas clássicas, outras diferentes, como a intitulada stuffed, desenvolvida pelos americanos na década de 60. Esta técnica utiliza suportes (moldes) de materiais vários, possibilitando formas que não se podem obter com a topiária clássica. Além da possibilidade de utilização de arbustos diferentes ou do seu revestimento com trepadeiras, musgos e herbáceas várias, consegue-se também uma maior variedade cromática e de texturas.
Técnica da topiária
A técnica clássica de topiária consiste em transformar um arbusto ou árvore, que está plantado, na forma pretendida através de podas meticulosamente planeadas durante um processo que pode levar vários anos. Já a topiária stuffed é incomparavelmente mais rápida, principalmente devido à natureza das plantas utilizadas. Estas têm ciclos de crescimento mais rápidos, nomeadamente trepadeiras e herbáceas como as gramíneas. Em qualquer das técnicas, há algumas regras gerais que devem ser seguidas para obter os resultados pretendidos, tais como o cuidado de que nenhuma parte da planta deva ficar sem iluminação direta do sol, evitando áreas côncavas e/ou muito profundas.
As podas
É importante começar as podas quando a planta é muito jovem para a orientar e esta se adaptar de forma gradual a esta técnica. A poda vai fomentar a ramificação obtendo-se uma estrutura densa que definirá melhor a forma e irá conferir maior consistência física.
Época de poda
As épocas ideais para as podas são o final do inverno e o início do verão. Deve evitar-se a poda na primavera e no outono, pois coincide com épocas de crescimento. As podas de limpeza, de ramos doentes e malformados, podem realizar-se em qualquer momento que seja necessário. No caso dos arbustos com floração significativa, o ideal será que a poda não se realize quando os botões florais estão formados para se poder usufruir das suas flores. Na técnica stuffed, os suportes são essenciais para criar a estrutura e conferir a forma pretendida. Devem ser de material resistente e durável. Em topiárias de grandes dimensões, há frequentemente que instalar sistemas de rega internos, principalmente quando se recorre a herbáceas.
Árvores e arbustos utilizados habitualmente
Buxo (ex: Buxus sempervirens), é talvez a planta mais utilizada em topiária em Portugal, muito resistente à poda, necessita de uma boa exposição solar.
Loureiro (Laurus nobilis), muito utilizado em sebes e em topiárias nas regiões mediterrânicas, pela sua resistência à secura. Tem a vantagem de a sua folha ser utilizada em culinária e de ser muito aromática.
Tuia (Thuya sp.), uma conífera muito utilizada principalmente pelos ingleses para criar formas elaboradas, colunas e pirâmides. Tem a vantagem de criar estruturas muito compactas.
Teixo (Taxus baccata), muito utilizado em jardins ingleses, tem uma folhagem verde muito escura e muito compacta. Preferes zonas mais frias e necessita de rega regular nas épocas mais quentes.
Ligustro (Ligustrum sinensis, Ligustrum ovalifolium, Ligustrum crenata), a par do buxo, é das plantas mais utilizadas em topiária, nomeadamente em sebes talhadas. Tem a grande mais-valia de ter uma flor muito aromática na primavera.
Azevinho (Ilex aquifolium), uma planta muito utilizada em topiária em Inglaterra, tem o problema de ser de crescimento muito lento e de ter umas folhas com picos agressivos que difi cultam a poda, mas a sua beleza compensa.
Pitósporo (Pittosporum tobira), o pitósporo é uma planta muito resistente e ideal para zonas agrestes em termos de vento e até de ar marítimo. O pitósporo-anão (Pittosporum tobira nana) tem a vantagem de ter uma forma arredondada natural.
Outras plantas também utilizadas em topiária
Cipreste (Cupressus coccinea), azálea (Azalea sp.) oliveira (Olea europea), viburno (Viburnum prunifolium), murta (Mytus communis) e louro-cerejo (Prunus laurocerasus).
Trepadeiras utilizadas para topiária stuffed
Madressilvas (Lonicera japonica) e hera (ex: Hedera helix).
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