Revista Jardins

A cerejeira e a ginjeira

São plantadas pelos seus frutos, mas também pela beleza da sua floração e pela qualidade da madeira, muito usada para o fabrico de instrumentos musicais.

A cerejeira (Prunus avium) e a ginjeira (Prunus cerasus) são duas espécies de árvores aparentadas, da família das Rosáceas, originárias da Europa, do Médio Oriente e do Magrebe. São ambas bastante populares em cultivo e os seus frutos muito apreciados, no primeiro caso, sobretudo ao natural, no segundo, transformados em licores, compotas e outros preparados. Os principais produtores de cerejas são a Turquia, os EUA, a Ucrânia e, a Rússia, e os maiores produtores de ginjas a Turquia, a Rússia, a Polónia, a Ucrânia e o Irão. São sobretudo frutos sazonais, que geram bastante procura e preços relativamente elevados.

Cultivo e colheita

A plantação das cerejeiras e ginjeiras ocorre no inverno, durante a dormência vegetal das árvores. As cerejeiras e ginjeiras são árvores que preferem climas temperados e podem ser cultivadas em pleno sol ou a meia-sombra, mas necessitam de bastante espaço para crescerem, pelo que devem ser plantadas numa área ampla. É necessário ter cuidado com as operações que possam ferir a árvore devido à sensibilidade a doenças fúngicas e bacterianas. Se a variedade que for adquirida não for autofértil, teremos de adquirir duas cerejeiras para que ocorra a polinização cruzada; isso implica já um quintal espaçoso, com um compasso de pelo menos cinco metros entre as árvores. Há que ter em atenção também que são necessárias bastantes horas de frio por ano para se obter uma produção razoável, entre 800 e 1000 horas. As cerejas surgem numa gama de cores que vão do amarelo ao cor-de-rosa, do vermelho ao bordeaux. Quanto ao solo, deve ser rico em matéria orgânica, fértil, profundo e bem drenado; o encharcamento é muito prejudicial para as cerejeiras e ginjeiras. Solos frágeis, pouco profundos, arenosos ou argilosos não são os mais adequados.

Manutenção

A manutenção das cerejeiras e ginjeiras centra-se sobretudo nas podas, que devem ser feitas durante a primavera ou após a colheita, na capinagem, nas fertilizações, que são sobretudo feitas no início da primavera, e nas regas, que devem ser feitas apenas nos meses mais quentes e com moderação. A cerejeira é muito sensível às podas, e as feridas custam a cicatrizar. Deve evitar-se a poda nos meses mais frios e húmidos, propícios à propagação de doenças fúngicas e bacterianas. A poda deverá ser para eliminar ramos mortos e doentes e manter o centro da árvore arejado e o uso de um cicatrizante deverá ser prática comum.

Pragas e doenças

Das pragas e doenças que afetam a cerejeira e a ginjeira contam-se muitas que afligem outras espécies do género Prunus, que inclui também frutos como as ameixas, os pêssegos ou os damascos. De entre as pragas, podem destacar-se os afídios, as moscas-da-fruta, a larva-lesma, ou os nemátodos. Quanto às doenças, destacam-se as doenças fúngicas, entre as quais se inclui a gomose e o cancro bacteriano. A prevenção, incorporando bastante matéria orgânica no solo, a correção da acidez do solo, a desinfeção das ferramentas usadas no pomar, o uso de cicatrizante nas feridas provocadas pela poda, a garantia de uma boa drenagem do solo ou o arejamento das plantas são das melhores atitudes a tomar.

Propriedades e usos

As cerejas são muito consumidas ao natural, é como são mais apreciadas, e também sob a forma de sumos, compotas, sobremesas, gelados e outros doces. As cerejas são ricas em vitamina C, vitamina B6 e potássio e possuem propriedades antioxidantes. Dada a sua exuberante e bela floração, a cerejeira também é plantada com fins ornamentais. A madeira, de boa qualidade, é usada em marcenaria e também no fabrico de instrumentos musicais.

A ginja é usada para o fabrico de compotas, para acompanhar alguns pratos salgados, habitualmente com carne de porco e sobretudo para o fabrico de licores como a ginjinha, o kirsch, o marrasquino ou o visinata. São frutos ricos em vitamina A, vitamina C, em potássio e em ferro, mas, dada a sua acidez, nem sempre apreciados ao natural.

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