Para a maioria das plantas da horta, são necessárias, no mínimo seis horas de luz direta por dia para que estas se desenvolvam em boas condições.
Nalgumas hortas, existem espaços que recebem poucas horas de sol direto devido à interferência de árvores ou prédios e, muitas vezes, não sabemos que variedades plantar ou semear nestas áreas. O contrário, também pode acontecer, ou seja, existirem alguns canteiros que recebem muitas horas de sol. Para a maioria das plantas da horta, são necessárias, no mínimo seis horas de luz direta por dia. A luz (radiação solar) é a fonte de energia que permite às plantas verdes (que têm clorofila), decompor o CO2 atmosférico, assimilando o carbono e realizando a síntese dos glúcidos (fotossíntese). O balanço da atividade fotossintética vai determinar o peso da matéria seca produzida e o crescimento das plantas.
A luz tem influência no crescimento do caule, expansão da folha, a forma, a cor, a textura e consequentemente a qualidade do produto final. Bohning e Burnside (1956) dividiram as plantas de acordo com a intensidade de saturação da luz em “espécies de sol”, a que pertence a maioria das culturas, e “espécies de sombra”.
Esta saturação de luz ou quantidade de energia solar recebida depende da estação do ano, do local e das características do ambiente (humidade, nebulosidade). A intensidade da iluminação exprime-se em lux (luz visível). Esta intensidade depende da insolação e do ângulo de incidência das regiões solares. A maioria das plantas precisa de uma intensidade luminosa de mais de 5000 lux para realizar a fotossíntese. O máximo que uma planta consegue “absorver” é 30.000 lux, embora a maioria das plantas funcione entre os 10.000-15.000 lux. O desenvolvimento vegetativo paralisa quando a iluminação é inferior a 1000 2000 Lux. Assim podemos dizer que, em pleno verão, com a altura do sol a 60o, a radiação total pode andar pelos 80.000-100.000 lux. No inverno (dezembro-fevereiro), a intensidade da luz, varia entre os 4000-9000 lux.
A planta vai tendo cada vez mais necessidade de luz à medida que envelhece. As iluminações fracas são favoráveis ao desenvolvimento vegetativo enquanto as iluminações intensas favorecem a formação de órgãos de reserva (raízes e tubérculos) e frutos. As plantas respondem de forma distinta à duração do dia (fotoperíodo) e precisam de um determinado número de horas de luz para florir e consequentemente frutificar. A planta tem recetores que permitem “medir” a duração do dia e da noite, e, com essa informação, determinar as suas fases vitais. Assim, na primavera, quando a duração do dia começa a ficar maior, o grão induz a produção de flores e fruto, embora existam exemplos contrários como a soja e o girassol, que só evoluem para a flor quando o número de horas de sol começa a diminuir (outono).
Muitas árvores e arbustos perenes “sentem” os dias a ficarem mais curtos no outono e deixam cair as folhas, preparando-se para a dormência do inverno.
Em Portugal, os solstícios e equinócios são fenómenos astronómicos que nos dão pontos de viragem em relação ao comprimento do dia e da noite. Em termos de reação dos vegetais cultivados ao fotoperíodo, temos:
Plantas de dias curtos – Sendo o ótimo quando o dia dura menos de 14 horas. Só florescem quando a duração da noite é maior que um determinado valor crítico. Assim temos a soja, milho miúdo, feijão, repolhos, pimento, tupinambo, batata.
Plantas de dia longo – Plantas que aceleram o seu crescimento e florescem após um período maior de horas de luz. O ótimo é quando a duração do dia excede as 14 horas (ou maior que 12 horas), como acontece com a beterraba, cenoura, cebola, ervilha, grão, lentilha, tremoço, mostarda, espinafre, fava, alface de inverno e primavera e girassol. Isto acontece mais frequentemente, nas regiões temperadas, no verão.
Plantas de dia neutro ou indiferentes – Não afetadas pela duração do dia ou da noite como as alfaces de verão, tomate, milho (algumas variedades), batata e pepino. A data de sementeira/plantação e a escolha das cultivares devem ser bem planeadas tendo em atenção as temperaturas registadas em cada estação do ano, mas também a duração dos dias (fotoperíodo) e a quantidade de luz. O rendimento ou crescimento e desenvolvimento de uma cultura agrícola podem ser maiores ou menores, consoante a duração da luminosidade, que varia em função do tempo e da latitude. Não esquecer que o clima, solo e fatores biológicos têm também influência na época de sementeira.
Existem duas grandes épocas de sementeira/plantação:
Sementeira de outono-inverno – São geralmente para plantas com longo período de vegetação, que têm necessidade de baixas temperaturas (vernalização ou horas de frio) para terminar o seu ciclo de desenvolvimento. São igualmente plantas de dias longos ou indiferentes em relativamente ao fotoperíodo.
Sementeiras de primavera-verão – São geralmente espécies que precisam de maiores temperaturas. Relativamente ao fotoperíodo, existe uma maior variabilidade. Nalgumas plantas não há interesse que evoluam rapidamente para a floração, pois o que se vai aproveitar são as folhas, as raízes, os caules, por isso temos de escolher adequadamente as cultivares (espécies) que nos fornecerão o que mais nos interessa. Hoje em dia, existem muitas variedades de legumes que são precoces ou tardias e que se adaptam melhor às condições climáticas (temperatura, luz, humidade) de cada estação. Enquanto muitas plantas gostam de sol direto, outras apreciam a sombra.
Assim foi criada uma classificação que define a quantidade de luz ou sol que cada espaço recebe, de modo a escolher as plantas mais adaptadas à luz incidente. De acordo com isto, temos:
Sol total – Áreas que recebem sol direto durante mais de 6-8 horas/dia entre as 10 horas e 18.00.
Sol parcial ou semissombra – Áreas que recebem 2-6 horas de sol direto e o resto do dia de sombra. Também podem ter luz, mas ser “filtrada” pelas folhas das árvores durante quase todo o dia.
Sombreado ou sombra total – Áreas que não recebem luz direta do sol ou no máximo recebem uma hora; são espaços que são sempre sombreados, não sendo por isso adequados ao crescimento da maioria das hortaliças.
Sombra densa – Não recebe nenhum sol direto, sendo muito escura e inadequada para as plantas.
Curiosidades
Solstício e equinócio são fenómenos astronómicos que marcam a posição do Sol em relação à Terra e, consequentemente, o início das estações do ano nos hemisférios
23 setembro (equinócio de outono) – cerca de 12 horas luz.
21 dezembro (solstício de inverno – dia mais curto) – 9 horas e 27 minutos.
20 de março (equinócio da primavera) -cerca de 12 horas luz.
21 junho (solstício de verão – dia mais longo) – 14 horas e 53 minutos.
*Lisboa ano 2022