Revista Jardins

Adoçantes naturais e saudáveis

Quando me refiro ao açúcar, estou a referir-me à sua forma refinada e processada, aos refrigerantes e a tudo o que contém esse tipo de adoçantes. Imaginem que até o pão, senhores, o pão contém açúcar. Para quê? Pergunto eu. Para quê? Para criar dependência e doenças para que depois nos possam vender o “remédio”. Os donos dos lobbies da “comida processada”, química e açucarada são os mesmos que os da indústria farmacêutica. As estratégias deste mercado capitalista e feroz são, a meu ver, maquiavélicas.

No entanto, são elas que ditam as regras e decidem aquilo que nos faz bem – eu acrescentaria: aquilo que nos faz bem mal. Em alternativa à Coca-Cola, dão-nos Coca-Cola Zero com aspartame cancerígeno.

A stevia

Existem várias alternativas saudáveis no mercado e uma delas até a podemos cultivar nos nossos jardins ou vasos nas varandas. Já todos ouvimos falar dela, é a stevia (Stevia rebaudiana) que não se deve confundir com esteva (Cistus ladanifer) A estévia ou stevia pertence à família das Asteracea ou Compostas.

Esta planta tem uma extraordinária capacidade adoçante. É oriunda do Sul das Américas, Uruguai e Paraguai e era já utilizada para fins culinários e medicinais pelos índios guaranis, habitantes dessa região. Na forma mais comum de pó branco, extraído das folhas da planta, chega a ser 70 a 400 vezes mais doce do que o açúcar branco refinado.

No entanto, farei aqui um parêntesis sobre este pó branco, pois, se a planta é verde, provavelmente haverá no seu branqueamento algum processo químico pouco aconselhável. É antidiabética, não altera os níveis de açúcar no sangue, não tem calorias. Inibe a formação de cáries e placa dentária, é hipotensora, diurética, antibacteriana, cardiotónica, ajuda a combater a azia, a baixar o ácido úrico, sendo útil também em casos de fadiga, insónia e depressão. Usa-se em tratamentos de emagrecimento. Contém glicósidos, saponinas, óleo essencial e taninos. O esteviosídeo é cerca de 300 vezes mais doce do que a sacarose.

Apesar de os estudos comprovarem que não tem contraindicações, os índios guaranis utilizavam-na em rituais de contraceção. Na Europa, os supostos estudos sobre segurança e legislação foram longos e morosos, suspeito que por razões de pressões internas de algumas multinacionais às quais uma planta com estas características viria alterar drasticamente os lucros obtidos à custa da saúde de muita gente. Quiseram inclusive patenteá-la. Ainda bem que o bom senso desta vez venceu os interesses das multinacionais e a legislação europeia permite a comercialização da stevia e seus derivados.

Cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar não processada é um adoçante natural que também podemos cultivar nas nossas hortas e quintais desde que tenhamos espaço, pois é bastante invasora, como aliás todas as canas. As hortas de beira de estrada na zona de Sintra quase todas têm plantados uns pés de cana-de- -açúcar não fossem os seus hortelãos quase todos de origem africana.

É originária da Nova-Guiné, de onde viajou para a Índia. Aí se desenvolveram os primeiros engenhos de transformação, há mais de 2500 anos. Terão sido os árabes a introduzi-la na bacia do Mediterrâneo. Muito cultivada nas bermas do rio Nilo.

O cultivo da cana-de-açúcar em Portugal era a maior indústria agrícola antes dos Descobrimentos. Os primeiros exemplares que chegaram ao Brasil foram levados da ilha da Madeira em 1502. Anos mais tarde, em 1550, existiam numerosos engenhos que fabricavam açúcar superior ao da Índia e que o exportavam do Brasil para Portugal. Em meados do século XVII, o Brasil tinha-se tornado o centro principal de produção de açúcar, graças ao trabalho de escravos trazidos de África. Na Madeira, o mel de cana, usado no fabrico da aguardente e de muita doçaria tradicional, é um adoçante mais saudável do que o seu “superior” hierárquico açúcar branco.

Seiva de bétula-xilitol

Existem no mercado várias alternativas aos adoçantes processados, a maioria infelizmente com uma pegada ecológica um pouco pesada, pois são quase todas importadas. Mencionando apenas algumas, o xilitol, extraído da seiva e das fibras das bétulas dos países nórdicos e também das faias. Temos bétulas e muitas faias em Portugal; poderia ser um mercado interessante, reconvertendo as plantações de eucaliptos em florestas mais sustentáveis e úteis.

Açúcar de côco

O açúcar de côco é considerado um dos melhores adoçantes atualmente no mercado, sendo rico em potássio, ferro, zinco, magnésio e vitaminas do grupo B. Há muitas alternativas ao açúcar e, quem sabe, isto possa servir de inspiração para novas formas de olhar a nossa floresta portuguesa, plantando para fins comerciais mais bordos (ácer), bétulas (vidoeiros) e faias.

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