De forma simples, podemos ter adubos que vão alimentar as nossas plantas, melhorar a qualidade do solo, permitindo-nos contribuir para a reciclagem orgânica dos nossos “lixos”.
Atualmente, a sustentabilidade da Terra passa por não produzir gases com efeito de estufa (GEE), que vêm essencialmente da queima de combustíveis fosseis, devido à atividade humana e à constante desflorestação do nosso planeta. Na agricultura, um dos causadores pela libertação de dióxido de carbono para a atmosfera (gás que provoca os maiores efeitos de estufa, 76%) deve-se à fabricação de adubos sintéticos agrícolas (especialmente os ricos em nitrogénio). Para fabricar uma tonelada de adubo rico em nitrogénio (azoto), são necessárias cerca de 2-4 toneladas de petróleo.
O solo é o maior reservatório terrestre de carbono na forma orgânica, estando acumulado na forma de húmus, que é essencial para a melhoria da fertilidade e da produtividade agrícola. Em agricultura biológica (AB), alimenta-se o solo e não a planta, pois é no solo que estão os microrganismos benéficos que fazem a decomposição da matéria orgânica (MO), fornecendo os nutrientes, que vão sendo gradualmente libertados. Considera-se que um solo rico em MO é capaz de transformar os minerais existentes em formas assimiláveis pelas plantas.
Em agricultura biológica, os valores de matéria orgânica no solo, são maiores (3-5%) e os processos para “alimentar” as plantas são mais naturais, excluindo completamente os adubos sintéticos. Se um solo tiver apenas 2% de MO (como acontece nos solos de agricultura intensiva), temos cerca de 60 t/ha; na AB, com níveis de 5% de MO, conseguimos reter no solo cerca de 150 t/ha.
Os processos para termos as plantas saudáveis em termos nutritivos, resultando assim uma maior produção e resistência a pragas e doenças, passam por:
- Rotação de culturas
- Consociação de culturas
- Adubos verdes (ex.: leguminosas)
- Compostagem de materiais orgânicos (estrumes, resíduos das culturas e outros materiais biológicos)
- Mobilização adequada do solo (por vezes nenhuma).
Nos nossos jardins ou hortas, podemos ter adubos naturais, para fertilizar o solo e alimentar as plantas:
- Utilizando o processo da compostagem — muitos destes materiais (Tabela 1) podem vir da nossa casa, do café da esquina, do cabeleireiro, do jardim, da horta ou de outros espaços naturais.
-
Utilizando diretamente alguns materiais naturais que podem servir de adubo (ver Tabela 1).
Utilizando estrumes de zonas de produção de animais, quintas, centros de equitação (ver Tabela 2).
Recorrendo a processos mais caseiros, mas controlados, podemos ter adubos que vão aumentar os níveis de húmus no solo, a vida existente neste habitat e, ao mesmo tempo, alimentar as nossas plantas, contribuindo, muitas vezes, para a reciclagem orgânica dos nossos “lixos”.