Revista Jardins

Autóctones de sombra

 

Plantas nativas, com caráter ornamental e adaptadas a situações de ensombramento são opções muito interessantes para plantar nas zonas menos soalheiras do jardim.

 

Temos tendência para pensar que as zonas ensombradas do jardim têm menos potencial por serem mais frias, mais escuras e as plantas não se desenvolverem tão bem. Mas podemos olhar para estes espaços com uma perspetiva diferente, percebermos que são zonas com características singulares onde, trabalhando de acordo com essas singularidades, podemos criar novas ambiências.

Quanto à questão do fraco desenvolvimento das plantas, o mais provável é não estar a plantar as plantas certas, adaptadas às condições do lugar. Existem várias espécies ornamentais de sombra, contudo, neste artigo vamos focar nas plantas autóctones. Porquê? Porque além de serem bonitas e estarem adaptadas a este tipo de exposição solar, estão adaptadas às condições edafo-climáticas (solo e clima) tendo, por isso, uma série de outros benefícios.

 

Vinca difformis subsp. difformis

Pervinca

Família: Apocynaceae

Porte: Herbácea rizomatoza e vivaz, de crescimento rápido, com cerca de 0.25 m de altura.

Folha: Persistente, lustrosa, verde-escura, ovada a lanceolada.

Flor: Solitária, elegante, com cinco pétalas azuis, às vezes em tons violeta. Floração de janeiro a maio.

Ecologia: Ocorre espontaneamente sob coberto de bosques e galerias ripícolas, preferindo locais total ou parcialmente ensombrados e com alguma humidade. É resistente ao frio e a baixa luminosidade.

Utilização: Revestimentos. Se for plantada junto a muros, pode comportar-se como trepadeira.

Nota: Não confundir com a Vinca major que é uma espécie exótica.

 

 

Ruscus acculeatus

Gilbardeira

Família: Liliaceae

Porte: Arbusto rizomatoso, com cerca de 1.2 m de altura.

Folha: Rudimentar. Confundida com os caules modificados (cladódio), espalmados, rígidos e com ponta espinhosa que se assemelham a folhas. Se tentar arrancar uma “folha” verá que a tarefa não é fácil uma vez que está a tentar partir parte do próprio ramo. A verdadeira folha é muito pequena e encontra-se sobre esta estrutura.

Flor: Pequena e esverdeada, em cima do cladódio.

Fruto: Baga vermelha que ocorre desde o final do verão até início da primavera.

Ecologia: Na natureza surgem sob coberto de matos de carvalho-alvarinho, sobreiros e azinheiras, podendo fixar-se em dunas estabilizadas e fendas de rochas. Prefere locais frescos e sombrios, embora se adapte a diferentes situações ecológicas. Resiste a períodos de secura.

Utilização: Pode ser utilizada em sebes não talhadas.

 

Viburnum tinus

Folhado

Família: Caprifoliaceae 

Porte: Arbusto de crescimento rápido, que pode atingir 3m de altura.

Folha: Persistente, coriácea, verde-escura, oval.

Flor: Floresce abundantemente no início da primavera, enchendo-se de flores brancas a rosadas.

Fruto: Drupa azul-escura-metálica, que nasce no verão.

Ecologia: Espontâneo em carvalhais, sobreirais e azinhais. Prefere locais abrigados, húmidos e sombrios. Tolera solos ácidos e básicos, mas não resiste em solos calcários.

Utilização: Solitária ou em maciços.

 

 

Ilex aquifolium

Azevinho

Família: Aquifoliaceae

Porte: Arbusto de crescimento lento, que pode alcançar 6m de altura.

Folha: Persistente, verde-escura, com margem ondulada e espinhosa.

Flor: Pequenas flores brancas que surgem na primavera.

Fruto: Drupa vermelha, tóxica, que amadurece no verão e permanece durante todo o inverno. Apenas os espécimes femininos têm fruto.

Ecologia: Ocorre em bosques caducifólios, em regiões montanhosas até os 1600m de altitude e frequentemente em encostas sombrias. Prefere solos ligeiramente ácidos, leves e ricos em matéria orgânica.

Utilização: Solitária ou em composições vegetais.

 

Veja ainda “Plantas autóctones para usar no jardim”.

 

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