Revista Jardins

Cochonilha-australiana (ou icéria): tudo o que deve saber

A icéria é uma praga que ataca uma grande variedade de plantas ornamentais, árvores de fruto e palmeiras na primavera, verão e outono.

Nomes Comuns: Icéria, cochonilha-australiana, pulgão-branco, cochonilha-do-algodão, cochonilha-branca.

Nome científico: Icerya purchasi Maskell (Pericerya purchasi Mask)

Características

Esta praga foi assinalada em Portugal, entre 1845-1896, em exemplares de acácia importados, sendo depois alastrada para laranjais na zona de Lisboa, mas também pode ter vindo dos Açores através dos Estados Unidos.

As fêmeas adultas apresentam uma forma oval, achatada na fase ventral e convexa na dorsal, tem cor roxa-alaranjada com diversas manchas escuras na fase dorsal.

As larvas com 0,5-1 mm de comprimento são mais avermelhadas, com patas, antenas compridas e negras, mas com o ovissaco, a cochonilha mede cerca de 6-10 mm de comprimento.

Ciclo biológico

A fêmea é hermafrodita (autofecunda-se) e, ao fim de algum tempo, cobre-se de cera e forma o saco ovígero (ovissaco), desde fevereiro. Antes de começar a postura, segrega uma melada.

Esta substância condensa-se sob a forma de grandes massas brancas e semiopacas que ficam agarradas ao corpo cobrindo-o completamente.

O saco formado tem forma cilíndrica e cor branca com 15-16 sulcos longitudinais que lhe dão um aspeto canelado. Estes sacos protegem os 400-800 ovos (parecem grãos de areia vermelha fina) do calor e chuva, etc.

A larva passa por três estádios:

Por fim, chega-se à fase da fêmea adulta, que se desloca da periferia para o interior das plantas para se fixar nas partes lenhosas do tronco, onde se alimenta e inicia nova postura, morrendo agarrada ao órgão parasitado (desde o ovo até ao estado adulto, demora cerca de três meses).

Em Portugal, conseguem desenvolver 2-4 gerações/ano desde o início de fevereiro até novembro.

Plantas mais sensíveis

Citrinos, acácias, medronheiros, crisântemos, giesteiras, figueiras, heras, loureiros, palmeiras, pinheiros-de-alepo, pitósporos, roseiras, amoreira silvestre, tojos, videiras, mimosa, gerânios, sálvias, alecrim e muitas outras plantas ornamentais.

Danos

Enfraquecimento da planta, devido à sucção da seiva, “envenenando” a planta com as suas toxinas salivares. A melada que segrega dá origem à fumagina, que cobre as folhas de negro, influenciando a realização da fotossíntese. As plantas ficam muito debilitadas, reduzindo a produção e podem até morrer.

Combate biológico

Prevenção/aspetos agronómicos: Realizar podas no sentido de favorecer a luz e a circulação de ar no interior da copa; limpar ou eliminar os ramos mais infetados (desde fevereiro); diminuir ao máximo a adubação azotada.

Luta química biológica: A pulverização com óleos minerais (óleo de verão) desencoraja a postura de ovos e deve ser feita no inverno (novembro-fevereiro). A aplicação de Neem (substância de origem natural), tem uma forte ação repelente sobre esta praga e piretrinas (extraídas do piretro). Devem-se realizar estes tratamentos a partir de março com sabão de potássio e macerado de urtiga.

Luta biológica: A vedália (joaninha-australiana) muito parecida com as joaninhas (Rodolia Cardinalis Muls ou Vedalia cardinalis) é utilizada no combate a esta praga (50 larvas/25-30 árvores infetadas); em condições normais, ela existe na Natureza, não sendo preciso introduzi-la.

Alimenta-se dos ovos e das larvas. As formigas propagam a icéria, por isso deve-se combater primeiro as formigas.

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