Inconfundível com as suas pétalas amarelas terminando em V nas extremidades.
A Cota tinctoria apareceu-me como uma surpresa numa caminhada. “Será mesmo ela?”, pensei, há tantas flores amarelas parecidas… Mas há algo inconfundível, as pétalas possuem um minúsculo formato em ‘V’ nas extremidades que as distinguem de outras espécies tão parecidas. Reparei na folhagem espessa, as folhas com um aglomerado formato de pequenas serras. A colheita consciente das flores foi agradável pelo aroma que deixou nas minhas mãos, e pela facilidade, já que esta planta tem uma altura de 60 a 80 cm e, sempre que há uma delas, há muitas espontâneas a crescer por perto. Todas as plantas que têm tinctoria no nome significam sucesso garantido na arte de tingir tecidos naturalmente. Uma maneira ecológica de dar cor aos tecidos de fibra natural, e não só – os papéis também possuem uma grande afinidade para receber cores naturais.
Aplicação no tingimento natural
A cabeça da flor de Cota tinctoria assume muitos formatos antes da plena maturidade. O centro da cabeça da flor tem uma tendência leve a expandir-se para cima, como um subtil sopro de balão a encher-se de ar. A colheita da cabeça das flores é feita respeitando o ciclo natural da planta. Alternando de arbusto, para deixar a planta em equilíbrio e não retirar todas as flores de um único arbusto. A qualidade tintória dessa planta é duradoura e também pode ser usada para complementar ou alterar outras cores naturais. Faz-se um chá da planta e mergulha-se o tecido a ser tingido (previamente tratado com mordentes naturais). A cor amarelo-dourada começa a aparecer na panela depois de algum tempo de cozimento. Para criar verde, deve-se tingir primeiro de azul. O índigo pode ser extraído de alguns tipos de plantas, mas a de género Indigofera é a mais utilizada. Falarei sobre a Indigofera noutro artigo. A cor do chá de Cota tinctoria torna-se amarelo com o calor, não é sensível ao pH da água o que torna a extração da cor muito fácil.
Relação psicoexistencial
A Cota tinctoria é bastante resistente ao frio, podemos concluir que representa naturalmente, através da cor dourada vibrante, calor, que expande suas ações terapêuticas. A maneira muito suave como a esfera central se apodera do processo floral com o tempo representa discernimento à medida que entra em maturidade. Transmitindo a mensagem reconfortante de um mundo interior pacifico. O impulso curador e transformador refletido na peça de tecido natural tingido por essa planta auxilia a harmonização e regularização entre o corpo etéreo e o corpo astral.
A quem dirige-se
Aconselho o uso desta planta através do tingimento natural a todas as pessoas que se veem numa situação imprópria e têm pouca força de reação. As pessoas que vivem nas rotinas, no imaginário no passado, nas velharias sem vida, de alma percorrida por humores nostálgicos e dores acarinhadas. A cor, aroma e força da Cota tinctoria convidam ao movimento através da mudança positiva. Portanto, as pessoas que por opção preferem ficar sozinhas na inércia com o peito oprimido por falta de dar e receber amor podem usar esta planta no tingimento natural para estimular a força de vontade, a retoma do controlo do presente e a reação através do amor. Esta planta desinfeta o que entra na esfera psíquica através da sua cor vibrante amarela e convida à abertura a trocas de experiências.
ESPECIAL: FORMAÇÃO
Revelart vai fazer uma série de formações presenciais na Figueira da Foz disponíveis no mês de março, vamos utilizar o inventário colorido de plantas tintórias do quintal de Portugal. Pode trazer as suas plantas para fazer parte deste processo criativo e colaborativo. Vamos praticar várias técnicas de tingimento natural e extrair cores de plantas para tecidos. Para participar e saber mais informações, basta entrar em contacto com Revelart através das redes sociais ou do email maridegi@gmail.com