Revista Jardins

Conheça as extraordinárias orquídeas Meliocalcar decoratum

Escondidas nas montanhas das ilhas da Indonésia vivem umas pequenas orquídeas cujas flores são ímpares e, pelo seu pequeno tamanho, de extraordinária beleza. Pelas formas peculiares e cores quentes e atrativas, tornaram-se muito procuradas para cultivo pelos amantes de micro-orquídeas. Na natureza, são encontradas principalmente em Papua-Nova Guiné, mas também em outras ilhas da Indonésia. Crescem de forma epífita, agarradas a troncos e ramos de árvores cobertas de musgos, nas florestas nebulosas e húmidas,  a altitudes entre os 900 e  os 2500 m. Por vezes, podem também ser encontradas junto ao solo da floresta.

Aspeto geral da planta

A planta é constituída por pequenos pseudobolbos tubulares que mal atingem 1 cm de comprimento e 2 a 3 mm de espessura. Daí brotam quatro pequenas folhas curtas e robustas, dispostas em leque, também com cerca de 1 cm. TEm o aspeto de uma pequena planta suculenta. As raízes são finas e encontram-se muitas vezes penduradas. A planta cresce em aglomerados, formando tapetes, parecendo ter hábitos de planta trepadora por crescer subindo troncos ou ramos. Por ser tão pequena e crescer em zonas húmidas, alastrando pelos troncos das árvores ou pelo solo, o seu aspeto geral assemelha-se a alguns tipos de musgo.

O género Mediocalcar foi descrito pela primeira vez pelo botânico holandês Johannes Jacobus Smith (1867–1947), que esteve na Indonésia (antiga colónia da Companhia Holandesa das Índias Orientais), especialmente na ilha de Java, entre os anos 1905 e 1924, onde estudou, descreveu e catalogou a flora local. É um género que engloba 17 espécies, todas originárias da mesma zona geográfica. A espécie-tipo é a Mediocalcar bicolor.

O cultivo

São orquídeas que podem  ser cultivadas em vaso ou montadas em troncos ou placas de cortiça. Os vasos podem ser de plástico ou barro e devemos utilizar um substrato com boa drenagem, mas que também mantenha alguma humidade.

Estas espécies gostam de locais húmidos e quem tem tendência para regar pouco deverá evitar os vasos de barro porque secam mais rapidamente. Há quem as cultive somente em musgo de esfagno ou numa mistura de casca de pinheiro fina com musgo de esfagno, fibra de coco ou perlite. As plantas montadas também tendem  a secar rapidamente e devemos colocar entre o tronco (ou a cortiça) e a planta uma “cama” de musgo de esfagno para evitar que as raízes sequem demasiado.

A planta deverá ser colocada num local à sombra, sem nunca receber sol direto. Deve manter-se também perto de outras plantas para ajudar a manter o ar mais húmido. Um prato ou tabuleiro com gravilha e água também ajuda a manter a humidade mais constante. Assegure-se de que o vaso não fica em contato permanente com a água.

Como são plantas de florestas de altitude, estão habituadas e gostam de temperaturas mais baixas. Mínimas de 12-14 ºC e máximas até aos 30 ºC são as temperaturas ideais. Por períodos curtos, estas orquídeas sobrevivem tanto a temperaturas mais baixas como mais altas. No entanto, para se desenvolverem bem e para florirem, não devem ser expostas a temperaturas muito altas.

Para as regas devemos, como para qualquer tipo de orquídea, utilizar a água mais pura possível. A frequência é variável e depende da estação do ano e do meio de cultivo. O objetivo é não deixar a planta secar completamente, mantendo o substrato húmido, mas sem ficar demasiado molhado. Um bom arejamento é muito importante. Em regas alternadas, devemos adubar com um fertilizante diluído na água de rega.

Pormenor da flor

As flores

Muito curiosas na sua forma, quase completamente redondas, com as pontas das sépalas e pétalas espreitando pelo tubo sepalino, lembrando uma pequena romã. As cores laranja  e amarelo brilham  e sobressaem entre o verde da planta. Crescem na base dos minipseudobolbos e cada pé dá somente uma pequena flor de cerca de 6 mm. Noutras espécies de Mediocalcar, a flor mantém o tamanho e a forma arredondada, mas as cores podem ser vermelhas com as sépalas e pétalas brancas.

O nome Mediocalcar resulta da junção de duas palavras em latim: Medium (meio) e Carcar (espora), pelo pequeno esporão presente a meio do labelo.

Fotos: José Santos

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