Com os dias maiores e as temperaturas gradualmente a subir temos várias orquídeas a despertar para mais um ciclo de vida e para mais uma floração. As Phalaenopsis começam já a emitir as suas hastes florais e devem ser fertilizadas de modo a que as plantas estejam fortes para que obtenhamos florações mais numerosas e duradouras.
Estas orquídeas tão comuns nos dias de hoje e com formas e cores tão variadas são originárias do continente asiático. As espécies botânicas são geralmente mais pequenas do que as que encontramos à venda. Espécies como a Phalaenopsis parishii, P. decumbens, P. mariae e tantas outras são pequenas preciosidades botânicas, fáceis de cuidar, e com pequenas florações maravilhosas.
As Phalaenopsis são plantas epífitas e na natureza crescem sem substrato, agarradas a troncos de árvores. Não sendo plantas parasitas, o seu alimento provém das chuvas, da humidade e de detritos orgânicos das árvores onde residem.
Nas nossas casas, se forem espécies de pequeno porte, podem ser cultivadas montadas em troncos ou pedaços de cortiça, se forem plantas maiores cultivam-se envasadas em vasos de plástico transparentes com substrato poroso e grosso de modo a que a água da rega não se acumule nas raízes. Normalmente, utiliza-se substrato composto de casca de pinheiro de tamanho médio misturado com pequenos pedaços de fibra de coco e Leca® (argila espandida) mas encontram-se já à venda substratos preparados para orquídeas epífitas. Muitos orquidófilos utilizam unicamente casca de pinheiro para as Phalaenopsis com bastante sucesso. É tudo uma questão de experimentar e concluir qual o melhor substrato para as suas plantas.
Travar a rega
Originários do outro lado do mundo, da América do Sul, os Catasetum e Cycnoches também já despertaram e junto aos pseudobolbos sem folhas dos anos anteriores devemos ter já pequenos rebentos verdes que indicam que a planta já começou a produzir novos pseudobolbos.
Temos que travar a vontade de regar estes novos rebentos. No início só um borrifo muito leve, depois, quanto o novo rebento passa os 5-7 cm, começa-se a regar e a adubar gradualmente para promover o crescimento e a floração sem riscos de apodrecimento. Os Catasetum e os Cycnoches crescem em zonas áridas e só se começam a desenvolver após as primeiras chuvas. São também plantas epífitas e esse facto permite à planta manter-se mais seca e entrar num período de dormência no inverno que termina nos meses de fevereiro e março.
Pouco exigentes
No exterior, nos jardins, as Bletilla striata também já despontam aos primeiros sinais da primavera. Estas orquídeas com bolbos rizomatosos subterrâneos dão-se muito bem tanto no exterior como no interior e florescem com grande facilidade. Não são muito exigentes e plantam-se como se fossem Narcisos ou Tulipas ficando todo o ano na terra.
As flores, geralmente cor-de-rosa vivo ou brancas (plantas alba) dão muita alegria aos jardins e fazem bonitos conjuntos com outras plantas mais baixas, como por exemplo amores perfeitos, saxífragas ou plantas verdes. As suas folhas são verdes claras e plissadas. Estas orquídeas terrestres também oriundas da Ásia têm um ciclo anual, rebentando da terra no final do inverno, florindo na primavera, desenvolvendo as suas folhas até ao verão, quando secam e desaparecem, adormecendo até à primavera seguinte. São orquídeas com as quais o sucesso é garantido.
Curiosidades
Phalaenopsis
O uso de vasos transparentes nas Phalaenopsis não é um golpe comercial nem uma moda. Usam-se porque as raízes grossas têm também cloroplastos e realizam a fotossíntese. Quando as raízes estão húmidas e a sua cor é verde não devem ser regadas. Quando mais secas ficam com aspeto branco prateado e precisam de uma rega.os vasos transparentes são também muito úteis porque deixam observar as raízes e assim evitar regas desnecessárias.
Bletillia
Na China, Japão e Tibete, eram utilizadas há muitos séculos como purificantes do sangue. na dinastia chinesa de han (anos 207 a.C a 220 d.C) são descritas por Shên-nung Pên Ts’ao Ching no “herbário do Mítico Imperador”.
Catasetum e Cynoches
As flores dos Catasetum e dos Cycnoches têm uma particularidade única na família das orquídeas. Dão flores masculinas ou femininas na mesma planta. Estudos revelam que a luminosidade pode ter a ver com o sexo das flores. Essas flores não nascem misturadas, ora uma haste tem flores mais abertas (masculinas), ora pode nascer outra de flores arredondadas parecendo um ovo com um orifício na parte inferior. Este facto baralhou bastante os botânicos quando estas plantas foram descobertas. Muitas foram classificadas como duas plantas diferentes até se descobrir que era a mesma planta que dava ora um tipo, ora outro, de flores.
Fotos: José Santos
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