Revista Jardins

Descubra a orquídea crucifixo

Epidendrum no Equador

Há orquídeas que necessitam de muito pouco para crescer e florir. Tenho há muitos anos uma planta de Epidendrum radicans no jardim que está gigante. Inicialmente, foi plantada num pequeno vaso de plástico, mas rapidamente as raízes deixaram o vaso e foram à sua vida, com vontade própria, procurando humidade nos vasos de outras plantas vizinhas. Para tentar controlá-la, coloquei-a, com o vaso e tudo, dentro de um vaso cónico maior. Não resultou. Passados meses, já as raízes voltavam a deixar o vaso e tomar novos caminhos. Resignei-me. Hoje, passados uns 15 anos ou mais, já foi dividida, cortada e quase todos os meus amigos com espaço têm um bocado. Está a cobrir, em várias frentes, uma pérgula de madeira e por vezes os longos pseudobolbos, com as hastes florais, atingem os três metros de altura. Tem flores quase o ano todo e é feliz, por ali, à solta.

A planta é constituída por pseudobolbos muito longos (há livros que mencionam o nome comum reedstem orchid, a “orquídea haste de junco” por esse facto), as folhas também são alongadas, ovais e grossas, não atingindo mais de 15 centímetros de comprimento. As raízes são grossas e fortes, cobertas de velame para absorverem facilmente a humidade e são visíveis tanto na base da planta como ao longo dos pseudobolbos, a meio da planta, onde também é muito comum aparecerem keikis (novas plantas).

Existe uma outra orquídea muito parecida com esta, o Epidendrum ibaguense, mas que só tem raízes na base da planta, junto de ao solo. No resto são praticamente iguais. Em alguns documentos até as consideram a mesma planta, com nomes sinónimos, o que está incorreto.

Haste floral do Epidendrum radicans com uma cápsula de sementes.

Habitat de origem

São originárias da América do Sul: o E. ibanguense, só nos países mais a norte, até ao Norte do Brasil, e o E. radicans mais espalhado por quase todo o Sul da América. No Peru, o nome em quechua para esta orquídea é Winay wayna, que significa “sempre jovem”, mas foram os missionários de Ibagué, na Colômbia que lhe chamaram “orquídea-crucifixo” pela forma trilobada do labelo. Para eles, era uma prova que os indígenas tinham de ser convertidos ao cristianismo, um sinal de Deus.

A cor da flor é muito variável, as mais comuns são as vermelho-sangue ou laranja, mas podem ser encontradas também em tons rosa, amarelo e branco. Existem também vários híbridos, de diversas cores e até com duas ou mais cores ou tonalidades, no entanto, tenho tentado plantar outras variações de cores no meu jardim e nenhuma é tão resistente ao frio como o Epidendrum radicans vermelho. Enquanto este último resiste ao frio e às geadas, ficando até com as folhas avermelhadas no inverno, outras cores são mais frágeis, deixam cair as flores e acabam por morrer se não as retiro para um lugar mais abrigado ou para o interior.

O cultivo

O tratamento desta orquídea é, como disse, muito básico. Necessita de regas semanais, no inverno menos regulares, e alguma fertilização, pelo menos uma vez por mês. Gosta de luz intensa e o sol direto não é um problema. Os exemplares que vi no Equador cresciam em lugares abertos, expostos à luz, muitas vezes à beira das estradas.

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