Revista Jardins

Como dividir orquídeas – parte 2

Só com plantas adultas se conseguem obter florações maiores

Com o passar dos anos, algumas orquídeas começam a ficar muito despidas. Os pseudobolbos à medida que envelhecem vão perdendo as suas folhas e, numa planta com alguma idade, deparamo-nos com vários pseudobolbos nus ou até acastanhados (acontece nos Cymbidium) que parecem estar adormecidos. Há até quem me pergunte se esses pseudobolbos mais velhos não devem ser cortados e deitados fora.

Quando dividir

Os pseudobolbos são órgãos que servem para armazenamento de água e alimento, digamos que são uma despensa à qual a planta pode recorrer, para sobreviver a um acidente ou a um período mais seco, por exemplo. Logo, nunca devemos descartar os pseudobolbos velhos, a não ser que fiquem moles, com riscos de apodrecer. Se tirarmos os pseubolbos velhos, mas saudáveis, é como deitar fora a nossa poupança-reforma que nos pode fazer falta mais tarde.

Mas se quisermos aproveitá-los para fazer uma divisão, podemos separá-los da planta principal, em grupos de pelo menos três pseudobolbos juntos e esses pseudobolbos que pareciam adormecidos, ao serem separados, irão produzir novos pseudobolbos, folhas e formar novas plantas. A isso se chama uma divisão com sucesso.

Muitas vezes, este método é utilizado para revigorar uma planta que, ao ser separada em vários grupos, é limpa e novamente plantada no mesmo vaso, com substrato novo. Após a divisão, a planta irá crescer com maior vigor e em “várias frentes”, esperando-se no futuro florações mais numerosas. A planta fica igual, com o mesmo número de pseudobolbos, mas estes estão em grupos separados. Se preferir várias plantas, basta plantá-los em vasos separados.

Como fazer

Para dividir uma planta, deve-se desenvasá-la e retirar o substrato velho. Cortam-se as raízes que possam estar secas ou apodrecidas e observa-se a planta antes de fazer os cortes necessários para planear onde e como vamos dividir a planta.

Uma planta grande pode ser dividida em várias desde que cada divisão não tenha menos de três pseudobolbos (ou três plantas). Com esse tamanho e com mais ou menos raízes, cada divisão tem mais oportunidades de se estabelecer no novo vaso, com novo substrato, e desenvolver-se formando uma nova planta e florir mais rapidamente. O tempo de floração após a divisão varia de género para género.

Passo a passo

1- Retirar planta do vaso

 2- Observar para decidir como fazer a divisão

3- Normalmente basta um só corte

4- E separam-se das duas plantas

5- Retira-se o substrato e limpam-se as raízes

6- Plantam-se em novos vasos

Que cuidados ter…

Desinfetar as tesouras antes de fazer os cortes quando se muda de uma planta para outra para evitar a transmissão de agentes patogénicos e contaminações. Ter atenção para não cortar demasiado as raízes porque, apesar de haver orquídeas que enraízam rapidamente, se já tiverem algumas raízes, é meio caminho para o sucesso. Nunca envasar num vaso demasiado grande, as orquídeas gostam de ter as raízes apertadas. Quando dividimos ou reenvasamos, devemos aplicar um fortificante para orquídeas nas regas no primeiro mês de modo a facilitar a adaptação da planta ao novo substrato.

As divisões devem ser pontuais e devemos deixar as plantas crescer e desenvolver-se. Quando dividimos muito ou muito frequentemente uma orquídea, estamos a pôr em risco tanto a própria planta como as florações. Por vezes, temos de esperar um ou mais anos depois de uma divisão para ver a planta voltar a florir.

E aquelas plantas grandes e com dezenas de hastes florais que nos deslumbram nas exposições nunca são de plantas jovens. São de plantas maduras, com alguns anos, e que são pouco mexidas; no máximo são colocadas em vasos gradualmente um pouco maiores sem que as raízes sejam incomodadas. Assim se obtêm bons exemplares. Posto isto, dividir ou não dividir, a opção é sua!

Fotos: José Santos

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