Revista Jardins

Do Brasil, uma riqueza botânica

Uma diversidade botânica ao serviço do ecossistema urbano.

FOTOGRAFIA: FRANCISCO SÁ DA BANDEIRA

Dos ciclos económicos do Brasil, de forma resumida, destaca-se primeiro o do pau-brasil, entre 1500 e 1530, a que se seguiu o da cana-de-açúcar, o do ouro, com auge no século XVIII, o do café, que atinge o momento mais alto no século XIX, e o da borracha, entre 1890 e 1920. Foi graças à exploração daqueles recursos que muitos imigrantes portugueses ali foram acolhidos. Quando se assinalam os 200 anos da independência do Brasil, é importante reconhecer o contributo botânico que muito enriquece as nossas cidades. Há, pois, que evidenciar as espécies botânicas oriundas do Brasil. Nesta edição destacamos três espécies arbóreas na cidade de Lisboa: árvore-do-Imperador, jacarandá e Ceiba speciosa.

JACARANDÁ

JACARANDA MIMOSIFOLIA D. DON

O jacarandá é uma árvore caducifólia com grande interesse ornamental. Com grande sucesso na arborização urbana, quer nos países de origem (Argentina, Bolívia e Brasil), quer noutros onde foi introduzida e se adaptou. Pode atingir uma altura até 15 metros, exibe flores de cor roxa muito aromáticas e dispostas em panículas, uma folhagem tipo “rendilhada” de cor verde e o seu fruto é uma cápsula. Distingue-se pela exuberante floração que antecede a folhagem. Produz boa madeira para marcenaria.

Em Lisboa, a árvore jacarandá é considerada uma das de excelência nos jardins e arruamentos, principalmente em maio e junho, com a sua floração roxa que encanta e perfuma a cidade.

ÁRVORE-DO-IMPERADOR

CHRYSOPHYLLUM IMPERIALE (LINDEN EX K.KOCH & FINTELM.) BENTH. & HOOK.F.

FOTOGRAFIA: PAULO FORTE

Espécie arbórea classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) na categoria de estatuto em perigo, enfrentando um risco de extinção na Natureza. É nativa da Mata Atlântica (do Rio de Janeiro até ao sudeste de Minas Gerais, Brasil) e existia
em abundância na época do Brasil colonial. Árvore de grande porte, esta espécie caracteriza-se por uma madeira muito dura, de grande beleza e pelos seus frutos saborosos, razão de ser muito apreciada pelo imperador D. Pedro I (1768-1834) e pelo seu filho, Pedro II (1825-1891), que a instituiu como “oferta imperial”, enviando espécimes para vários jardins botânicos do mundo, entre os quais o de Sydney, na Austrália, onde continua a ser conhecida por Royal Tree. No final de 1889, com o advento da República no Brasil, e dada a identificação tão chegada ao anterior regime, “caiu em desgraça”. A sua utilização na construção naval passou a ser intensiva, a sua presença em parques, jardins e ruas começou a desaparecer.

Esta espécie pertence à família da Sapotaceae, atinge uma altura de 12 a 25 metros. Considerada uma árvore de grande beleza, é dotada de folhas enormes (50-60 cm), de nervuras marcadas e borda serrilhada; a folhagem jovem é prateado-dourada. As flores são pequenas, e o seu fruto oval de cor amarela (5 x 2 cm) tem um sabor agradável, doce e suculento.

Um dos exemplares, existente em Lisboa, da árvore-do-imperador (Chrysophyllum imperiale) encontra-se no Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa e terá sido oferecido pelo imperador Pedro II ao seu grande amigo conde de Ficalho,
figura relevante da cultura portuguesa do século XIX e um dos principais impulsionadores da criação deste jardim. Pode também conhecer esta espécie no Jardim Botânico Tropical e no Jardim do Palácio Burnay.

PAINEIRA

CEIBA SPECIOSA (A.ST.-HIL.) RAVENNA

Originária da Argentina e do Brasil, esta árvore caduca, da família Malvaceae, pode atingir até 30 metros de altura. O género Ceiba foi anteriormente denominado Chorisia. Esta designação foi atribuída pelo naturalista Auguste de Saint-Hilaire, que viveu no Brasil de 1816 a 1822, em homenagem ao francês Louis Choris, o pintor oficial da primeira expedição científica russa. O termo speciosa significa bela, formosa e refere-se à sua exuberante floração.

A Ceiba speciosa caracteriza-se pela sua copa ampla e regular e pelas suas flores grandes e muito vistosas com cinco pétalas de cor rosa, branca a amarelada. A sua floração ocorre de setembro a outubro, quando está ainda praticamente desprovida de folhas. É, por isso, também apelidada de árvore-da-memória, uma vez que floresce na época correspondente à primavera do local de onde é originária.

É muito utilizada como planta ornamental em parques, jardins e como árvore de arruamento. Em Lisboa, podemos encontrar exemplares da Ceiba speciosa em diversos locais e jardins, como, por exemplo, o Parque Eduardo VII, o Jardim Botânico da Ajuda, o Jardim Botânico Tropical, o Jardim Botânico de Lisboa, o Jardim do Palácio de São Bento e o Largo das Necessidades. Na Praça da Alegria e no Jardim do Príncipe Real, localizam-se exemplares que se encontram classificados pelo Instituto de Conservação da Conservação da Natureza e das Florestas.

 

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