Revista Jardins

Flores para todos os dias

Conheça o projeto Flo, que nasceu com o objetivo de florir diariamente a casa dos portugueses de forma sustentável, original e criativa.

Não haverá nenhum leitor desta revista que não goste de flores: flores aromáticas, flores comestíveis, flores para as abelhas, flores para perfumes e óleos essenciais, flores para dar cor, forma, textura aos nossos jardins e às nossas hortas. Flores para alegrar os nossos dias. Uma horta sem flores é como uma casa sem janelas.

A importância das flores

As hortas precisam de cores, de aromas e de flores para atraírem mais polinizadores. Entristece-me sempre constatar que as escolhas de plantas nas hortas tradicionais portuguesas são verdes, apenas verdes. Bem sei que o verde também tem muitas tonalidades, o verde das couves, das alfaces, das ramas das batatas, das cenouras, das rúculas ou do alho-francês, com sorte, lá encontramos em algumas uns pés de girassóis a sombrear as hortícolas no verão. Mas sinto falta do cor de laranja dos cravo-túnicos e das calêndulas, do azul das borragens, do lilás das alfazemas e das facélias, do cor-de-rosa dos pelargónios e dos cosmos, dos amarelos das flores de funcho ou de endro.

Alguns de vós gostarão de ramos de flores em casa, outros nem por isso, mas poucos serão os que se questionam sobre o modo de produção das flores das jarras que adornam as nossas casas, igrejas, cemitérios, restaurantes (alguns pendem mais para o plástico), poucos se interrogarão de onde vêm as flores que compramos na florista da esquina. Há perguntas que evitamos fazer para não termos de carregar com o peso da consciência de sabermos a resposta certa. A produção de flores apoia-se no uso excessivo de adubos químicos, herbicidas e conservantes, não apenas em Portugal mas na Holanda e em muitos outros países; esse cultivo desconhece a palavra sustentabilidade, ecologia, cuidar e respeitar o solo, o ar e água.

Como nasceu o projeto Flo (Flower Life Oriented)

Mas eis que em Portugal começamos a dar passos em direção a um futuro que se quer livre de agrotóxicos: FLO (Flower Life Oriented). Por uma floricultura mais sustentável, esta pequena e muito recente empresa surgiu no “final do verão de 2020 com o objetivo de florir a casa dos portugueses, de forma sustentável e todos os dias”.

Uma marca com produtos originais, com flores secas, kits para semear e arranjos de flores frescas, cujo objetivo é que o consumidor conheça todo o processo de produção, contribuindo para a criação de uma economia circular, em que cada produto tem um propósito. Valorizar todo o ciclo de vida da flor. Para garantir uma floricultura verdadeiramente sustentável e local, têm a sua própria produção.

Produção de mais de 30 variedades de flores de forma sustentável

Em 2020, o Duarte e a Madalena começaram com uma produção de flores com cerca de 700 m2 e, em 2021, aventuraram-se para 5000 m2, num espaço em que se deseja levar a floricultura a outro nível, com práticas de regeneração do solo aliando o conceito de floricultura ao conceito de agrofloresta. Este ano plantaram mais de 400 árvores de cerca de dez variedades diferentes e mais de 30 variedades de flores. Procuraram espécies diferentes das flores que vemos em floristas, algumas espécies campestres, com o objetivo de proporcionar a sensação de uma viagem ao campo. “A cidade e o campo juntaram-se para florir o mundo.” É um dos slogans do seu site.

A Madalena conta que sempre foi uma apaixonada por flores e cresceu com o hábito da mãe de comprar regularmente flores lá para casa. “A FLO surgiu dessa vontade de florir de todas as formas a casa dos portugueses e de criar o costume e a vontade no consumidor de ter flores em casa, flores que sabemos terem sido produzidas respeitando o solo e com as melhores práticas de floricultura.” O Duarte, com 15 anos de experiência em agricultura biológica, sempre teve algum fascínio em perceber qual o papel das flores, quais os benefícios que podiam trazer à agricultura como auxiliares e polinizadores. Bem me lembro de há uns anos ficar deslumbrada com um campo de facélias e girassóis plantados pelo Duarte. Começou a fazer experiências, semeando cada vez mais variedades de flores e, quando a Madalena teve a ideia da marca, só podia fazer sentido com produção própria. Mostrar que a floricultura é possível de forma sustentável, biológica e sem saturar os solos.

FLO é o mais recente projeto da Quinta do Arneiro

Tenho acompanhado com interesse o desenrolar dos vários projetos e alguma colaboração na realização de passeios e workshops da Quinta do Arneiro, onde está inserido o projeto da Madalena e do Duarte, filho da Luísa Ferreira, criadora e dinamizadora desta quinta de agricultura biológica a 50 quilómetros da capital e que abastece com cabazes de produtos hortícolas sazonais muitas casas da Grande Lisboa. Este projeto pretende ir muito além do cultivo e comercialização de flores frescas e por isso está em curso toda uma linha de merchandise à volta das flores, dando-lhes uma segunda vida ou até uma vida eterna em forma de flores prensadas ou secas, por exemplo.

Com esse fim criaram uma prensa para que o cliente possa preservar as flores e criar peças de arte, sejam molduras, postais ou o que a nossa inspiração e criatividade quiserem. Com a intenção de perpetuar a primavera dentro da casa das pessoas e alegrar os seus dias, criaram ainda a flower showcase, um bonito objeto/suporte em madeira para dispor as flores secas em arranjos criativos. Têm também um kit de cultivo de flores que inclui sementes e vasos biodegradáveis numa elegante embalagem cartonada. Podem encontrar este simpático jovem casal em vários mercados de Lisboa ao fim de semana ou agendar uma visita ao local para melhor conhecerem este projeto cheio de cor e amor com muitas notas de primavera e de esperança num mundo livre de agrotóxicos.

https://weare-flo.com/pt-pt

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