Zundert, 2-4 Setembro
Holanda
Tal como no ano passado vim diretamente da Iberflora em Valência, para a GGP na Holanda, e não é só o clima e a paisagem que mudam, as variedades de plantas produzidas também.
Aqui estiveram presentes mais de 200 expositores com uma grande variedade de plantas. Nesta zona do país é muito comum os viveiros serem empresas familiares, pais, filhos, cunhados, genros, etc., e em grande parte das empresas todos trabalham com as “mãos na terra”. Tivemos ocasião de fazer uma visita a quatro produtores onde pudemos ver as plantações no terreno, demonstrações de como fazem as colheitas, um dia muito produtivo.
Viveiro Liwardi
Um viveiro com cerca de 20 hectares especializado na produção de plantas para sebes como: Prunus laurocerasus, Prunus lusitanica, Chamecyparissus, Cupressocyparissus, Taxus baccata, Thuya, Eleagnus, Ilex, Ligustrum, Osmanthus, Photinia.
Aqui pudemos passear num trator com atrelado ao longo da produção e ver como funcionam as máquinas de colheita (a que corta as raízes e a que corta o torrão).
A produção é feita no campo e as plantas são aí mantidas até ficarem fortes e grandes e são vendidas com 4-5 anos, plantas muito saudáveis e bem conformadas. Aí são colocadas em vasos de plástico, que estão a ser substituídos por cartão pois tem a vantagem de ser biodegradável e mais leve, o torrão é manualmente embrulhado em serapilheira pois é um acabamento de que os clientes gostam (principalmente os alemães).
Esta é uma produção em que todas as plantas têm coordenadas GPS, para quando as máquinas das colheitas são postas a funcionar saberem exatamente que plantas têm de colher e quando. Com estas máquinas a colheita total leva quatro dias a fazer.
Sustentabilidade
Hoje em dia fazem poucos tratamentos químicos, mas não se pode considerar uma produção biológica, embora o caminho no futuro seja esse.
No meio dos campos de produção são semeadas flores por causa dos polinizadores, o que ajuda a reduzir os inseticidas e também faz as pessoas mais felizes pois podem colher flores para levar para casa.
Viveiros Duchêne
Atravessámos a fronteira e fomos até à Bélgica, visitar os viveiros Duchêne, onde fomos recebidos pelo dono: Tim Duchêne, o proprietário que é arquiteto paisagista de formação e um verdadeiro defensor da produção em modo biológico.
Neste viveiro com 11 hectares, a filosofia é completamente diferente: produzir uma grande variedade de plantas em pequenas quantidades. Tim, tem uma verdadeira paixão por plantas e pensa que o mercado está saturado de algum tipo de plantas, por isso há que procurar novas plantas que possam ser interessantes e produzi-las, neste momento produz mais de 200 variedades diferentes.
Não são usados produtos químicos, o solo não é trabalhado, gosta de trabalhar com as mãos e sempre com a natureza e nunca contra ela. O solo é alimentado com micorrizas (bactérias que melhoram a estrutura do solo). A mistura de solo é feita por ele, um cocktail biológico com rocha vulcânica, aminoácidos e matéria orgânica.
Uma das técnicas mais importantes é deixar entre as linhas de produção faixas para as plantas silvestres se desenvolverem, ele próprio recolhe as sementes das plantas silvestres da zona e as ressemeia, é importante que sejam mesmo as da zona para estarem adaptadas ao clima e tipo de solo, que neste caso é arenoso e rico. Estas plantas ajudam na polinização e no controle dos insetos.
Algumas das plantas que são aqui produzidas: Ilex dragon lady (azevinho), Choysia ternata (laranjeira-do- México) de várias variedades, Osmanthus fragans (jasmim-do-imperador),: Cornus com florações de vários tons, Deutzia, Vitex agnus castus, a planta que atrai mais polinizadores, Cefalanthus occidentallis, etc.
Para além dele próprio e da mulher, tem um trabalhador fixo, e duas pessoas em part-time.
Para além do consumo interno, os principais clientes são a Alemanha, a Inglaterra e a Holanda.
Tim como é arquiteto paisagista tem também um jardim e uma piscina naturalizada desenhados por ele, que nos mostrou.
Viveiro Elst Bevers
Produzem muitos arbustos que vendem principalmente para Garden Centers, que pode ter a sua própria gama de vasos e etiquetagem personalizada. Têm produção no terreno, no exterior e em vaso nas estufas.
A colheita é mecânica e a produção dentro das estufas é feita em modo biológico, pois as pragas são controladas com lançamentos de insetos para combater outros insetos.
A equipa é constituída por 12 trabalhadores, são especialistas na produção de Prunus laurocerasus, com 13 variedades diferentes no mercado, destaco o Prunus laurocerasus “Mont Vernon” por ser uma versão de cobertura do solo e o Prunus laurocerasus “Otto Luyken” por ser um dos preferidos do mercado.
Usam um substrato especifico, feito especialmente para eles, já fizeram vários ensaios de substrato sem turfa, mas ainda não conseguiram um bom resultado.
About Plants
Um viveiro com oito hectares sendo cerca de três hectares de estufas, mais uma empresa familiar, que começou a sua produção de plantas há 20 anos, hoje a filha, o filho e o genro do seu fundador estão à frente da empresa tendo-a modernizado.
Têm uma excelente plataforma de encomendas e vendas, os clientes podem encomendar duas vezes por dia e eles entregam, sem qualquer problema. Para dar resposta à quantidade de encomendas começaram a comprar plantas a outros mais de 30 viveiros.
Todas as plantas são cultivadas em vasos, têm muitas variedades diferentes, que são cultivadas com um substrato feito à medida das suas necessidades.
Visita à Feira GGP
Na feira pude ver as plantas premiadas, gostei especialmente da Lavandula intermedia terseract “Sensational” e do Agapanthus africanus “Willy’s White”.
Também descobri que o proprietário desta empresa tem um viveiro de pinheiros de Natal na Bélgica e que todos os anos fornece as árvores para a Place Vendôme em Paris para a Grand Place em Bruxelas, para vários municípios de França e outros países da Europa, que estão dispostos a investir valores de cerca de 40.000 euros numa árvore de Natal. A empresa é especializada em árvores de Natal únicas, muitas delas compradas em jardins privados, tem um mercado mundial só para árvores únicas de tamanhos grandes, um negócio que nunca imaginei… mas que existe.
Banco de Urina de vaca
Aprendi que este é um excelente adubo foliar para as plantas, que pode ser um complemento ao adubo, o que ajuda a reduzir o uso de adubos de síntese. As plantas onde se usa o biofertilizante de urina de vaca ficam mais resistentes a pragas e doenças.
Na Holanda há um banco de urina com sede em Doetichem, tem as suas origens no setor de pecuária leiteira. Estes produtores consideram interessante que se possa utilizar a urina de vaca como substituto de fertilizante, o que pode ser uma mais valia para o setor de produção de plantas.
Ao fazer a recolha da urina da forma correta (com recurso a um recipiente próprio o CowToilet da Hanskamp) no celeiro, a urina é separada das fezes. Quando a urina não entra em contacto com o estrume da vaca, não ocorrem emissões de amoníaco no estábulo, o que faz com que a urina recolhida seja excelente para ser usada como fertilizante. Um recurso que estava a ser desperdiçado e que pode ser muito útil.
Produtores
Conheci o jovem Hendrikx, o produtor mais novo a expor na GGP, que começou aos 15 anos a produzir plantas em meio hectare e que e aos 21 já tem 10 hectares de produção, os pais já eram produtores e desde muito pequeno que tem esta paixão. Trabalha praticamente sozinho,
Aqui há uma grande diversidade de plantas, as coníferas são uma grande presença e para quem gosta de abetos, píceas, pinus há variedades de todas as formas, feitios, cores e tamanhos.
Também aqui as árvores de fruto talhadas em palmeta, mas de grande dimensão, são impressionantes, bem como e forma de grandes chapéus de sol, vindas de Itália onde são os grandes especialistas nesta arte, mas também alguns viveiristas alemães, holandeses e belgas têm uma grande oferta de arbustos e árvores em palmeta, nomeadamente Prunus, Laurus, Taxus e claro de todos estes arbustos talhados das mais variadas formas, bem como buxo, ligustro, rododendros, camélias, etc.
As magnólias de folha caduca são também uma das árvores mais produzidas, quer por viveiristas holandeses, quer pelos polacos que também têm uma presença cada vez maior nesta feira.
Também há uma grande variedade pequenos frutos, as bagas de todos os tipos, mirtilos, sabugueiros, arandos, uva-espim, framboesas, amoras, etc.
Gostei especialmente de um viveiro Belga especializado em Helleborus, pois têm uma enorme variedade destas plantas que eu adoro, pois no inverno têm florações extraordinárias conferindo cor aos jardins mesmo quando estes estão tristes no inverno.
As plantas acidófilas como as azáleas, rododendros, urzes, camélias e skimmias têm aqui uma forte presença e muitos produtores que são especializados na sua produção, que não só as produzem em muita quantidade como têm muitas variedades interessantes.
Outra das plantas que também é uma das favoritas e todos os anos há muitas variedades novas no mercado são as Budlejas, variedades, mais floridas, mais perfumadas, mais resistentes. O arbusto-das-borboletas é sem duvida uma das plantas favoritas dos produtores.
Há também alguns produtores a apostar em plantas herbáceas silvestres, e herbáceas amigas das abelhas e dos polinizadores como equináceas, verbenas, alfazemas, etc, plantas que são boa companhia para as hortícolas, fruteiras, aromáticas e para as plantas em geral.
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