Revista Jardins

Histórias de jardins: Miami

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Miami – Uma feliz combinação da arquitectura contemporânea com o verde da tropicalidade e o azul da água em ritmos latinos.

 

A convite de amigos americanos, regressei este ano a Miami e, surpresa, encontrei uma cidade dinâmica, com gente nova, moderna, alegre. As razões para isso residem na enorme atratividade das suas políticas fiscais, que fizeram com que Miami seja atualmente um hub financeiro com mais de 610 bancos e um segundo Silicon Valley com 33 mil tecnológicas dada a emigração crescente das IT da Califórnia.

A mudança psicológica e de formas de trabalho que a pandemia provocou e as brandas políticas de confinamento também ajudaram a que um quarto de milhão de pessoas migrassem de outros estados para Miami, estando a população atual em cerca de 750 mil, comparando com meio milhão em 2020.

Este boom reflete-se no que ao que aqui me traz que é falar de jardins. Miami, graças ao clima e a estas mudanças sociológicas, transformou-se numa cidade agradável para passear e para viver, limpa, arrumada, com largos espaços, muita planta, muito verde, muita árvore, a distraírem da água sempre presente.

 

 

Áreas novas como South Beach, o Design District e Wynwood permitem uma mudança radical do anterior conservadorismo da estética dos espaços. O Design District consiste em vários quarteirões de ruas pedonais, cheias de verdura, onde galerias de arte, restaurantes de imaginativa decoração contemporânea e lojas bonitas consistem num belíssimo pano fundo para quem se senta a almoçar nas esplanadas espaçosas e bem decoradas.

Wynwood também reflete esta nova onda, pois passou de uma zona da cidade infrequentável ao paraíso da street art, com quarteirões inteiros de empenas, muros e paredes expondo obras de arte dos artistas de rua mais famosos, onde impera o português Alexandre Farto, conhecido por Vhils.

O Pérez Art Museum Miami (PAMM) é outro ponto da cidade que atrai gente nova e movimento. Trata-se de um museu de arte contemporânea, desenhado pelo famoso atelier Herzog & Meuron e implantado num parque à beira-mar.

 

Fairchild Tropical Botanical Garden

 

 

Finalmente, depois desta irresistível deambulação menos habitual nestas páginas, vamos aos jardins, que, claro, não podia deixar de visitar.

O Fairchild é um dos mais famosos jardins tropicais do mundo, com 34 ha de área e mais de 23 mil plantas de cerca de 3400 espécies. Foi estabelecido, em 1936, por iniciativa de Robert Montgomery, que comprou o terreno da área de implantação do jardim que mais tarde doou ao county de Miami. A plantação inicial deu-se graças às viagens botânicas de David Fairchild que trouxe para os EUA mais de 75 mil espécies recolhidas do decurso de deambulações por vários continentes.

O desenho do Fairchild Tropical Botanical Garden obedeceu a três princípios: contraste, consistência e variedade. Destes três dei conta de mais consistência que variedade ou contraste e, se calhar por isso, macei-me na visita ao jardim. Talvez por muitas das plantas nos serem familiares, a verdade é que encontro um pouco monótona a paisagem das palmeiras, Cycas, bromeliáceas e bambus (125 espécies). Apenas as orquídeas, que são plantas epífitas, dão um ar de sua graça penduradas nas árvores, emprestando aqui e ali um pouco de cor.

Uma estufa com borboletas faz o encanto das crianças americanas e constitui uma das principais atrações do jardim.

 

 

O design do jardim é suavizado pelos 14 lagos onde se pode descansar do percurso em numerosos bancos estrategicamente colocados. Os caminhos são impecáveis e suficientemente largos para permitirem a passagem de buggies abertos para os visitantes que não querem andar. As plantas estão todas devidamente etiquetadas, não se vê desarrumação, folhas secas ou árvores a fenecerem. O preço dos bilhetes $24.95 (uns 23€ que me fizeram rir) assim o exige.

O mais importante de tudo é que o Fairchild não é apenas um jardim botânico; é também um centro de investigação e oferece programas educativos a cerca de 150 mil estudantes da área de Miami-Dade. Há igualmente programas educativos para adultos com mais de 3000 estudantes anualmente e conta com 500 voluntários para a manutenção e visitas guiadas ao jardim.

 

Enfim, um projeto bem “à americana”, bem gerido, bem pensado, bem estruturado, bem de acordo com tudo aquilo que penso dos States. Nesse dia à noite, fui dançar salsa para Little Havana, no caótico Ball & Chain, onde me senti latinamente casa.

 

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