Revista Jardins

Inauguração do Centro de Arte Moderna e jardim da Gulbenkian

Inauguração CAM e jardim sul da Gulbenkian

 

O Centro de Arte Moderna (CAM) e o novo jardim da Fundação Calouste Gulbenkian foram inaugurados no dia 20 de setembro, após quatro anos de obras.

A cerimónia ficou marcada pelo anúncio do Presidente da República que irá condecorar a Fundação com a Ordem de Cristo pelo seu “muito relevante interesse público”, expressando a gratidão de Portugal e dos portugueses a esta instituição e, sobretudo, ao seu fundador – Calouste Sarkis Gulbenkian. Marcelo Rebelo de Sousa refere que “a Ordem de Cristo está reservada para quem exerce funções públicas ou de muito relevante interesse público”, constatando ser esse o caso da Fundação Calouste Gulbenkian. A condecoração não foi, contudo, entregue no próprio dia por ser dia de luto nacional pelas vítimas dos incêndios que assolaram o país nos últimos dias.

O espaço abre ao público no dia 21, sábado, com entrada livre e um programa festivo que irá durar todo o fim de semana.

 

Edifício

 

 

Engawa é um elemento da arquitetura tradicional japonesa que pretende estabelecer uma interação entre o interior e o exterior. Este conceito inspirou o projeto de renovação do CAM e do próprio jardim envolvente, estabelecendo a premissa de que o edifício, o jardim e a cidade deviam estar em estreita ligação. Edifício e jardim interagem através das amplas janelas, das linhas orgânicas e através da icónica pala que caracteriza o edifício e que materializa o conceito por ser efetivamente o espaço de transição entre o interior e o exterior.

 

 

Kengo Kuma, autor do projeto, afirma que “Criámos uma fusão perfeita, onde a arquitetura e o jardim dialogam em harmonia. Inspirados pela essência do Engawa, abrimos uma nova relação com o exterior, convidando os visitantes a abrandar e a fazer deste espaço o seu próprio espaço. A ideia de suavidade e transição estende-se ao interior do CAM, onde desenhámos novos espaços, replicando a ligação do edifício ao jardim e à luz exterior.”

O novo espaço viu aumentar cerca de 1000m2 as áreas de exposição, tornar o lado sul transparente e ganhou uma pala orgânica, com 100m de comprimento e uma cobertura de 3274 telhas de cerâmica brancas, que contribui para melhorar a eficiência térmica do edifício.

Recorde-se que o edifício original tinha sido projetado pelo arquiteto Leslie Martin.

 

 

Jardim

 

Ao antigo jardim modernista desenhado por Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto na década de 60, juntaram-se dois hectares. O projeto para esta nova parcela foi desenvolvido pelo arquiteto paisagista libanês Vladimir Djurovic, num projeto que respeitou o conceito do jardim anterior, numa reinterpretação que foi simultaneamente ao encontro do conceito estabelecido por Kengo Kuma.

 

 

Apesar do traçado distinto do Jardim Sul, são frequentes os paralelismos com o jardim de Telles e Viana Barreto. São criadas orlas ou matas de vegetação mais densa nas periferias para servir de barreira ao exterior e criar um oásis urbano, brinca-se com o efeito de mata e de clareira num jogo de luz e sombra, são preservadas as árvores existentes em bom estado e é dada primazia à vegetação autóctone, é notória a tentativa de criar um refúgio urbano para a fauna, é criada uma zona central ampla dominada pela presença de um espelho de água para onde confluem as águas pluviais, são criados caminhos que permitem deambular pelo espaço num jogo entre mostrar elementos ou ser surpreendidos à chegada, são criadas bolsas intimistas ao longo dos percursos e, por fim, é estabelecido com o edifício uma estreita relação física e visual de continuidade.

 

 

A abertura à cidade faz-se junto à nova entrada criada a Sul na Rua Marquês de Fronteira. A muralha que ali se erguia foi demolida e as pedras foram aproveitadas para criar um pequeno muro com bancos para os transeuntes. A barreira visual desapareceu e as pessoas são convidadas a entrar. Ali vêem-se manchas de vegetação que são vestígios do que se irá encontrar no interior. Esta é a zona de receção, transição e ligação.

Djurovic, em sintonia com Kuma, conseguiu construir como ensinava Ribeiro Telles: “procurando harmonizar os interesses do Homem com a Natureza porque ele é, ao mesmo tempo, senhor e escravo dela”.

 

 

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