Revista Jardins

Jardins botânicos

Coleções vivas, bancos de sementes e herbários como contributo para assegurar a sustentabilidade e a preservação de espécies.

O início do século XXI acelera esta preocupação da sustentabilidade com a preservação do ecossistema urbano, o restauro e conservação de habitats, o incremento da biodiversidade, o sequestro do carbono e a mitigação das alterações climáticas, onde os Jardins Botânicos desempenham um papel basilar na educação, na investigação e no exemplo de práticas de sustentabilidade para a comunidade.

O conceito de Jardim Botânico evoluiu, ao longo dos últimos anos. Se em 1963 a Associação Internacional de Jardins Botânicos, definia-os “como espaços abertos ao público com plantas identificadas”, já em 1999, Peter Wyse Jackson refere-se a“instituições detentoras de coleções de plantas vivas, para propósitos de investigação científica, conservação, exibição e educação”.

Com a premência de garantir as medidas que conduzem à sustentabilidade e tornar as cidades mais resilientes, face às alterações climáticas e à perda de biodiversidade, é importante o conhecimento que os jardins botânicos acumularam ao longo de muitas décadas no que diz respeito à conservação ex-situ de determinadas espécies ameaçadas e nativas. Se por um lado temos importantes coleções botânicas ao serviço da investigação e da educação, por outro lado contamos com décadas de conhecimento adquirido, fruto da experiência prática, em tudo o que diz respeito à propagação e cultivo de plantas (Cavender, 2019a). É, pois, no âmbito deste conceito que uma das missões cruciais dos jardins botânicos também incide na preservação e desenvolvimento de bancos de sementes e de herbários.

Os objetivos dos jardins botânicos têm vindo ser desenvolvidos a três níveis:

(1) a nível internacional, contribuindo para a educação sobre biodiversidade, para a conservação ex situ de espécies endémicas e raras, aumentando as espécies conservadas em banco de sementes ou em coleção viva, assim como participar em programas de conservação in situ de espécies ameaçadas no seu habitat natural;

(2) a nível nacional, preservando e mantendo o carácter histórico e botânico do jardim. Incluindo a promoção de realização de atividades educativas, culturais e lúdicas para o público em geral;

(3) e a nível local, oferecendo atividades e visitas temáticas para grupos de estudantes e, no plano académico, servindo de local de ensino e investigação para conservação de espécies ameaçadas, bem como de práticas sustentáveis na manutenção dos jardins.

HERBÁRIO

Um herbário permite preservar a biodiversidade vegetal. É uma coleção organizada de plantas secas, onde se regista a seguinte informação: local de recolha, data, coletores e as características de habitat. Constituem um legado material da biodiversidade vegetal existente. O herbário, como coleção de história natural, tem constituído uma base para a atividade científica no domínio da botânica.

BANCO DE SEMENTES

Os bancos de sementes asseguram a conservação ex situ da diversidade genética e biológica. Além da conservação das sementes, é importante saber colher, limpar e conservar as sementes. O requisito desta conservação de sementes, fora do seu habitat natural, exige que as condições de armazenamento sejam controladas quanto à humidade e temperatura, assegurando que as sementes sejam viáveis durante muitos anos. A existência desta estrutura possibilita a troca de sementes entre os vários jardins botânicos através de uma lista denominada Index seminum.

Referências:

Cavender, N., & Donnelly, G. (2019a). Intersecting urban forestry and botanical gardens to address big challenges for healthier trees, people, and cities. Plants, People, Planet, 1(4), 315-322. https://doi.org/10.1002/ppp3.38

Lashley, J. (2012). Solving urban conservation issues through botanic garden functions. All Theses. 1308. https://tigerprints.clemson.edu/all_theses/1308

Pinho, P. et al.(2016). Evaluating green infrastructure in urban environments using a multi-taxa and functional diversity approach. Environmental Research, 147, 601–610. https://doi.org/10.1016/j.envres.2015.12.025

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