A posição geográfica no oceano Atlântico e a orografia montanhosa conferem à ilha da Madeira uma espantosa amenidade climática que se reflete na beleza dos seus jardins.
A cidade do Funchal encontra-se numa espécie de anfiteatro natural que se estende do mar à montanha atravessada por ribeiras e detém um singular conjunto de quintas e jardins históricos de grande beleza – pela sua localização, composição, diversidade botânica e panorâmicas. Há a referir o património de jardins públicos históricos, nomeadamente o jardim municipal de S. Francisco, o jardim do Hospício Princesa D. Amélia e o parque modernista de Santa Catarina, numa localização privilegiada. No centro histórico da cidade, destacam-se ainda três destinos com um encanto particular e que foram quintas particulares hoje acessíveis ao público: a Quinta da Cruzes, a Quinta Vigia e a Quinta da Magnólia. A Quinta do Palheiro Ferreira é detentora de um dos espaços mais notáveis da arte dos jardins na ilha, a par com o Jardim Botânico localizado na antiga Quinta do Bom Sucesso. Bela Vista, Casa Branca, Jardins do Lago são outra quintas antigas, hoje com as suas unidades hoteleiras, que, a par com o emblemático Hotel Reid, oferecem jardins únicos e particularmente bem cuidados.
Jardim do Belmond Reid’s Palace Hotel
Situado na Estrada Monumental, a cerca de três quilómetros do centro do Funchal, está implantado na arriba do Salto do Cavalo, num promontório com vista panorâmica. O escocês William Reid chegou à ilha da Madeira com 14 anos, em 1836, e enriqueceu com o comércio do vinho da Madeira. Em 1881, William Reid, depois de adquirir a Quinta do Bom Sucesso, atual Jardim Botânico da Madeira, passou a residir lá. Imbuído do espírito da Belle Époque, William Reid idealizou o Reid’s Palace Hotel, iniciado em 1886 e inaugurado em 1891, pouco tempo após a sua morte precoce. A família Reid encomendou o projeto do hotel ao arquiteto e egiptologista inglês George Somers Clarke. Este hotel tinha uma orientação para o turismo terapêutico, uma vez que, no século XIX, o clima subtropical da ilha da Madeira foi considerado o melhor do mundo para a cura da tuberculose.
Os filhos de William Reid, William e Alfred Reid, deram continuidade ao projeto do hotel, que permaneceu na propriedade da família até 1925, altura em que o venderam a uma empresa inglesa. Em 1937, a família Blandy, adquiriu o Reid’s, que permaneceu na sua posse até 1996, ano em que foi vendido ao Orient Express Hotels Group, atualmente cadeia Belmond. Ao longo da sua história, o hotel recebeu várias personalidades, como Winston Churchill que ficou aqui ficou hospedado em 1949, para recuperar de saúde, e onde pintou e escreveu as suas memórias.
A área da propriedade é de três hectares, 1,74 hectares dos quais são jardins distribuídos por um conjunto de patamares e terraços, percorridos por um caminho e unidos por lances de escadas, numa sucessão de miradouros sobre o Funchal, a Madeira e o oceano Atlântico. A riqueza florística deste jardim é excecional, com mais de 500 espécies em que se destacam a palmeira-das-canárias, o jacarandá, a pata-de-elefante, a coralina, a dombeia, a acácia-rubra, a scótia, a araucária, entre outras. Também se podem observar árvores da flora madeirense, como os dragoeiros e os zambujeiros. Na parte de trás do hotel, existe uma área ampla em dois níveis, suportada por muretes de pedra basáltica e pontuada por palmeiras e araucárias, com áreas de lazer. Numa cota inferior, numa vasta plataforma encontram-se duas piscinas destinadas e pode-se aceder à piscina marítima. Os canteiros dos lados do caminho estão acompanhados de pequenos muretes constituindo verdadeiros mixed borders, preenchidos por uma diversidade de plantas onde se destacam as suculentas, as Bromeliáceas e as Aráceas. A rede de caminhos do jardim, por vezes, está coberta por latadas com trepadeiras de florações exuberantes, como a vinha-de-jade.
Jardim Botânico da Madeira/Quinta do Bom Sucesso
A cerca de três quilómetros do centro da cidade do Funchal, encontra-se o magnífico Jardim Botânico da Madeira. Está instalado na Quinta do Bom Sucesso, que pertenceu à família Reid, que se desenvolve numa encosta com cerca de 150 metros de desnível e está organizado em vários patamares sustentados por muros. A coleção botânica possui cerca de 2500 espécies com origem de diversas regiões do globo. Estão distribuídas segundo a sua família, distribuição geográfica e utilidade, e estão identificadas com placas com a indicação do nome científico, nome comum, família e local de origem. As coleções principais incluem as espécies endémicas da Madeira, o arboreto, as plantas suculentas, os jardins coreografados, as plantas agroindustriais, as plantas aromáticas e medicinais, as palmeiras e Cicadáceas.
A Quinta do Bom Sucesso, também chamada Quinta da Paz ou Quinta Reid, foi criada, em 1881, pelo escocês William Reid, o mentor do famoso hotel Reid’s Palace no Funchal, inaugurado em 1891 e hoje pertencente ao grupo Belmonte. A família Reid permaneceu nesta quinta até 1936. Em 1960, foi tomada a decisão de aqui se instalar o Jardim Botânico. A casa da antiga quinta alberga atualmente o Museu de História Natural, o Herbário e ainda o Laboratório de Investigação em Biodiversidade e Conservação Macaronésica. É um dos jardins mais bonitos da Madeira e a sua localização proporciona panorâmicas inesquecíveis sobre o Funchal, o mar e partes da ilha.
Jardim Municipal de São Francisco
Trata-se de um pequeno jardim num terreno de uma inclinação suave, construído nos terrenos do antigo Convento de São Francisco (século XVI). O convento − entretanto demolido − passou para a posse da câmara municipal em 1844 e, em 1878, foi decidida a construção de um jardim municipal. As obras do jardim iniciaram-se por volta de 1880, tendo as plantas vindo de Paris e do Porto.
O jardim hoje apresenta um coberto arbóreo-arbustivo notável, de grande porte e exuberante floração, e um diverso património de plantas anuais de colorido diverso que revestem o solo. Os seus caminhos de seixo rolado percorrem o espaço que, apesar da sua pequena dimensão, não deixa de ter um carácter intimista conduzindo ao pequeno café, ao anfiteatro de ar livre ou ao lago. O lado sul do jardim acompanha a emblemática Avenida Arriaga, que vai da Sé à Rotunda do Infante, com os seus passeios calcetados e em que os jacarandás marcam presença pela sua dimensão, pelas suas copas e pela sua floração.
Jardins do Palheiro Ferreiro/Jardins Blandy
É das quintas mais notáveis e mais visitadas da Madeira. Mantém a sua função residencial, mas está adaptada à hotelaria e ao turismo, integrando ainda o empreendimento turístico Palheiro Village e as estufas da Florialis, dedicada à produção, comércio e exportação de flores de corte.
A quinta foi iniciada, em 1804, pelo 1.º conde de Carvalhal, homem com vasto património, a partir de um pavilhão de caça e, mais tarde, foram feitas várias plantações e construída a chamada Casa Velha, onde hoje se encontra o hotel. Em 1885, John Burden Blandy − representante da 3.ª geração dos Blandy na Madeira – adquiriu-a e, em 1889, foi construída uma nova casa de gosto vitoriano. A partir de então registou-se uma grande expansão dos jardins. Mildred Blandy – mãe de Adam Blandy, o atual proprietário e representante da 6.ª geração dos Blandy na Madeira – era uma grande apaixonada por horticultura e, ao longo de mais de 50 anos, supervisionou o desenvolvimento dos jardins. Este trabalho tem sido dedicadamente continuado por Christina Blandy criando novos jardins e diversificando a coleção botânica. Uma visita aos jardins do Palheiro Ferreiro oferece um percurso por uma sucessão de jardins, o contacto com uma variedade de plantas originárias da Madeira e de muitas partes do mundo e uma sucessão de panorâmicas quer sobre os jardins quer ao longe, em direção ao mar.
Parque de Santa Catarina
Tem uma localização excecional, a poente do centro histórico do Funchal e com amplas panorâmicas. Estende-se por uma acentuada encosta, limitada a sul pela falésia sobre o mar. Inicialmente previsto para uma área significativamente maior ocupando várias quintas e o cemitério, o parque público foi sendo alvo de projetos sucessivos, mas acabou por ser implementado em cerca de um terço da área inicial.
A poente, confronta com a Quinta Vigia, sede do Governo Regional da Madeira e, a norte, com o jardim do Hospício da Princesa Maria Amélia com o seu notável património arbóreo. No extremo nascente, encontra-se a Capela de Santa Catarina, que dá o nome ao parque e foi aqui construída em 1425, datando a atual construção dos finais do século XVII. Para poente do adro da capela, estende-se uma ampla clareira relvada, ladeada por uma expressiva orla arborizada percorrida por caminhos que conduzem ao ponto mais alto onde se localiza um grande lago envolto em vegetação e na proximidade de uma zona de jogos e estada ensombrada pelo arvoredo. Trata-se de um projeto de finais da década de 1950, da autoria do arquiteto paisagista António Viana Barreto, bem ao gosto modernista, e que tem ao longo dos seus 70 anos mantido de forma notável o seu traçado e carácter.
Parque Municipal do Monte
A cerca de quatro quilómetros do centro do Funchal, envolve a Igreja de Nossa Senhora do Monte, construída no século XVIII sobre os alicerces da primitiva ermida do século XV. Numa capela lateral, encontra-se o túmulo de Carlos de Habsburgo, o último imperador da Áustria, que morreu em 1922, exilado na Madeira.
Trata-se de um parque público construído numa encosta acidentada e densamente arborizada, percorrido por caminhos serpenteantes. Acede-se ao parque através do Largo da Fonte, com plátanos centenários e atravessado pela ribeira de Santa Maria. O parque desenvolve-se em socalcos entre o Largo da Fonte e o adro da igreja, que é um miradouro sobre o Funchal e o oceano. Já fora do perímetro do parque, encontra-se a casa dos Carreiros, de onde se inicia o percurso de descida de dois quilómetros dos carros de cesto, desde o monte até ao Funchal. Também na sua envolvente se encontram outros jardins notáveis da Madeira, nomeadamente o Jardim Monte Palace Madeira e a Quinta do Imperador.
Quinta da Bela Vista
Situa-se a cerca de três quilómetros do centro do Funchal, um pouco acima dos 200 metros, no chamado Caminho Avista Navios, local privilegiado devido à vista panorâmica. A quinta foi construída, em 1844, pela família Eça de Almeida. Em 1979, foi adquirida por Roberto de Ornelas Monteiro, que posteriormente a expandiu e, em 1989, passou a funcionar como estalagem. Hoje, atrás da casa, foi contruído um hotel. Os jardins persistem na frente da casa e lateralmente a esta, onde se integra uma piscina.
A casa, orientada a nascente, tem inscrita a data de 1844 junto à soleira da porta. Na sua frente, estende-se um relvado enquadrado por árvores de grande porte como o til, o carvalho-roble, a magnólia, a sumaúma, o jacarandá, a tipuana ou a canforeira. Uma casinha de prazer, no remate do jardim é lugar de eleição para a observação da baía e do Funchal até à Ponta do Garajau. À direita da casa, numa cota inferior, localiza-se a atual piscina rematada por um terraço panorâmico.
Quinta da Casa Branca
A história desta quinta está ligada à família britânica Leacock, com intensa atividade no comércio do açúcar e do vinho da Madeira desde o século XVIII. Inicialmente com 6,6 hectares, possuía uma área de exploração agrícola onde inicialmente se cultivou a vinha e depois a banana. Na década de 40 do século XX, Edmund Erskine Leacock encomendou ao arquiteto Leonardo de Castro Freire o projeto da casa principal da quinta e ao arquiteto paisagista Evelyn Cowell o projeto dos jardins da quinta, tendo a construção sido iniciada em 1947. Nos anos 80-90 do século XX, a propriedade foi dividida em duas frações, continuando a fração localizada na zona norte, incluindo a casa principal, a designar-se por Quinta da Casa Branca e inaugurada como unidade hoteleira em 1998. Na fração da zona sul, foi construído o Hotel Pestana Village. A casa principal funciona como hotel desde 2015, que integra a rede internacional de Small Luxury Hotels of the World. A receção da estalagem localiza-se no ponto mais alto da propriedade e é acompanhada por uma área arborizada constituída por espécies de árvores tropicais e subtropicais. O acesso à casa principal, hoje um hotel, e aos seus jardins é feito através dos novos jardins construídos num terreno inclinado, plantado com uma profusão de espécies, constituindo uma ampla clareira pontuada pela presença de árvores. Um caminho em seixo rolado atravessa os jardins e, num nível inferior, encontra-se uma piscina. A poente da casa, existem ainda campos de bananeira e espécies fruteiras tropicais. De entre as espécies com porte mais notável são de destacar a araucária (Araucaria heterophylla), a figueira-da-índia (Ficus benjamina), o pinheiro-de-damara (Agathis robusta), a palmeira-de-leque-da-califórnia (Washingtonia filifera), a palmeira-de-leque-mexicana (Washingtonia robusta) e o til (Ocotea foetens) da Laurissilva, o remanescente do coberto florestal primitivo da Madeira
Quinta das Cruzes
É uma das quintas madeirenses mais antigas e representativas da ilha. A sua história cruza-se com a da cidade do Funchal. Foi a última residência de João Gonçalves Zarco (c. 1390-1471), navegador e cavaleiro fidalgo da Casa do Infante D. Henrique, 1.º capitão donatário do Funchal, descobridor da ilha da Madeira, com Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo. Fica na freguesia de São Pedro do Funchal, no núcleo histórico da Calçada do Pico, entre o Convento de Santa Clara, do século XVI, e a fortaleza de São João Baptista do Pico, do século XVII. Foi tendo diversos proprietários até ser adquirida, em 1946, pelo Estado, que aqui instalou o Museu da Quinta das Cruzes, dedicado às artes decorativas e à história da Madeira.
Atravessa-se o pátio em direção ao museu. Um arco dá acesso ao jardim organizado em grandes canteiros que detêm algumas árvores monumentais, como um dragoeiro e uma azinheira, além de muitas outras espécies. Existem tanques e fontes, escadas, capela, casinhas de prazer, pintura mural e vários objetos arqueológicos… Tudo contribui para um ambiente antigo e intimista. Recentemente, foi instalada uma pequena cafetaria com esplanada sobre o Miradouro das Cruzes.
Quinta de Santo António
Está implantada a uma cota de 320 metros de altitude. Segue a estrutura tradicional da quinta madeirense: casa, jardim, área agrícola e/ou mata. Será uma das mais antigas propriedades da Madeira, datando do século XV, e encontra-se na posse da mesma família, descendente de Bartolomeu Perestrelo (c. 1395-c.1458) navegador e 1.º capitão da ilha de Porto Santo. Trata-se de uma pequena quinta com raízes muito antigas e que oferece um ambiente luminoso e de charme!
Quinta dos Jardins do Lago
Fica em São Pedro, a cerca de um quilómetro e meio do centro do Funchal. Desenvolve-se num pequeno planalto com exposição predominante a sul e vista para a baía do Funchal. O sítio é conhecido por Achada, que na Madeira significa pequeno planalto, sendo por isso o nome original Quinta da Achada. No século XVIII, a Quinta da Achada foi criada por uma família madeirense com a construção da casa inicial, que mais tarde foi ampliada. Entre 1750 e 1770, esta quinta pertenceu à firma Lamar, Hill Bisset & Co, a maior exportadora de vinho da Madeira da época. Os atuais proprietários descendem de Sylvie Eliane Gabrielle Vinard, que se casou com John Reeder Blandy. A família Blandy habitou a quinta entre 1959 e 1997.
A coleção de plantas é muito diversa, com árvores centenárias, como é o caso da magnólia, perto da varanda da casa, sendo notáveis as canforeiras, os pinheiros-das-canárias, a araucária-de-bidwill, os carvalhos, as mangueiras e mais de uma dezena de espécies de palmeiras. Em 2000, a quinta foi convertida num hotel, com a designação de Quinta Jardins do Lago. Nesse período foi introduzida uma coleção de cicas, palmeiras e bromélias. A quinta tem uma área de dois hectares, dos quais 1,4 é uma sucessão de jardins. O hotel tem entrada a partir da rua e antecede a antiga casa da quinta à qual está ligado. A casa tem dois pisos, fachada com grandes janelas e portas servidas por um caminho a todo o comprimento da casa e, a seguir, surgem uma zona de estada, dois terraços relvados, ligados por escadas e enquadrados por árvores de grande porte como a bauínia, palmeiras, dragoeiro, carvalho, entre outras. Os jardins envolvem a casa a sul e a nascente e o arboreto a poente com uma monumental canforeira, bambus, fetos e palmeiras, e estão estruturados por dois eixos principais perpendiculares. O primeiro tem orientação poente-nascente, passa em frente da casa e prolonga-se até ao jardim do lago – este tem a forma da ilha da Madeira –, constitui um miradouro com vista panorâmica sobre a ilha e serve a piscina e os novos jardins a nascente da casa. O segundo eixo corre perpendicularmente ao primeiro, acompanhando a fachada nascente da casa onde se encontra uma zona de estada em cujo pavimento estão inscritas as datas de 1750, 1836, 1881, 1958 e 2000. Existem latadas revestidas por trepadeiras com florações exuberantes, como a trepadeira-de-jade, a tunbérgia, a glicínia, a estrela-azul e as gaitinhas.
Quinta Vigia
Fica no centro histórico do Funchal, com uma localização elevada em relação ao porto e vista panorâmica sobre a cidade e a sua baía até à Ponta do Garajau. Os seus muros confinam, a poente, com os jardins do Hotel Pestana Carlton Park e, a nascente, com o Parque de Santa Catarina. A sua origem remonta ao século XVII. Era nessa altura denominada Quinta das Angústias, devido à presença da capela dedicada a Nossa Senhora das Angústias e Alma. O mirante da quinta, conhecido como mirante de D. Guiomar, funcionava como posto de vigia para controlo das entradas e saídas dos navios de exportação do comércio dos vinhos da Madeira. D. Guiomar aqui faleceu em 1789, tendo o seu sobrinho Cor. Luís Vicente de Carvalhal Esmeraldo sido herdeiro. Neste período, a quinta foi arrendada à família do cônsul francês Nicolau de La Tuellièrie (c. 1750-1820), que fez obras relevantes na propriedade. A quinta teve inúmeros proprietários ao longo da sua história, tendo estado ainda na posse das famílias do conde de Carvalhal e Blandy e acolheu como visitante inúmeras figuras distintas. O príncipe Maximiliano, duque de Leuchtenberg, genro do czar russo Nicolau I, habitou esta quinta em 1849, em busca de cura para a sua doença pulmonar. D. Amélia de Leuchtenberg de Bragança, imperatriz-viúva do Brasil, instalou-se, em 1852, na Quinta das Angústias, na companhia da princesa D. Maria Amélia, a filha mais nova do rei D. Pedro IV, que sofria de tuberculose e morreu em 1853. Em 1863, a quinta foi adquirida pelo conde Alexandre Charles de Lambert e passou a ser designada por Quinta Lambert. Durante o século XIX, outras personalidades de relevo habitaram na quinta, como a rainha viúva Adelaide de Inglaterra (1792-1849) e a imperatriz Isabel de Áustria (1837-1898).
Parte desta quinta foi desanexada na década de 70 do século XX para a construção do casino e do Hotel Pestana Casino Park. O Governo Regional da Madeira comprou a quinta em 1979, tendo até 1981 sido a sede do Conservatório de Música da Madeira. Desde 1984 é a residência oficial do presidente do Governo Regional. Acede-se à quinta através do portão localizado na Avenida do Infante; do lado direito, fica a capela e o palácio. No centro do jardim, existe um grande número de canteiros, um riacho, um lago, fontes, pérgulas com trepadeiras, gaiola com aves exóticas, latadas com trepadeiras, e uma grande coleção de plantas herbáceas e subarbustivas. Existem árvores com porte monumental como é o caso do barbusano e dos tis da flora macaronésica, do núcleo de figueiras-da-índia e das araucárias. No limite sul da quinta, junto da muralha, localiza-se o mirante D. Guiomar, enquadrado por duas “casinhas de prazer”, um posto de vigia que dá o nome atual da quinta, com uma vista panorâmica sobre a baía do Funchal.