Revista Jardins

Jardins de Portugal: Rota do Grande Porto

A Área Metropolitana do Porto abrange uma faixa territorial que se estende ao longo de 50 km de costa, desde as planuras da Póvoa de Varzim até Espinho.

A norte do rio Douro dominam os relevos pouco acentuados e as terras baixas e férteis das bacias dos rios Ave e Leça, que acolhem mosteiros de fundação medieval, com extensas terras de couto e cercas, algumas das quais de grande interesse paisagístico e ainda hoje conservadas ou transformadas em quintas de recreio privadas. A grande fertilidade e a amenidade do clima permitiram também o florescimento de numerosas quintas, algumas com ordenamento de Nicolau Nasoni ou influenciadas pelo seu estilo. A bacia do rio Douro domina os territórios a nascente e a sul, onde mosteiros de grande expressão territorial e notáveis cercas foram implantados, a par com quintas assentes na meia encosta ou ao longo do rio Douro e dos vales dos seus afluentes. A área urbana do Porto assume um papel particular neste território. Os jardins privados da burguesia industrial e as inúmeras praças e jardins públicos oitocentistas, a par com os jardins das velhas casas, são estruturas determinantes para o carácter da cidade.

Calvário de Arouca

Localiza-se a norte do centro da vila, sobre um maciço granítico irregular a cerca de 320 metros de altitude, sobranceiro ao vale do rio Arda e a sensivelmente 550 metros de distância do Mosteiro de Santa Maria de Arouca.

Foi mandado construir, no século XVII, pela Confraria do Senhor dos Passos. Classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1948, é composto por um conjunto maneirista de seis cruzeiros dispostos em “T”, um singular púlpito de forma cilíndrica e um nicho encimado por cruz, estando o cruzeiro central datado de 1627 e o púlpito de 1643. 

O conjunto era completado por sete outros cruzeiros, de desenho semelhante, compondo uma Via Sacra desde o Mosteiro de Santa Maria até ao calvário, dos quais sobrevivem quatro. 

Desde os pontos mais altos deste conjunto monumental, obtém-se um belíssimo panorama sobre o vale do Arda.

Cerca e Claustro do Mosteiro de Arouca/Parque Municipal de Arouca

Este mosteiro é Monumento Nacional desde 1910, a sua cerca de clausura e o parque municipal localizam-se no centro de Arouca, ocupando uma área de 5,5 hectares. 

Fundado no século X, acolhe desde 1933, o Museu Regional de Arte Sacra. O parque, construído na década de 1970, ocupa a cerca do antigo hospital, a poente do mosteiro.

A cerca inacessível ao público, murada e atravessada pela ribeira de Silvares, continha campos agrícolas, ramadas, uma horta de plantas aromáticas e medicinais, um pomar e uma mata. O claustro exibe ao centro um monumental chafariz de granito. 

O parque organiza-se numa rede de caminhos curvos e retilíneos, definindo um conjunto de canteiros relvados, pontuado por espaços de estadia, nomeadamente a pérgula de glicínias, enquadrada pelo antigo pombal. 

QUINTA DE CHÃO VERDE

Com cerca de um hectare e próxima de Rio Tinto, foi mandada construir, em 1864, por António Lourenço Correia, então regressado do Brasil com grande fortuna. A propriedade seria herdada pelo seu sobrinho, estando até hoje na posse da família. 

O jardim, de formato irregular e desenho eclético, desenvolve-se em três patamares. Longo e estreito, caracteriza-se pelas cores vibrantes das paredes da cocheira e do muro da propriedade, decoradas com embrechados, azulejos e medalhões cerâmicos. Três fontes embelezam o espaço, decoradas com figuras orientais e mitológicas, carrancas, conchas e búzios. À face da rua, encontra-se ainda um alto mirante também decorado com azulejos e embrechados.

Por um portão decorado com pagodes cerâmicos, desce-se ao segundo patamar, octogonal, pontuado por uma fonte com o mesmo formato e ensombrado por camélias, rododendros e teixos centenários. 

Monte Crasto

Localiza-se em São Cosme, Gondomar, constituindo-se como um elemento natural com grande destaque na paisagem, culminando a 194 metros de altura e ocupando uma área de cinco hectares.

Acede-se-lhe a partir de uma via que o circunda na base, subindo até um terreiro, a partir do qual se obtêm amplas vistas sobre Gondomar. Daí, subindo por duas escadarias que ladeiam uma gruta de cariz romântico, alcança-se o topo ajardinado do monte, onde se situa a capela de Santo Isidoro, rodeada por três cruzeiros em granito, estando os dois laterais datados de 1757 e o central de 1759. 

No alinhamento deste cruzeiro, encontra-se uma escadaria por onde se acede aos caminhos pedonais que se desenvolvem na encosta do monte, onde se encontram lapas, bancos e a fonte de Santo Isidoro. Desde o miradouro situado a poente, obtêm-se vistas deslumbrantes sobre o Porto, Vila Nova de Gaia, o rio Douro e, ao fundo, o oceano Atlântico.

Quinta dos Cónegos

Localiza-se na Maia, a 200 metros da margem direita do rio Leça, ocupando uma área de quatro hectares.

A sua construção, influenciada pela escola de Nasoni, terá ocorrido entre 1727 e 1737, apesar de a capela da Sagrada Família, adossada à casa, estar datada de 1681. A quinta seria adquirida pelo município da Maia em 2017.

Acede-se ao jardim através de um portal, abrindo para um terreiro enquadrado pela casa e capela, ensombrado por uma magnólia-de-flores-grandes e uma tília-prateada. Acolhe no seu centro um espaço ajardinado ao qual se acede por uma dupla escadaria, exibindo na base um espelho de água e uma bica em forma de dragão.

Por um portão localizado junto à capela, passando por um tanque, acede-se a socalcos relvados pontuados por vegetação arbórea e arbustiva. Entre os socalcos encontram-se caminhos cobertos por ramadas, esculturas, fontes e tanques, dos quais se destaca o tanque da cascata.

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos

Localiza-se numa elevação na margem esquerda do rio Leça, sobranceira ao porto de Leixões, e ocupa uma área com cerca de um hectare e meio.

Mandada construir pela Universidade de Coimbra, a igreja ficaria concluída em 1579. Seria então um templo de pendor renascentista, profundamente modificado, a partir de 1743, por Nicolau Nasoni, conferindo-lhe a feição barroca que apresenta atualmente. 

A poente da igreja, localiza-se um adro arborizado, palco das festas do Senhor de Matosinhos. O espaço organiza-se, numa malha regular formada pela igreja e pelas seis capelas que delimitam o adro a norte e a sul, representando cenas dos Passos da Paixão de Cristo.

Entre as capelas, encontram-se espaços ajardinados, de feição romântica, com canteiros e bancos, bem como outros elementos construídos. A sul da igreja, encontra-se um coreto oitocentista, em trabalho de ferro e, nas traseiras das três capelas a sul, um outro espaço ajardinado. O adro é povoado por grandes plátanos.

Monte de São Brás

Localiza-se na margem direita do rio Leça, em Santa Cruz do Bispo, ocupando uma área de dois hectares.

Outrora pertencente à Quinta de Santa Cruz do Bispo, o monte integra no seu perímetro a Capela de São Sebastião, edificada no século XVI, e a Capela de São Brás, datada do século XVI e reconstruída em 1880. 

O acesso é feito pela rua de São Brás, paralela ao muro da Quinta de Santa Cruz do Bispo. Subindo uma escadaria, construída em 1888, chega-se ao adro em terra batida da Capela de São Brás, com bancos e mesas e densamente arborizado.

Para sul da capela, através de uma ponte sobre a rua de São Brás, chega-se à Capela de São Sebastião, de cujo miradouro se alcança uma vista privilegiada sobre o vale do Leça; por um caminho, acede-se ao cimo do monte onde se encontra a estátua de granito do Homem da Maça, aí colocada em 1935, representando um antigo guerreiro. A cerca de 70 metros de altitude, encontra-se um cruzeiro. Daí se obtém uma vasta panorâmica para poente, desde a Quinta de Santa Cruz do Bispo até ao oceano Atlântico.

Quinta da Conceição e Quinta de Santiago

Localizam-se em Leça da Palmeira, junto ao porto de Leixões, sobre a margem direita do rio Leça, estando ligadas por uma ponte.

A Quinta da Conceição, fundada em 1481, é adquirida e transformada em parque público pelo município no século XX, sendo intervencionada por Fernando Távora, Ilídio de Araújo e Álvaro Siza.

Acede-se à cota alta através de um pátio com muros vermelhos. Daí nasce um caminho a partir do qual se desenvolvem os vários espaços do jardim, que guardam elementos do antigo convento. Sob as copas de arvoredo, encontram-se duas alamedas, a “amarela” e a “vermelha”, ornamentadas por estatuária e pelo chafariz de São João, um parque infantil, um bar e a piscina. Desde o pavilhão e campo de ténis, atravessando uma mata, passando por um antigo cruzeiro, atinge-se a Quinta de Santiago.

Edificada em 1896, sob projeto de Nicola Bigaglia, é adquirida pelo município, em 1968, que a adapta a museu, sob projeto de Fernando Távora, em colaboração com Ilídio de Araújo, inaugurado em 1996. O jardim desenvolve-se em redor da casa, de estilo eclético-revivalista, sendo constituído por clareiras relvadas envoltas por orlas arbóreo-arbustivas.

QUINTA DE RECAREI/QUINTA DO ALÃO

Com 3,5 hectares, localiza-se em Leça do Balio. As origens remontam ao século XV e, outrora pertencente ao Mosteiro de Leça do Balio, seria, no século XVII, propriedade da família Alão.

Acede-se à quinta por um caminho entre muros de granito e coberto por uma ramada de glicínias. Transposto o portão, entra-se num terreiro que conduz ao jardim, murado e disposto em quatro patamares, cruzados por canaletes de pedra, conduzindo a água pelo jardim. No patamar inferior, destaca-se um tanque octogonal, rodeado de bancos de granito e alegretes, exibindo os dois socalcos centrais canteiros bordejados a buxo, em cujo interior florescem bolbos e plantas anuais.

O patamar superior, atribuído a Nicolau Nasoni, exibe um tanque em forma de losango, decorado por golfinho e enquadrado por uma fonte de espaldar ladeada por bancos de granito. 

A poente encontra-se um pavilhão quadrangular, contendo uma pequena fonte e coroado por um coruchéu piramidal e encostada à casa, uma monumental magnólia-de-flores-grandes. 

Parque La Salette

Com uma área de 17 hectares, localiza-se na cidade de Oliveira de Azeméis, no monte dos Crastos, sobre a margem direita do rio Antuã. 

Tem na sua origem a edificação de uma capela em honra de Nossa Senhora de La Salette, concluída em 1880. Em 1909 começa a ser construído o parque, projetado por Jerónimo Monteiro da Costa. A capela viria a ser substituída, em 1923, por um novo santuário. 

Apresenta um traçado orgânico, patente na rede de caminhos curvilíneos que acompanham as encostas do monte e no lago, de formas naturalizadas, cruzado por uma ponte de betão, imitando rochedos.

A capela é ladeada por uma gruta de betão, revestida com floreiras e exibindo no topo um miradouro. 

Na frente da capela, enquadrada por duas grandes magnólias-de-flores grandes, inicia-se uma escadaria que termina num miradouro, pontuado pelo Cruzeiro da Independência. 

O parque é detentor de um notável coberto arbóreo-arbustivo, que se encontra classificado como Arvoredo de Interesse Público desde 2009. 

Quinta das Virtudes

Localiza-se junto ao centro histórico do Porto, ocupando uma área com cerca de um hectare. 

A casa foi construída em 1767 e nos seus terrenos seria instalado, em 1863, o Horto Loureiro, que traria à cidade inúmeras espécies raras e exóticas, dando, mais tarde, lugar à Real Companhia Hortícola-Agrícola Portuense. Em 1965, os terrenos da quinta são adquiridos pelo município, que os disponibilizaria ao público.

O jardim caracteriza-se pelos socalcos, outrora preenchidos pelas plantas introduzidas por Marques Loureiro, encontrando-se ainda desse tempo diversos elementos de feição romântica. 

Camélias de cultivares diversas e outras espécies arbóreas e arbustivas ocupam os socalcos, destacando-se uma monumental ginkgo, considerada a maior de Portugal, das maiores da Europa, com mais de 200 anos e cerca de 36 metros de altura, classificada desde 2005. 

Diversas fontes, lagos e tanques pontuam a quinta, destacando-se a monumental Fonte das Virtudes, seiscentista, Monumento Nacional desde 1910.

QUINTA DE VILLAR D’ALLEN

Com cerca de 4,4 hectares, localiza-se em Campanhã, Porto, na rua do Freixo. Fundada, em 1839, por João Allen, construtor do seu primeiro jardim, influenciado pelas ideias oitocentistas inglesas, seria aumentada pelo seu filho Alfredo.

Acede-se-lhe através de um portão que conduz a um outro portão decorado por cestos de frutas de granito, atribuídos a Nicolau Nasoni. Daí alcança-se o jardim fronteiro à casa, ocupado ao centro pelo lago que alimenta o regato que corre em cascata para a mata. Mais acima, num relvado em meia-lua, observam-se um tanque de igual formato e o mobiliário de jardim original. A nordeste encontra-se um pequeno bosque. 

Ladeando a casa, encontram-se a casa do cisne e o seu jardim, albergando uma coleção de palmeiras. Encontram-se aqui um espelho de água e um chafariz proveniente do convento de Monchique. Dois fogaréus de granito emolduram uma cascata de embrechados e o patamar-miradouro da fonte de São João, coberto por uma pérgula de glicínias.

A poente da casa, encontra-se um patamar, pontuado por um tanque circular, circundado por roseiras e delimitado por sebes de buxo, rodeadas por centenárias, e afamadas, camélias de Villar d’Allen. 

Jardim Botânico do Porto/Casa Andresen/Quinta do Campo Alegre

Localiza-se na antiga Quinta do Campo Alegre, em Lordelo do Ouro, ocupando uma área de quatro hectares.

Fundada no início do século XIX, por Jean Pierre Salabert, teria vários proprietários, nomeadamente João e Joana Andresen, cuja casa e jardim serviriam de inspiração aos seus netos, Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruben A. Adquirida pelo Estado, em 1949, aí viria a ser instalado, em 1951, o Jardim Botânico da Universidade do Porto, encerrando ao público em 1983. A casa e o jardim seriam posteriormente sujeitos a vários projetos de recuperação. Em 2017, é inaugurada, na Casa Andresen, a Galeria da Biodiversidade e, em 2020, o Jardim Botânico.

O acesso é feito por um portão na rua do Campo Alegre, a partir do qual se acede a um terreiro ladeado por dois bosquetes com grande diversidade florística: o dos cedros e o da araucária. A poente da casa, encontra-se um terceiro bosquete marcado por um grandioso liquidâmbar e, a nascente, os jardins do Rapaz de Bronze e dos Anões.

A sul da casa, encontram-se o Jardim do Peixe, o Roseiral e o Jardim dos Jotas, rodeados por altas sebes de camélias talhadas. Para nascente do Jardim do Peixe, encontra-se o Jardim do Xisto, pontuado por um conjunto de lagos circulares contendo plantas aquáticas. A poente do Jardim dos Jotas, encontra-se o Jardim dos Catos, a estufa tropical e a desértica. Para sul, encontra-se o Arboreto.

Jardim do Passeio Alegre

Localiza-se na Foz do Douro, no Porto, entre o Forte de São João Baptista e o Farol e Capela de São Miguel-o-Anjo.

Implantado sobre terrenos conquistados ao rio, o seu projeto terá sido encomendado, em 1870, pela Comissão de Banhistas, a Emílio David, arquiteto paisagista alemão, iniciando-se a construção somente em 1888 e segundo projeto do arquiteto paisagista Jerónimo Monteiro da Costa, sendo inaugurado em 1892. 

Desenvolve-se sobre um eixo central com cerca de 400 metros de comprimento, exibindo, a nascente, dois obeliscos de granito de autoria de Nicolau Nasoni, e, a poente, um imponente chafariz setecentista. A área central do jardim consiste numa alameda dupla de plátanos-híbridos e palmeiras, rematada, em ambas as extremidades, por um tanque circular. 

Em torno desta alameda, o jardim assume um carácter mais naturalizado, sob a forma de bosque entrecortado por uma rede de caminhos. No jardim, encontram-se o Chalé Suíço, de 1973, o coreto, de 1902, localizado a meio da alameda dos plátanos.

Jardim da Cordoaria/Jardim João Chagas

Com dois hectares, localiza-se no centro do Porto. Encontra-se implantado no antigo Campo do Olival, junto à muralha gótica da cidade. 

A instalação, em 1661, da Cordoaria Nova no local estará na origem da designação atual. O projeto do jardim data de 1866, sendo da autoria do arquiteto paisagista alemão Emílio David. De desenho romântico, incluía no seu centro um lago de formas naturalizadas, em torno do qual se desenvolviam caminhos de traçado orgânico e duas longas alamedas para passeio. 

Apresenta, algumas árvores de porte notável, classificadas como Arvoredo de Interesse Público desde 2005, designadamente os 37 plátanos, de bases grotescamente deformadas, da alameda dos Plátanos.

Vários elementos escultóricos embelezam o jardim, designadamente a Flora, de Teixeira Lopes — uma homenagem ao horticultor José Marques Loureiro, a estátua de Ramalho Ortigão, de Leopoldo de Almeida, o busto de António Nobre, de Tomás da Costa, um conjunto de esculturas intitulado Treze a rir dos outros, de Juan Muñoz, e o Rapto de Ganimedes, de Fernandes de Sá.

Jardim de São Lázaro/Jardim Marques de Oliveira

Localiza-se no antigo Campo de São Lázaro, que, no século XVIII, era um lugar já com algumas árvores onde se realizavam feiras importantes. Durante o Cerco do Porto (1832-33), estando D. Pedro IV na cidade, é tomada a decisão de aí se instalar o primeiro jardim público portuense. De autoria de José João Gomes, o primeiro jardineiro municipal, seria inaugurado em 1834, data do aniversário da rainha D. Maria II, dando-se as obras por concluídas apenas em 1841.

Fechado por quatro portões e gradeamento de ferro, que se conservam até aos nossos dias, o jardim terá sido intervencionado, em 1869, pelo arquiteto paisagista alemão Emílio David, que introduziria alterações no traçado e açafates para flores nos relvados. Em 1911, foi aprovada a construção do atual coreto em substituição do então existente noutro local do jardim.

Atualmente o jardim é dominado pela presença de um conjunto de 12 magnólias-de-flores-grandes, dispostas em torno do lago central, classificadas como Árvores de Interesse Público em 2005.

Jardim da Casa de São Miguel/Casa Allen

Situa-se na União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, Porto, e ocupa uma área de um hectare.

Encomendada, nos últimos anos da década de 1920, ao arquiteto José Marques da Silva por Joaquim Ayres de Gouveia Allen, 3.º visconde de Villar d’Allen, a casa, de notório cariz neoclássico, ficaria concluída em 1928. O jardim será no entanto, da autoria de Jacinto de Matos. Em 1980, é aqui instalada a delegação norte da Secretaria de Estado da Cultura e, em 1991, é construída, nos jardins, a Casa das Artes, projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura. 

O jardim desenvolve-se em dois patamares − transposto o portão, acede-se a um terreiro, definido por dois alinhamentos de cedros-do-líbano e pela fachada da casa, a sul da qual se encontra o jardim do lago, um espaço relvado com um espelho de água, rodeado por uma bordadura de diospireiros, pontuado por uma magnólia-de-soulange.

Daqui, através de um lanço de escadas, acede-se ao patamar inferior onde se encontram elementos arbóreos de grande beleza. No limite da propriedade, encontram-se o campo de ténis e o seu pavilhão.

Jardins do Palácio de Cristal

Localizam-se no antigo Campo da Torre da Marca, no topo de uma encosta alcantilada sobranceira ao rio Douro, ocupando uma área de nove hectares.

Aí seria construído, em 1861, o Palácio de Cristal, de Thomas Dillen Jones, e os seus jardins, concebidos por Emílio David, em 1864. Seriam inaugurados a 18 de setembro de 1865. O palácio acolheria, em 1933, a Exposição Colonial Portuguesa, sendo demolido em 1951 e substituído pelo Pavilhão dos Desportos, do arquiteto José Carlos Loureiro. 

O jardim consiste num conjunto de canteiros relvados, desenhando uma elipse, ornamentados por maciços de flores, fontes e esculturas, envoltos por diversificados maciços arbóreo-arbustivos onde se destacam magnólias, camélias e rododendros. 

Para poente, desenvolve-se a longa avenida das Tílias, acolhendo a Biblioteca Municipal Almeida Garrett, ladeada por um notável, e classificado, metrosídero, o jardim das cidades geminadas, a concha acústica, o miradouro da Torre da Marca e a sua panorâmica sobre a ponte da Arrábida e a foz do Douro, o grande lago com a sua ilha e cascata e a capela de Carlos Alberto.

QUINTA DA PRELADA

Localiza-se na zona norte do Porto, em Ramalde, ocupando uma área de 17 hectares. 

Em meados do século XVIII, a convite do seu proprietário, D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, seria intervencionada por Nicolau Nasoni, transformando-se numa das mais notáveis quintas da cidade. É propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto desde 1903. Em 1961, é inaugurado o parque de campismo; em 1988, o hospital. Os jardins formais e a casa seriam alvo de um projeto de recuperação, concluído em 2011 e 2013.

O acesso ao jardim faz-se por portão, no final da rua dos Castelos, pelo qual se acede ao terreiro fronteiro à casa, relvado ao centro, debruado por camélias e decorado com uma fonte adossada ao muro. 

Um portão à direita da casa conduz aos jardins formais, que se desenvolvem em patamares. No primeiro, encontra-se um jardim, com canteiros de buxo e camélias, em torno de tanque circular. Por uma escadaria acede-se ao patamar inferior, onde se localizam o labirinto de buxo e a sua araucária-de-norfolk, o jardim dos cedros, adornado com fontes, camélias, rododendros e cedros-brancos, e o antigo pomar.

Parque de Serralves

Localiza-se em Lordelo do Ouro, Porto, ocupando uma área com cerca de 18 hectares.

As origens remontam a 1923, quando Carlos Alberto Cabral herda a Quinta de Lordelo, alterando-a nos anos seguintes. O novo jardim, de autoria de Jacques Gréber, estaria concluído no final da década de 1930. Em 1957 a propriedade é adquirida por Delfim Ferreira e, em 1986, é vendida ao Estado, para aí se instalar um Museu de Arte Moderna. O parque abriria em 1988, após obras de recuperação. Em 1989, é constituída a Fundação de Serralves e, dez anos depois, abre ao público o Museu de Arte Contemporânea. 

A Quinta de Serralves, uma obra de arte paisagista sem par em Portugal, seria a última grande quinta de recreio a ser construída no Porto, estando classificada como Monumento Nacional desde 2012.

O parque organiza-se sobre dois eixos principais que se cruzam na frente da casa, e em cujo redor se desenvolve uma sucessão de jardins. A poente, a alameda dos liquidâmbares, o roseiral, o campo de ténis, o jardim do relógio de sol, um bosque de faias e o jardim lateral à casa; a nascente, o jardim das camélias e o arboreto. Em frente à casa, desenvolve-se um jardim de carácter formal, em vários patamares, por entre os quais corre um sistema de jogos de água. Para sul, encontram-se o lago romântico, cercado por frondosos bosques, os vastos campos de semeadura e o antigo assento agrícola do Mata-Sete. 

Casa Tait/Quinta do Meio

Com um hectare, situa-se no Porto, numa encosta virada a poente, com vista privilegiada sobre o rio Douro. Construída e habitada por várias famílias inglesas durante o século XIX, é, em 1900, adquirida por William Chaster Tait, um negociante britânico ligado ao vinho do Porto. A propriedade seria vendida pela sua filha Muriel à Câmara Municipal do Porto em 1978.

O acesso ao jardim faz-se pela antiga porta de carros situado ao fundo da rua de Entre-Quintas. Junto à casa encontra-se um jardim formal constituído por canteiros de buxo, contendo roseiras e elementos decorativos de granito, ensombrados por um tulipeiro-da-virgínia, com mais de 260 anos de idade e 32 metros de altura, classificado como Árvore de Interesse Público.

Para lá do tulipeiro encontra-se um espaço repleto de camélias centenárias, apresentando algumas delas portes excecionais. Pertencem à coleção de camélias do jardim, com cerca de 60 exemplares, em vias de classificação. No patamar mais elevado do jardim, ocupado pelo bosque, encontra-se um diversificado conjunto de árvores notáveis.

Encosta do Castelo de Santa Maria da Feira/Cerca do Convento dos Loios

Situa-se no limite sul do centro histórico da Feira. Ocupa uma área de 18 hectares.

O castelo, não mais do que um pequeno fortim quadrangular, em meados do século IX, quando Afonso III de Leão cria a região administrativa e militar designada por Terra de Santa Maria, seria sucessivamente remodelado e aumentado até ao final do século XV. Sujeito a grandes obras de reconstrução, a partir de 1909, é hoje considerado uma das mais notáveis estruturas da arquitetura militar portuguesa. É Monumento Nacional desde 1910.

O Convento dos Loios, fundado em 1558, seria ocupado pelos Cónegos Seculares de São João Evangelista, também conhecidos por loios ou cónegos azuis. Em 1834, após a extinção das ordens religiosas, passa para propriedade do município que, em 2009, aí inaugura o Museu Convento dos Loios. 

Entre o convento e o castelo, desenvolvem-se os jardins municipais. No lado nascente, sobressai um imponente bosquete de tílias e faias, enquanto o poente se caracteriza pelos canteiros relvados, pontuados, por camélias e rematados por um lago. 

Quinta do Castelo

Com cerca de 12 hectares, localiza-se em Santa Maria da Feira, na encosta nascente do seu castelo, Monumento Nacional desde 1910. 

De data de fundação desconhecida, seria pertença da família Brandão nos primeiros anos do século XX, quando é submetida a melhoramentos. Seria vendida ao Estado em 1961, permanecendo durante vários anos com acesso restrito ao público. Em 2016, inicia-se a sua requalificação, sendo reaberta ao público em 2019. 

Transposto o “Portão do Castelo”, uma alameda de plátanos conduz até à antiga casa da quinta, junto à qual se encontram uma tuia-gigante e um gracioso bordo-do-japão, descobrindo-se uma rede de percursos ao longo da encosta, pontuada por espaços de estadia de onde se obtêm panorâmicas sobre as torres do castelo. 

No centro do jardim, encontra-se o conjunto formado pela gruta de dois andares, pelo lago, e pela ponte com guardas em betão a imitar troncos de árvores. 

Duas clareiras enquadram este conjunto; a dos anfiteatros e a das aveleiras, acolhendo a segunda uma notável coleção de aveleiras. 

CASA DA PORTELA

Situa-se em Paços de Brandão, Santa Maria da Feira, e ocupa uma área de um hectare.

Com data de construção incerta, em 1629 eram seus proprietários Francisco Saraiva e a sua mulher Britis Aranha, vindo a ser adquirida, em 1788, pela família dos Pintos e Almeidas. 

Acede-se ao jardim através de um átrio entre o largo fronteiro à casa — rematado a norte por uma enorme araucária-de-norfolk, classificada como Árvore de Interesse Público em 2010, com cerca de 160 anos, 31 metros de altura e 19 metros de diâmetro de copa — e um pátio com tanque circular ao centro, rodeado pela casa e por um muro, para além do qual se observa uma nogueira-negra, com a mesma idade da anterior, 15 metros de altura e cerca de 21 metros de diâmetro de copa, igualmente classificada em 2010. 

A sul da casa, encontra-se o jardim de buxo, de formato quadrangular e pontuado ao centro por uma fonte com tanque, rodeada canteiros, com flores diversas e bordejados a sebes de buxo. Aqui se encontram também um relógio de sol, uma estufa, uma pérgula de glicínias e um lavadouro, rematado por uma alegoria à Europa. Por trás, encontram-se um tanque retangular, decorado com urnas e bustos, emoldurado por camélias e rododendros. 

CASA DO CASAL

Localiza-se em Refojos de Riba d’Ave, Santo Tirso, nas faldas do Monte do Pilar, em plano vale do rio Leça.

José da Veiga Gil de Carvalho Ferreira, pai dos atuais proprietários, iniciou a plantação de uma coleção de camélias, considerada a maior de Portugal, com cerca 1600 exemplares de 500 cultivares nacionais e internacionais.

Com três hectares, o jardim é acedido por uma alameda ladeada por carvalhos-escarlate e camélias. Transposto o portão, encontra-se um espaço ajardinado enquadrado pela fachada da casa e sua torre ameada, por um tanque de espaldar e uma capela. No centro, encontra-se um chafariz rodeado por talhões contendo camélias e delimitados por sebes de buxo.

Atravessando o átrio sob a casa, encontra-se um terreiro com chafariz, ensombrado por árvores e camélias, nomeadamente o primeiro exemplar da Camellia crysantha plantado em Portugal, de invulgares flores amarelas. 

A sul, através de um caminho coberto por ramada, acede-se a dois patamares repletos de camélias, para além dos quais se estende uma frondosa mata.

Parque de Nossa Senhora dos Milagres

Localiza-se no monte do Pião, São João da Madeira, ocupa uma área de seis hectares, em posição altaneira sobre a cidade. O parque é projetado pelo arquiteto paisagista Jacinto de Matos no começo da década de 1930; em 1934, principia-se a construção do santuário, dedicado a Nossa Senhora dos Milagres. Parque e santuário viriam a ser inaugurados em 1938.

Partido da entrada principal, localizada a norte, e rumando ao santuário, descobre-se, à esquerda, um cruzeiro, ladeado por duas tuias. No topo de uma escadaria, e ocupando o ponto mais alto do parque, encontra-se o santuário, de feição neorromânica.

Uma rede de caminhos serpenteia pela encosta, coberta por frondosa e diversificada vegetação, nomeadamente carvalho-alvarinho, sobreiro, tulipeiro-da-virgínia, pinheiro-bravo, butiás e camélias, entre muitas outras espécies, que ensombram bancos, zonas de estadia, parque infantil e um salão de chá.

Na zona sul do parque, cruzado pela ponte dos Garcias, encontra-se o lago, que se desenvolve em dois níveis ligados por uma cascata de degraus. 

Jardim da Praça da República

Com cerca de 900 m2, localiza-se em Vila do Conde, na margem direita do rio Ave, no sopé do monte de Santa Clara. 

Outrora designado por Campo da Feira ou por Terreiro, o sítio era palco de tradicionais feiras de gado, consistindo, na década de 1900, num espaço de terra batida, rodeado por árvores e contendo ao centro o chafariz. Depois de 1910, é-lhe atribuída a denominação de Praça da República, sendo sujeita, no início da década de 1950, a uma intervenção de ajardinamento. 

Consiste num espaço central pavimentado, com o chafariz e dois canteiros ao centro, rodeado por bancos e canteiros relvados onde são plantadas herbáceas anuais. Do jardim, obtêm-se vistas extraordinárias para o Convento de Santa Clara e para o rio.

Quinta das Devesas

Situa-se em Santa Marinha, junto ao centro histórico de Vila Nova de Gaia e à ribeira de Azenhas, na encosta norte do rio Douro, e ocupa uma área de um hectare.

Carlos Pereira Pinto de Castro e Lemos lega-a à Misericórdia de Gaia. Seria recuperada, em 2012, pelo município, excetuando o solar, e aberta ao público em 2013.

Transposto o portão, encontra-se um terreiro ajardinado, com canteiros com camélias centenárias e azáleas, além de muitas outras árvores notáveis. Daí, e do topo da escadaria do solar, ornamentada por esculturas em ferro, obtêm-se panorâmicas sobre os armazéns do vinho do Porto. Sob o tulipeiro, existe um lago onde papiros emolduram uma figura feminina.

Passando por um arco, sob a casa, acede-se a um conjunto de socalcos contendo a maioria dos exemplares que constituem a coleção de camélias pela qual o jardim é conhecido, com cerca de 118 variedades. As mais antigas encontram-se no primeiro patamar, formando um túnel de grande beleza, enquadrado no seu início por uma gruta com mirante no topo e, a um nível inferior, pelo lago e ponte. 

QUINTA DE FIÃES

Situa-se em Avintes, Vila Nova de Gaia, a curta distância do rio Douro. Ocupa uma área com 50 hectares, quatro dos quais correspondem aos jardins e à mata. 

Com origens no início do século XVIII, em 1758, pertencia já à família Van Zeller, que, ao longo do século XIX, a enriqueceria com plantas exóticas, nomeadamente uma coleção de eucaliptos, e ampliaria o jardim geométrico. No final do século XX, seriam adicionados os jardins formais, desenhados por Patrick Bowe e, em 2000, parte da quinta acolheria o Zoo de Santo Inácio.

Acede-se ao jardim por um caminho a norte da casa, entre os dois patamares inferiores ocupados pelos jardins formais. Emoldurado pela fachada posterior da casa, encontra-se um terceiro patamar, ocupado pelo jardim romântico, de caminhos estreitos e irregulares, bordejados a buxo e acolhendo azáleas, rododendros, camélias, kalmias, entre outros arbustos floridos. A quinta é considerada um berço das camélias portuguesas oitocentistas.

A mata acolhe eucaliptos, araucárias, cedros, tulipeiros, castanheiros-da-índia, entre outras espécies, assim como uma estufa e um lago, envolto por camélias centenárias. Um túnel de camélias conduz até ao portão do rio.

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