Revista Jardins

Jardins de Portugal: Rota do Tâmega

Conheça este património tão rico, composto pelos famosos “Jardins de Basto”, quintas e parques termais e florestais, um percurso que começa em Amarante e vai até à raia.

Ilídio de Araújo consagrou a designação de “Jardins de Basto”, associando-os à iniciativa das irmãs Pinto Basto, Emília Ermelinda (Casa do Prado, Celorico da Beira) e Justina Praxedes (Casa de Piellas, Cabeceiras de Basto) que, em meados do século XIX, apoiaram Manuel Joaquim Alves Soares a estudar no Porto e em Inglaterra.

Este viria a ser o fundador de uma escola de jardineiros de Basto, continuada pelo filho Joaquim, responsável pela topiária de cameleiras e teixos em formas mais ou menos bizarras, ora geométricas, ora zoomórficas, que ainda hoje se perpetuam na Casa de Piellas, na Casa da Gandarela, na Casa do Prado ou mesmo na Casa da Igreja.

Na segunda metade do século XIX, no vale do Tâmega, descobriram-se águas termais, ampliando uma história iniciada no tempo dos romanos em Aquae Flaviae – Chaves. A rota inclui os parques termais de Vidago, Pedras Salgadas e Carvalhelhos.

Integra ainda um conjunto de parques florestais com espécies arbóreas notáveis que estão na origem da paisagem florestal que hoje predomina no vale do Tâmega. Estão localizados em Amarante, Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar.

Por sua vez, junto à fronteira, encontra-se um conjunto de pequenos santuários, de traça mais ou menos vernacular, em recintos tão agrestes como acolhedores, que são miradouros sobre uma paisagem de grande beleza e posicionados em locais com uma história de culto, bem mais antiga do que a marca cristã que hoje aí encontramos.

Com 145 km de comprimento, o rio Tâmega nasce em Espanha, na serra de São Mamede e desagua no Douro, em Entre-os Rios. O vale do Tâmega é um espaço de transição entre o Minho e Trás-os-Montes.

Tem os seus horizontes definidos pelas serras do Barroso, Cabreira, Alvão, Senhora da Orada, Senhora da Graça… que definem um vale encaixado determinado por uma falha geológica. Espaço cénico por excelência, em que os planos se sucedem, mudando de tonalidade com a hora do dia e as estações do ano. 

CASA DA GANDARELA

Situa-se em Celorico de Basto, na vila da Gandarela, rodeada pelos montes da serra da Lameira, possui um dos jardins mais emblemáticos das Terras de Basto. Construída no século XVII, requalificada no século XVIII, teve como um dos seus primeiros proprietários Francisco Alves de Araújo, capitão-mor de Celorico.

No século XIX, a casa foi vendida a Jerónimo Pacheco de Campos Pereira Leite, encontrando-se atualmente na posse dos seus descendentes. O portão conduz-nos a um terreiro com árvores imponentes e o jardim de topiária desenvolve-se até à casa. O desenho original do jardim é da autoria de Paulo da Cunha Mourão Carvalho Sotto Mayor e data do início do século XX.

O jardim está organizado segundo um eixo com um lago no centro, estende-se por um patamar, com muro de suporte encimado por bustos e pirâmides, que é composto por canteiros de buxo com arbustos de altas dimensões talhados em formas geométricas, em espiral, arcos e figuras estilizadas, onde se destacam as cameleiras.

Este é um jardim que tem o seu esplendor máximo no tempo da flor das camélias, das azáleas e dos rododendros, mas o jogo das silhuetas das topiárias é único e proporciona um passeio entre canteiros, terreiros e patamares, revelando cenários ora de maior aparato, ora mais funcionalistas, ora mais eruditos, ora mais vernaculares.

CASA DAS EIRAS

Pequena quinta no centro da freguesia de Molares, a cerca de 6 km de Celorico de Basto. Data do último quartel do século XVIII. Foi comprada por Gonçalo Carvalho, que fez fortuna no Brasil, e foi sendo reconstruída nas gerações seguintes.

Acede-se por uma alameda arborizada que remata num terreiro limitado pela fachada da casa com escada singular e capela dedicada a São Francisco. Através do portal da casa, ao nível do rés do chão, acede-se a um terreiro interior de cariz rural. Um discreto portão, perto da capela, conduz-nos ao jardim recentemente construído sobre o que até há pouco tempo eram campos de cultivo – hoje uma fantástica varanda sobre o vale do Tâmega aos pés do monte da Senhora da Graça. Separado por caminho, a norte da casa, há um pequeno bosquete onde se encontra um moinho de rodízio.

Junto à alameda de acesso, um pequeno portão à esquerda comunica com a zona dos sequeiros, eira e espigueiro, rodeados por ramadas de vinha. À volta desenvolvem-se campos agrícolas onde pasta um rebanho de ovelhas. Uma visita tranquila que fica na memória!

CASA DE CASELHOS DE CIMA

Fica situada a meia distância entre Arco de Baúlhe e Celorico de Basto, na EN 210. Quinta construída na meia encosta, com cerca de oito hectares, rodeada por campos e matas. A casa é propriedade dos Moniz Coelho, cuja casa-mãe de família fica na proximidade – a Casa da Veiga. A quinta distingue-se pela sua autenticidade e um cuidado trabalho de conservação de um ambiente intimista adaptado aos dias de hoje. Acede-se por um portão sobre a estrada que nos leva ao terreiro da casa.

Num nível inferior, a poente, está um pequeno jardim formal de buxo centenário concebido pelo pai dos atuais proprietários. A casa, com traços exteriores do século XVIII, após um violento incêndio ocorrido no final do século XIX, teve o interior reconstruído na década de 1920. A norte, a sul e a nascente da casa, sucedem-se os socalcos de cultivo suportados por muros de granito, ligados entre si e onde a presença das ramadas é ainda uma constante. Indo pelo lado sul da casa, avista-se o vale do Tâmega e a serra do Marão. Por ambos os lados da casa, acede-se ao terreiro rural organizado em dois patamares ligados por uma escada e com um tanque com água corrente, sob uma ramada.

Uma velha glicínia está armada em caramanchão. Daqui derivam socalcos ligados por escadas e rampas, suportados por muros de granito destinados a horta, pomar e olival e envoltos em bosquetes. Existe um conjunto de construções rurais – eiras, varandões e aquedutos – numa cota superior que deixa compreender a génese e a estrutura rural da quinta.

CASA DE LAMAS

Quinta em encosta de pendor suave, com cerca de oito hectares, junto à entrada da vila de Cabeceiras de Basto, avistando-se ao longe a serra da Orada e, mais longe, o monte da Senhora da Graça. A casa, de construção setecentista, apresenta origens bem mais antigas, remontando à Idade Média, tendo chegado às mãos da família Alvim a partir do século XVI. Pedro Soares Alvim é referido como um dos seus primeiros senhores.

Foi avô de D.ª Leonor Alvim, mulher de D. Nuno Álvares Pereira, cuja filha D.ª Beatriz Alvim deu origem à Casa de Bragança ao casar-se com D. Afonso, filho ilegítimo de D. João I. Entra-se através de um portal que liga a um terreiro calcetado, com jardim de buxo, sobrelevado à esquerda, fronteiro à casa, construído no século XX pelo pai/avô do atual proprietário. Para aqui foram transferidas algumas das espécies do jardim antigo existente no lado sul da casa. Este desenvolve-se em patamar longitudinal com canteiros de buxo, pontuados por camélias, taça circular central e, lateralmente, piscina e relvados.

Junto à casa, encontra-se um tanque de pedra com lavadouro. Um moinho no canto do jardim anuncia o acesso a um jardim numa cota inferior. Um passeio intimista e um contacto com um lugar com raízes muito antigas em Terras de Basto que nos vai surpreendendo pela sucessão de espaços e com um espaço de turismo rural devidamente integrado.

CASA DE MOSQUEIROS

Fica na periferia da vila de Celorico de Basto, no lugar de Mosqueiros. Pertenceu a Jerónimo da Mota e é o berço da família dos Mota em Terras de Basto. A atual proprietária cuida do seu jardim de forma extremosa. A casa, de construção setecentista, é precedida por um jardim de finais do século XIX inícios de XX, ao gosto dos chamados “Jardins de Basto”, com topiárias de camélia e canteiros de buxo.

A entrada da casa faz-se na extremidade direita da fachada por uma escada distinta. Lateralmente à casa, a atual proprietária introduziu hortas ordenadas em canteiros de buxo, onde convivem plantas comestíveis e ornamentais produzidas em modo de agricultura biológica. Na parte de trás, existe um pequeno pátio de cariz rústico.

A presença dos tanques anuncia o caminho para os antigos campos da quinta, hoje adaptados a espaço de eventos e onde ainda se encontra um conjunto de pequenas construções de apoio agrícola. Um lugar que concilia uma antiga história de gente distinta de Basto, mantém a tradição e o culto da arte dos jardins e da jardinagem e oferece uma oportunidade de refúgio da agitada vida dos dias de hoje.

CASA DE PIELLAS

Situa-se próximo de Cabeceiras de Basto, na aldeia de Painzela com origens no século XVI, possui um dos jardins mais autênticos e representativos dos “Jardins de Bastos”. Em 1840, Theodoro de Carvalho e Almeida casou-se com Justina Praxedes Ferreira Pinto Basto, irmã de Emília Ermelinda, da Casa do Prado em Celorico de Basto. As irmãs Pinto Basto tomaram a iniciativa de formar jardineiros na tradição da topiária dos jardins ingleses.

Plantaram jardins de buxo e aí instalaram teixos, buxos e camélias talhados em bizarras formas. Acede-se à quinta por uma alameda de carvalhos centenários, encontrando-se logo no início as ruínas da Casa de Boal. A alameda leva-nos a um terreiro onde um portal nos dá acesso à casa através de um pátio. À direita, numa cota superior, um bosque protege o terreiro e, à esquerda, existe um portão que nos conduz a um patamar inferior, criado por Justina Praxedes com o jardineiro Joaquim Alves Soares, onde está instalado um jardim de buxo com imensos e seculares arbustos primorosamente talhados.

O sistema de águas surpreende-nos tal como a vista pontuada pela serra da Senhora da Orada. Junto ao tanque em “L”, encostado ao muro, existe uma passagem para a mata da Casa do Boal. Um outro tanque, rodeado por bambus e buxos centenários, cria um espaço fresco que abre sobre um campo de cultivo constituindo uma clareira bordejada por um bosque. As águas correm para a ribeira de Painzela. O passeio prolonga-se pelos caminhos da quinta.

Permanecem as altas ramadas que os ensombram. Podemos aproximarmo-nos da ribeira, aceder à piscina ou aos bosques ou visitar um pátio agrícola onde ainda se sente a intensa atividade que ali se desenvolveu noutros tempos ao serviço da fertilidade dos campos e da produção sobretudo de milho e vinho. A família Carvalho e Almeida nesta representativa quinta de recreio de Terras de Basto perpetua um ambiente muito próprio, autêntico e cuidado oferecendo um turismo particularmente vocacionado para famílias e grupos.

CASA DO CAMPO

Quinta com origens no século XV, construída nos séculos XVII e XVIII, em Molares, Celorico de Basto, possui um dos jardins mais emblemáticos de Terras de Basto. Duas imponentes araucárias dão-nos as boas vindas. Acede-se à casa, com torre ameada, por dois portais que abrem para os terreiros, um formal e outro mais de natureza agrícola.

Lateralmente à casa, em cota superior, suportado por muro de pedra encimado por alegretes, fica o jardim criado, em meados do século XVIII, por Torcato Álvares de Carvalho, alterado no século XIX, provavelmente sob ordem do proprietário António Maria Meirelles, que introduziu as famosas topiárias impulsionados pelas irmãs Pinto Basto em Terras de Basto.

O grande patamar ajardinado é dividido em oito canteiros delimitados por buxo. Sucedem-se casas de fresco constituídas por cameleiras talhadas, lago central com repuxo e uma sucessão de pequenas mesas de granito, bancos e exemplares notáveis de árvores e arbustos como a cameleira, a Lagerstroemia ou o imenso rododendro. A partir deste patamar, por uma escada, acede-se ao socalco superior com horta, pomar e campos de cultivo, limitados por sebe de buxo e ramadas, um pouco acima da zona da piscina e dos espaços dedicados ao turismo habitação.

Os diferentes pontos de vista sobre a Senhora da Graça ou a serra do Alvão ficam na memória de quem visita a muito antiga Casa do Campo.

CASA DO CASAL

Quinta na meia encosta, com cerca de seis hectares, em S. Nicolau, Cabeceiras de Basto, sobre o vale aberto da ribeira de Painzela, avistando-se ao longe, o monte da Senhora da Graça. O acesso é feito por estrada calcetada, parcialmente coberta por ramada. A casa, de raiz seiscentista, profundamente remodelada no século XIX, surge lateralmente.

Através de um pátio agrícola com porta para a estrada, acede-se a um jardim de buxo instalado sobre um patamar do lado nascente da casa. Aqui pontuam notáveis rododendros e camélias, algumas formando caramanchão ao gosto dos chamados “Jardins de Basto” e algumas árvores de fruto. Em cota inferior ao jardim, encontram-se os pomares, e um corredor de buxo conduz aos campos agrícolas.

Na fachada sul da casa, uma varanda fechada no andar superior abre-se sobre uma eira ladeada por um tanque alpendrado, com lavadouros que recolhem a água por gravidade. Do outro lado da estrada, em patamar sobrelevado, encontram-se as construções de apoio agrícola, construídas em 1852, como informa a data inscrita no belíssimo sequeiro, precedido por uma enorme eira, com dois grandes espigueiros, atestando a riqueza cerealífera da quinta.

Um ambiente bem ao encontro do carácter do vale do Tâmega, cheio de referências tanto no seu interior como nos diversos planos da ampla vista sobre a paisagem, ainda com fortes memórias de uma história antiga da fixação das populações neste destino.

CERCA DO MOSTEIRO DE SÃO MIGUEL DE REFOJOS DE BASTO

Foi fundado nos princípios do século XII e pertenceu à Ordem Beneditina. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, passou para mãos particulares e hoje nele estão instalados a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e um colégio. A imponente igreja foi construída entre 1755 e 1763. A sua botica fornecia outros mosteiros beneditinos, incluindo a casa-mãe de Tibães, em Braga.

O mosteiro é a verdadeira origem da vila de Cabeceiras e a sua envolvente é rica em vestígios do que foi a sua cerca. A leitura do que foi a cerca deste mosteiro, constituída por hortas, pomares, campos de plantas medicinais, campos de cultivo e matas, não é fácil, mas são muitos os vestígios, o que torna a visita um permanente apelo à imaginação.

Fronteira ao mosteiro, encontra-se a Praça da República, ajardinada com canteiros de buxo, pontuados por camélias e roseiras, culminando no topo com um cruzeiro barroco, a famosa estátua do guerreiro lusitano “O Basto” e o antigo Tribunal do Couto de Refojos, transformado na Casa do Barão de Basto, no século XIX. Atrás do mosteiro corre a ribeira de Penoutas, sob uma ramada de glicínia, transformada numa estrutura hidráulica, acompanhado por edificações de matriz agrícola, hoje musealizadas.

A nascente, encontra-se um espaço ajardinado com vários muros e fontes, sendo de destacar uma do século XVIII, feita segundo o risco de frei José de Santo António Vilaça. O monte a poente, sobre o que terá sido a antiga mata beneditina, está ocupado pelo Parque Florestal desde meados do século XX. Atualmente encontra-se aqui um parque de merendas, um pequeno zoo e um centro hípico. Ao longe, a serra da Orada e o monte da Senhora da Graça.

PARQUE DAS PEDRAS SALGADAS

Junto à ribeira de Avelames, afluente do Tâmega, na vila de Pedras Salgadas, encontra-se o Parque das Pedras Salgadas, envolto pelas serras da Padrela e do Alvão. O parque é vedado por grade e tem duas entradas principais, a sul, a entrada da vila, e a do Norte, com a receção de hóspedes. Hoje é a sede do projeto turístico Pedras Salgadas Spa & Naturepark, com um conjunto de eco-houses localizadas no meio das árvores e um spa termal.

A abertura oficial das termas data de 1879 e tornou-se um destino favorito dos membros da família real portuguesa. Não se conhece a autoria do parque, embora, pelas características e qualidade do seu traçado, venha a ser atribuída a Jacintho de Mattos (m. 1948), o célebre jardineiro paisagista do Porto. As duas entradas estão ligadas por uma frondosa e ampla alameda, que corre paralelamente ao Avelames.

O Casino, inaugurado em 1910, mantém-se localizado a poente na meia encosta e ligado por um arruamento à alameda. O parque albergou três hotéis – Avelames, Grande Hotel e Norte – que, entretanto, se degradaram. Ao longo da alameda, encontram-se diversos equipamentos, nomeadamente as fontes termais e a Casa de Chá. A nascente da alameda, encontram-se os jardins, o lago e a piscina, assim como o distinto edifício do spa termal.

A poente, a encosta arborizada é percorrida por caminhos e escadas de interligação de patamares, sob cedros, tílias, plátanos, ciprestes-de-lawson, sequoias, abetos, teixos, medronheiros, carvalhos, freixos, choupos, sobreiros e castanheiros. Visitar o eixo termal no Tâmega desde as Pedras, por Vidago e Chaves até Verin, são cerca de 50 km de uma experiência rara de Natureza e cultura antiga.

PARQUE DE VIDAGO

Este é um dos mais belos parques termais de Portugal, marcado pelo seu impressivo hotel, fontes termais, golfe e árvores centenárias. Está localizado junto à vila de Vidago, com cerca de 100 hectares, no vale da ribeira de Oura, um afluente do rio Tâmega. Encontra-se a cerca de 20 km de Chaves, a Aquae Flaviae de famosas águas termais desde os tempos romanos, e a 12 km do Parque termal das Pedras Salgadas.

Ao fundo da alameda de plátanos que se inicia junto à antiga estação de caminho de ferro, passado o portão do parque, tem-se à frente o edifício do Vidago Palace Hotel, cuja construção se iniciou por iniciativa do rei D. Carlos embora só tenha sido concluído em 1910. A área maior do parque desenvolve-se em terreno plano, continuando em encosta a poente por área arborizada.

O parque é percorrido por uma densa rede de caminhos que levam às diferentes fontes I, II e Sallus, ao club house, ao grande lago, à direita do hotel, e dão acesso ao campo de golfe, que é conhecido pela sua qualidade cénica, concebido pelo famoso Philip Mackenzie Ross (1880-1947), com nove buracos, em 1936, remodelado por Cameron & Powell, 18 buracos, e a funcionar desde 2010.

O parque é povoado por exemplares notáveis de sequoias, castanheiros-da-índia, carvalhos, castanheiros, plátanos, tílias, choupos, faias, cedros-do-buçaco, magnólias… O hotel foi reabilitado e reaberto em 2010, com o spa termal projetado pelo arquiteto Siza Vieira. O parque tem vindo a ser conservado e requalificado ao encontro de um elevado padrão. 

PARQUE FLORESTAL DE AMARANTE

Com cerca de seis hectares, encontra-se na encosta norte, sobre a margem esquerda do rio Tâmega, na proximidade do centro histórico de Amarante. A sua génese está ligada a António Lago Cerqueira (1880-1947), dinamizador dos serviços florestais em Amarante, precursor dos vinhos verdes e proprietário da Casa da Calçada, onde nasceu e morreu.

Construído no início do século XX como viveiro florestal, apesar de muitas intervenções posteriores, o parque hoje apresenta exemplares notáveis de tílias, faias, plátanos e sequoias, entre outros. É atravessado por vários arruamentos e alamedas ladeados por tílias, plátanos, pseudotsugas, sequoias, pinheiros, ciprestes-de-lawson e abetos, e nele pontuam diversas casas dos serviços florestais, de arquitetura típica de meados do século XX, miradouros e pequenas zonas de estadia.

A visita do parque oferece uma sucessão de perspetivas particularmente ricas. A aproximação ao rio Tâmega é um momento alto da visita. O rio, conforme a época do ano, ora se faz mais ouvir correndo entre pequenos rápidos, ora espelha a histórica cidade e a luxuriante vegetação das suas margens.

PARQUE FLORESTAL DE VILA POUCA DE AGUIAR

Localizado em encosta sobranceira a Vila Pouca de Aguiar, junto à Igreja Matriz, próximo do monte onde se situa o Santuário de Nossa Senhora da Conceição. O acesso é feito junto à estrada nacional, próximo do centro histórico da vila. A paisagem é dominada pela serra da Padrela e o planalto do Alvão.

O parque, com cerca de dez hectares, possui espécies notáveis de cedros, tuias, sequoias, ciprestes-de-lawson, cedros-do-buçaco olaias e camélias, que se erguem monte acima, conferindo um verde intenso como pano de fundo da vila. Uma estrada percorre monte acima todo o parque, com zonas de merenda, de estadia e de desporto, encontrando-se a estalagem no alto do monte.

PARQUE TERMAL DE CARVALHELHOS OU DAS CALDAS SANTAS

Está situado no vale do rio Beça, um afluente do Tâmega, e tem cerca de 25 hectares. Situado numa encosta arborizada, com acesso pelo lugar de Carvalhelhos, em Boticas, possui diferentes equipamentos e um conjunto arbóreo de interesse com carvalhos, cedros, azevinhos, ciprestes-de-lawson, choupos, tílias e pinheiros.

Na proximidade do parque, no alto do monte, encontra-se o Castro de Carvalhelhos, classificado como Imóvel de Interesse Público e com amplas vistas sobre o vale do Beça. Trata-se de um povoado proto-histórico com ocupação romana, por entre pinhal, percorrido por longos panos de muralha ainda visíveis e bem conservados.

QUINTA DO PRADO

Foi uma importante quinta agrícola na posse da família Pinto Dá Mesquita até 1918. Na década de 1990, iniciaram-se as obras de intervenção e adaptação para instalação da câmara municipal. Outros serviços foram instalados na quinta, vindo a constituir a nova centralidade da vila de Celorico de Basto. A antiga casa da quinta, com planta em “U”, loggia a sul e entrada por nascente através de um pequeno bosquete, ficou destinada a serviços da Presidência.

A envolvente imediata da casa foi adaptada a novas funções, mas, a poente, mantém-se o jardim traço de Manuel Joaquim Alves Soares, formado em Belas-Artes no Porto, por iniciativa de Emília Ermelinda Pinto Basto, que se casou com José Pinto Dá Mesquita de Queiroz e Lemos, senhor da Casa do Prado. Mantém-se o pequeno jardim de buxo com camélias talhadas e uma casa de fresco ao centro.

Com entrada pela Avenida da República, estende-se hoje um jardim público desde o portal até à fachada sul da antiga casa onde as camélias têm uma grande presença. O jardim recebeu o nome de “Jardim Arq. Ilídio Alves de Araújo”, em 2018, homenagem ao notável arquiteto paisagista natural de Celorico de Basto, autor da grande obra de referência Arte Paisagista e dos Jardins em Portugal (1962). Merece visita ainda a parte de construções agrícolas por trás da casa, em cotas mais elevadas.

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA APARECIDA

Localizado na veiga de Calvão, com acesso pela aldeia do Calvão. O complexo religioso, murado, com capelas, cruzeiro, quartéis de peregrinos e fonte, é envolvido por frondoso parque com exemplares de cedros, eucaliptos, ciprestes-de-lawson e abetos. Lugar de grande singeleza e genuinidade, muito próximo da raia, de onde se desfrutam de ‘vistas a perder de vista’ sobre toda a veiga.

Aqui terá aparecido a Virgem Maria a três pastores, em 1833, de seus nomes Manuel, Maria Rosa e Rosa Fernanda, tornando-se desde essa altura um local de culto com grande romaria no segundo domingo de setembro. O acesso é feito por alameda de cedros, ladeada por capelinhas do século XX, oferta de particulares.

Chegando ao recinto do santuário, à esquerda, encontram-se os quartéis de peregrinos e, à direita, três capelinhas, dedicadas ao Senhor da Cana Verde, à Nossa Senhora da Aparecida e a São José. A Capela da Senhora da Aparecida, de maiores dimensões, data de 1842, fica junto ao penedo onde terá aparecido a Virgem Maria.

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA

O monte Farinha, envolto em lendas antigas, também é conhecido por monte de Nossa Senhora da Graça cuja evocação é feita bem no alto onde se situa o santuário, quase a 1000 metros de altitude. O local tem origens muito antigas e é sujeito a várias intempéries. Avista-se de muitos pontos no vale do Tâmega, sendo um constante ponto de referência no horizonte.

A vista panorâmica de 360o é privilegiada e domina o vale com os seus aglomerados e as serras do Alvão, Marão, Barroso e Cabreira. Sobe-se à Senhora da Graça, a partir de Mondim de Basto, por uma estrada que faz parte de uma das mais emblemáticas etapas da Volta a Portugal em bicicleta. Ao longo desta, encontram-se locais para repouso e merenda, acessos pedonais ao santuário, assim como um antigo castro da Idade do Ferro, chamado Castroeiro.

O atual santuário, reconstruído em 1775, todo em granito, encontra-se no cimo de um escadório e está envolvido por quartéis de peregrinos, casa das estampas e instalações para retiros e residência do ermitão. Numa cota inferior à igreja, acessível por escadas e caminhos, possui três capelas dedicadas a momentos da vida de Nossa Senhora: a Anunciação, a Visitação e a Natividade. Perto, encontra-se o chamado de Alto dos Palhaços com uma pedra de grandes dimensões chamada Pedra Alta.

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DAS NEVES

Santuário de pequenas dimensões com recinto murado de cerca 4000 m2, num local totalmente isolado, de onde se domina a paisagem a perder de vista ao longo de um extenso planalto granítico com pequenos montes ao longe revestidos de matos.

A estrada de acesso atravessa os campos, por vezes murados, com pequenos bosquetes e chega ao pequeno portão do recinto onde está a capelinha alpendrada de Nossa Senhora das Neves. Atrás e à frente da capela, encontram-se pequenos edifícios de apoio aos peregrinos, alguns recentemente construídos.

O recinto é pouco arborizado, mas constitui-se em magnífico miradouro sobre uma paisagem rural, onde os rebanhos pastoreiam, conferindo-lhe um cenário idílico. Lugar singelo e ermo, tocante pela beleza e pela paz.

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DOS ENGARANHOS

Santuário isolado, passando pela muito antiga aldeia de Castelões, avistando a veiga de Calvão com cruzeiro de cariz popular e duas pedras com gravuras pré-históricas, no largo da aldeia. Chegando ao santuário, por um caminho rodeado de campos e bosquetes, encontra-se um conjunto de capelas votivas, construídas no século passado e, no alto, o quartel dos peregrinos e a pequena capelinha com um alpendre.

Atrás, encontra-se um grande penedo com uma pia que, reza a tradição, nunca seca e onde os peregrinos se banham. Nossa Senhora dos Engaranhos ou das Necessidades é advogada das doenças das pernas e a romaria é no primeiro domingo de setembro.

Este lugar terá origens em rituais pagãos muito antigos. O recinto é pontuado por penedos graníticos, testemunho de erosão antiga e continuada, tem um parque de merendas e destaca-se um notável carvalho que nasceu por entre as rochas. Lugar muito antigo, chegou a ser conhecido como “castelo” ou “outeiro dos mouros”. Por aqui passou Miguel Torga em 1982, referindo a “ermidinha tosca da serra, com lindas vistas e muita solidão”.

SANTUÁRIO DE SÃO CAETANO

É um santuário isolado em local alto de amplas panorâmicas, na encosta da serra da Pena d’El Rei, próximo da povoação de Soutelinho da Raia e da fronteira com a Galiza, rodeado por frondoso parque, com cerca de 20 hectares. O acesso é feito pela estrada municipal, com capela junto à estrada, possivelmente uma capela-mor de uma igreja que não chegou a ser construída, conhecida como capela de Tairiz ou Paimogo, pertencente ao santuário.

Chegando ao recinto do santuário, uma alameda de cedros culmina na capela oitocentista. Atrás desta capela, situam-se os quartéis de peregrinos, construídos no princípio do século XX. Numa cota mais baixa, está a capelinha dos Milagres, do século XVI, uma fonte e uma outra capelinha com vestígios arqueológicos no seu interior. O parque desenvolve-se numa encosta, com acessos por caminhos e escadas.

Possui recinto para missa campal, festas, e ampla zona de merendas sob frondosas copas. A romaria ocorre no segundo domingo de agosto. Neste local terá existido um mosteiro beneditino medieval de São Paio de Osso, que daria apoio ao Caminho de Santiago. Aqui encontra-se uma estação arqueológica romana e medieval, posta a descoberto em 1942 por obras no recinto.

SANTUÁRIO DO SENHOR DO MONTE

Santuário com parque com 15 hectares, no alto de um monte, na periferia da vila de Boticas, em local isolado, arborizado por pinhal. O acesso é feito por estrada monte acima. O visitante é recebido numa longa alameda de exemplares notáveis de pinheiros que culmina junto ao largo escadório do santuário, ladeado por dois coretos e dois notáveis carvalhos.

No alto das escadas, surge a igreja oitocentista, de dimensões consideráveis, com duas torres sineiras, rodeada por passadeira de promessas. Atrás encontra-se amplo recinto e construções de apoio aos peregrinos e, no alto de imponentes penedos, uma cruz. Em frente à igreja e em cota mais baixa, surgem dois grandes parques de merendas, com zonas para churrasco e amplas zonas de sombra feitas por carvalhos e cedros.

Do lado esquerdo do escadório, surge uma pequena capelinha de granito com imagem de Cristo e mais edifícios de apoio aos peregrinos. Mais afastado para norte, uma antiga casa de ermitão. Do alto do monte do santuário, avistam-se as alturas do Barroso e a serra do Leiranco, parcialmente ocultas apenas pelas copas do denso pinhal.

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