Revista Jardins

Jardins mediterrânicos

O cipreste, um dos elementos dessa identidade.

São os ciprestes, as oliveiras, as figueiras, as alfazemas, as estevas, as cevadilhas, as aroeiras, as santolinas e os alecrins, entre outras, que, com os seus diferentes portes arbóreos, arbustivos e herbáceos, compõem a maioria das espécies dos jardins mediterrânicos. Estes jardins têm um marcante fator em comum: o clima. São as suas condições específicas que levam a que o elenco florístico seja muito semelhante.

Predominam, assim, as espécies de folha persistente pois a sombra é desejada. O clima quente propicia também que as plantas libertem as suas fragrâncias com mais intensidade e a sua floração seja exuberante. As características das plantas mediterrânicas conjugam-se com os tons de terracota dos seus elementos decorativos como vasos, muros, pavimentos e outros elementos que compõem um jardim. Ao qual acresce o elemento água. Por vezes, também a presença de um outro elemento, de influência árabe, os azulejos.

É esta combinação que marca a identidade mediterrânica Apesar de o seu desenvolvimento ser a partir das zonas costeiras do mar Mediterrânico, é possível reproduzir este estilo de jardins em zonas de climas diferentes pois as espécies que os compõem geralmente apresentam uma certa resiliência e requerem baixa manutenção. Sendo o cipreste um exemplar arbóreo característico deste tipo de jardins, mas também porque está presente em áreas urbanas, em sebes, cercas ou áreas rurais como na proteção das culturas, este mês destacamos diferentes espécies deste género.

Referência bibliográfica:
Vasconcelos, T., Soares, A.L., Cunha, A.R., Forte, P. & Arsénio, P. (Eds.) (2020). Caracterização das Plantas do Parque Botânico da Tapada da Ajuda (Fichas 1 a 150). Série Coleção Botânica. Lisboa: ISAPress. 308 pp. [book, ISBN 978-972-8669-84-3].

Com a colaboração de Teresa Vasconcelos e fotografia de Paulo Forte.

CUPRESSUS LUSITANICA MILL.
Cipreste-do-buçaco

Origem: México, Guatemala.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 30 metros

Época de floração: Fevereiro-março.

Utilizações: Ornamental, madeira.

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: Quase ameaçado.

Breve descrição: Árvore monoica, perenifólia, até 30 metros de altura, com copa piramidal nos indivíduos jovens, aplanada no cimo nos adultos. Apresenta tronco ereto com ritidoma castanho-avermelhado, destacando-se em placas nos indivíduos jovens e acastanhado e longitudinalmente fendido nos adultos, ramos curtos, flecha e raminhos geralmente pendentes. As suas folhas são oposto-cruzadas, escamiformes, ovadas, imbricadas, pequenas 0,15-0,2 cm, e cobrem todo o ramo. As flores são unissexuais, as masculinas em estruturas com 0,4-0,6 cm e as femininas com escamas inicialmente glaucas, depois acastanhadas brilhantes, pedunculadas. Apresenta uma frutificação gálbulo globoso com 1-1,5 cm, 6-8 escamas oposto-cruzadas lenhosas espessas. Tem oito a dez sementes por gálbulo.

CUPRESSUS GOVENIANA GORDON
Cipreste-gowen

Origem: Estados Unidos da América.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 15 metros.

Época de floração: Fevereiro.

Utilizações: Ornamental, madeira.

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: Em perigo.

Breve descrição: Árvore monoica perenifólia, até 15 metros de altura. O seu tronco caracteriza-se por pernadas dispostas de forma irregular, com ramificações superiores levantadas e inferiores pendentes. As suas folhas são opostocruzadas, escamiformes, persistentes, imbricadas, aplicadas, bastante pequenas, geralmente verde-escuras baças, cobrindo todo o ramo. As suas flores masculinas apresentam-se em estruturas subglobosos, amarelo-esverdeadas e as flores femininas com escamas verticiladas esverdeadas. O seu fruto é um gálbulo subgloboso, de 2 cm de diâmetro, arroxeado em novo, brilhante, curtamente pedunculado com escamas espessas 6-8. As suas sementes, não achatadas, de 4-5 mm, castanho-escuras, são estreitamente bialadas.

CUPRESSUS SEMPERVIRENS L.
Cipreste-comum

Origem: Europa, Ásia ocidental e África de leste, mediterrânica.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 30 metros.

Época de floração: fevereiro – março.

Utilizações: Ornamental, matérias-primas (madeira aromática para fabrico de arcas).

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: –

Outras observações: Existem cultivares com copas de dimensões e formas muito variáveis, com ramos desde horizontais a verticais.

Breve descrição: Árvore monoica, perenifólia, até 30 metros de altura, com copa cónica ou piramidal. O seu tronco apresenta um ritidoma castanho-acinzentado, com pernadas numerosas aproximadas, ramos levantados ou patentes, raminhos finos de secção tetragonal. As suas folhas são oposto-cruzadas, escamiformes, imbricadas, aplicadas, ovadas, pequenas, de 0,5-1 mm, verde-escuras, lustrosas, iguais as faciais e laterais, cobrindo todo o ramo. As flores são unissexuais sendo as masculinas em estruturas ovoides, pequenas, de 0,4-0,8 cm, terminais e as femininas escamas verticiladas a protetora e a carpelar unidas. O seu fruto é um gálbulo globoso-oblongo, castanho-amarelado a acinzentado, grande, de 2,5-4 cm de diâmetro, com 8-14 escamas peltadas, oposto-cruzadas, contendo oito a 20 sementes, e com uma maturação bienal. As suas sementes são acastanhadas, estreitamente bialadas.

CUPRESSUS MACROCARPA HARTW.
Cipreste-da-califórnia, ciprestre-de-monterey

Origem: Estados Unidos da América.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 25 metros.

Época de floração: Fevereiro.

Utilizações: Ornamental, matéria-prima (madeira).

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: Vulnerável.

Breve descrição: Árvore monoica, perenifólia, até 25 metros de altura, com copa ampla e rasa quando adulta. Caracteriza-se por um tronco de secção irregular, com ritidoma castanho-avermelhado aclarando nos indivíduos velhos. As suas folhas são oposto-cruzadas, escamiformes, imbricadas, aplicadas, pequenas, 0,1-0,25 cm, triangulares, pouco agudas, verde-escuras. As flores masculinas apresentam-se em estruturas de 3-5 mm, subglobosas castanho-avermelhadas, terminal e as flores femininas com escamas verticiladas glauco-amareladas. A sua frutificação é um gálbulo oblongo-globosa, 2-3,5 x 2-2,5 cm, inicialmente um pouco glauca depois acastanhada, brilhante, curtamente pedunculada, escamas oposto-cruzadas. As suas sementes, com cerca de 4 mm, são angulosas, castanho-escuras, estreitamente bialadas, apresentando cerca de 18 e 20 sementes por gálbulo e uma maturação bienal.

CUPRESSUS ARIZONICA GREENE
Cipreste-do-arizona

Origem: Estados Unidos da América, México.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 20 metros.

Época de floração: Fevereiro-abril.

Utilizações: Ornamental, madeira.

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: Pouco preocupante.

Breve descrição: Árvore monoica, perenifólia, até 20 metros de altura, com copa piramidal densa e resina branca. O seu tronco é ereto com ritidoma fibroso e fendido, destacando-se em placas cinzentas na variedade glabra, com pernadas horizontais, ramos espessos, ereto-patentes, irradiando em todas as direções, raminhos de secção quadrangular, cobertos totalmente pelas folhas. As suas folhas escamiformes são oposto-cruzadas, imbricadas, aplicadas, pequenas, que, quando maceradas, exalam um cheiro desagradável. As flores são unissexuais, sendo as masculinas amarelas em estruturas terminais, numerosas, oblongas, de 4-5 mm, e as femininas com escamas ovulíferas e protetoras peltadas precocemente unidas. A sua frutificação é um gálbulo globoso a ligeiramente oblongos, glauco em novo, tornando-se castanho, curtamente pedunculado, de 2-2,6 cm de diâmetro, de maturação bienal. As suas sementes são aladas, até 5 mm, castanhas, com cerca de 100 por gálbulo, com pequenas glândulas resiníferas. Existe outra variedade: var. glabra (Sudw.) Little (cipreste-de-casca-mole) com ritidoma destacandose em placas finas, folhas com glândula resinífera proeminente na parte dorsal; sementes de 4-5 mm, azuladas devido à pruína.

CUPRESSUS TORULOSA D. DON
Cipreste-do-himalaia, cipreste-do-butão

Origem: Sul da Ásia.

Família: Cupressaceae.

Altura: Até 45 metros.

Época de floração: Fevereiro-março.

Utilizações: Ornamental, matérias-primas (madeira), medicina tradicional.

Propagação: Semente.

Estatuto de ameaça IUCN: Quase ameaçado.

Breve descrição: Árvore monoica, perenifólia, até 45 metros de altura, com copa largamente cónica. Com um tronco ereto até 60 cm de diâmetro, com ritidoma espesso, castanho-acinzentado, destacando-se em tiras longitudinais, fibrosas compridas estreitas, ramos verticilados, horizontais e ascendentes. A frutificação é um gálbulo geralmente maior que 12 mm com escamas peltadas, oposto-cruzadas, e geralmente dispostos em grupos num curto raminho; castanho-escuro no fim da maturação bienal. As sementes são castanho-avermelhadas.

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