Revista Jardins

Jardins de Portugal: Casa dos Biscaínhos

Vista do jardim de Buxo.

Uma visita à Casa-museu dos Biscaínhos, no coração de Braga, uma cidade recheada de bons atrativos para cativar os forasteiros e rodeada da inconfundível paisagem do Minho.

Andei pelo Minho a ver jardins e passei por Braga onde já não ia há alguns anos. Braga dá gosto. É uma cidade limpa, bem cuidada, bonita, onde se sente a presença de uma população jovem, alegre e ativa. É uma cidade velha rejuvenescida pelos estudantes que lhe dão o dinamismo próprio de uma cidade universitária. Braga tem muitos e bons motivos para encantar os seus visitantes nacionais e estrangeiros, estes, de resto, em elevado número. O magnífico Bom Jesus, a velha Sé, o Paço Episcopal, as suas ruas cheias de animação com esplanadas e restaurantes de ótima gastronomia, tudo torna Braga num pólo turístico irresistível.

Passeei por lá com gosto e descobri-lhe um novo encanto: o jardim e a Casa-Museu dos Biscaínhos. Construída no século XVII pelo Procurador-Geral da Mitra, Constantino Ribeiro do Lago (1619-1689), a casa dos Bíscainhos tomou o nome não da família proprietária como é habitual, mas da rua em que se situa. A rua dos Biscaínhos deve a sua denominação à presença de artífi ces da Biscaia que foram chamados no século XVI para as obras de valorização da cidade, e que aí se instalaram com as suas famílias.

A Casa dos Biscaínhos está fora do perímetro das muralhas medievais da cidade, o que leva a supor que teria sido no século XVII um aprazível local “fora de portas”, longe do ruído e da confusão urbana. No século XVIII, o filho de Constantino Ribeiro do Lago fez obras de ampliação que incluíram um jardim, no prolongamento da entrada principal da nova fachada da casa, que parece ter sido uma parte importante da propriedade pelo cuidado posto na sua composição, tipicamente Barroca.

O pátio interior da Casa dos Biscaínhos.

Um jardim muito português

De uma visita ao Museu destaco os magníficos painéis de Azulejos do século XVIII, atribuídos a António Vital Rifarto, onde, pela escadaria e Salão Nobre da casa, assistimos ao desenrolar  de cenas quotidianas passadas num jardim. Atualmente muito bem mantido, o jardim tem todos os elementos de um jardim tipicamente português: chafariz,  pombal, repuxos de água,  esculturas fontenárias, zonas de estadia, alegretes com revestimento azulejar  e  tanques de água parada. De um terreiro frente à casa, no centro do qual está um pequeno lago com uma escultura fontenária, passa-se para um jardim de canteiros geométricos de buxo, no centro dos quais imperam belas roseiras.

Cameleiras frondosas, magnólias e um Tulipeiro da Virgínia, proporcionam as zonas de sombra tão propícias aos recantos intimistas, e um tanque e pequenos lagos com esculturas em granito de onde goteja água , dão aquele toque de frescura tão necessário nestes dias quentes de verão. O jardim reflete bem a tendência da época, com um toque Barroco dado pelas inúmeras esculturas de Putti tocando instrumentos de música, guerreiros  de elmo e espada e Graças, espalhadas pelo jardim. Embora, atualmente, o jardim se localize no meio da cidade, graças a altos muros protetores e a arvoredo abundante, o único barulho que lá ouvi, para além das nossas vozes, foi o murmúrio da água e o chilrear dos passarinhos.

Braga e a Casa dos Biscaínhos devem, absolutamente, fazer parte do roteiro de verão de quem aí se desloque para desfrutar das festas e da bela paisagem do Minho.

Fotos: Vera Nobre da Costa

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