Pedraza de La Sierra é uma pequena vila medieval localizada na província de Segóvia e considerada uma das mais bonitas de Espanha. Só por si merece uma visita e é destino frequente dos madrilenos, já que dista apenas 130 quilómetros da capital espanhola.
Foi aí que Paco Muñoz, famoso decorador e designer de interiores instalou o seu refúgio para fugir ao bulício madrileno.
Numa manhã amena de junho, fomos aí recebidos pela viúva de Paco, Sabine Deroulede de Muñoz, que nos ofereceu uma visita à casa e aos seus jardins.
Sem ostentação nem luxo, Muñoz conseguiu a proeza de aliar um ambiente muito acolhedor e confortável com uma sofisticação com toques muito criativos que só um grande profissional consegue.
O jardim, com vistas para o Guadarrama, é um jardim naturalista, não muito grande, mas dá a ilusão de ser maior por estar dividido em zonas/recantos ornamentados por uma fonte, um poço, um caramanchão, que proporcionam um passeio tranquilo a admirar as vistas.
O bom gosto das zonas de refeições, da piscina (discretamente escondida por verdura) e de uma verdadeira “sala de estar” no centro do relvado, demonstram o gosto por receber dos donos da casa. Esta manhã deliciosa ficou rematada por um almoço na Casa Taberna, restaurante de Samantha Vallejo-Nágera, situado na Plaza Mayor, no centro da vila. Tivemos a sorte de nos ter sido oferecido um menú-degustación que merece uma paragem a quem estiver de visita a Pedraza.
Palácio de Galiana
Já perto de Toledo e junto às margens do Tejo, encontra-se o Palácio de Galiana, hoje propriedade privada da família Araoz-Marañón, mas que, no século XI, era uma residência de lazer do rei Taifa Al-Mamún. Infelizmente, nas guerras da reconquista, o edifício ficou parcialmente destruído, desaparecendo os seus vestígios islâmicos para ser recuperado já no século XIII no estilo mudéjar.
Depois de variadas vicissitudes ao longo dos séculos em que foi sucessivamente convento, residência de nobres e propriedade da imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III, o palácio e os seus jardins foram finalmente restaurados, em 1960, pelos actuais proprietários, atual proprietária, retomando todo o seu esplendor.
Foi Sofia Barroso, neta do casal Araoz-Marañón, e a sua filha que nos acompanharam na visita ao palácio. Ambas fazem atualmente a gestão da propriedade, cedendo-a para festas, casamentos e até filmagens de séries de televisão.
Soberbamente desenhados por Carmen Marañón, os jardins transportam-nos para séculos atrás, através de uma sábia combinação de elementos islâmicos e ocidentais. Ciprestes, romãzeiras, laranjeiras, oliveiras, lavandas e roseiras enquadram o passeio pela propriedade.
O elemento mais espetacular do jardim é um lago situado junto à entrada principal onde se reflete a estrutura do palácio bem como os elementos vegetais que o rodeiam. No final da visita, foi-nos oferecido um delicioso almoço de verão que nos fez chorar por mais.
Piedras Menaras
É uma finca situada em Guadalajara, a 30 quilómetros de Madrid, cujo jardim foi projetado pelo atual proprietário, Javier Mariátegui, arquiteto paisagista e autor do livro Gardens for the Senses. Trata-se de uma história de família já que tanto a mãe como a avó de Javier foram as anteriores responsáveis pelo traçado dos jardins desta casa de família.
Javier seguiu a tradição familiar e dedicou-se à jardinagem, tendo-se formado em Arquitetura Paisagista entre Espanha e Inglaterra. Conta na sua carteira de clientes famosos como Alicia Koplowitz e Florentino Pérez, e é atualmente uma referência em Espanha na área da arquitetura paisagista.
Nada disto transpareceu na simplicidade com que nos recebeu e guiou através de toda a propriedade.
É mais um jardim maravilhoso, onde nos sentimos bem e por onde apetece passear e repousar, onde a presença da água se mistura com uma vegetação bem própria daquela zona de Espanha. Caminhos de relva ladeados de lavandas e enormes canteiros de acantos estão enquadrados por ciprestes e oliveiras. O seu mote é “fazer jardins é a minha maneira de representar emoções. As emoções são a minha inspiração”, e isso transparece no tom com que vai descrevendo os vários arranjos paisagistas. Utiliza um grande número de plantas autóctones e afirma que “às vezes, fazendo o mínimo consegue-se o resultado mais espetacular”. Tomei disso nota quando reparei na quantidade de canteiros de acantos, que, no meu jardim, desaparecem no verão porque não lhes posso dar a rega de que necessitam dado o custo da água.
Fechámos a visita com chave de ouro com um magnífico almoço de saladas de verão, no jardim frente à casa, preparado pela irmã de Javier.
Veja a primeira parte deste artigo, Jardins Privados em Castela.
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