Revista Jardins

Medronheiro, uma planta útil para a saúde

O medronheiro era já referenciado pelos Romanos que o terão denominado Arbutus unedo. Vírgilio, chamava a esta pequena árvore, muito frequente em Itália, de arbustus, Plínio e os seus contemporâneos, designavam-na por unedo, de unum edo, que significa comer um só, talvez devido à sensação de embriaguez que provocava comer muitos frutos, sobretudo se já estivessem em processo de fermentação.

O nome científico é Arbutus unedo L. E pertence à família das Ericáceas, onde se incluem as urzes, os mirtilos, os arandos, a urvaursina, entre outras. Em Portugal é ainda conhecido como ervedeiro, ervedo, ervodo ou medronheiro comum.

O medronheiro é um arbusto lenhoso muito comum no nosso País e em toda a região Mediterrânica. Na realidade, pode considerar-se uma pequena árvore, pois nalguns locais chegar a atingir cerca de 10 metros de altura, sendo no entanto o seu porte médio 4 a 5 metros. Existe em quase toda a Europa Meridional em terrenos áridos e siliciosos, em bosques e matas e é muito comum na Serra de Sintra e nas serras Algarvias. Expandiu-se também para a Austrália, África e Irlanda.

Apresenta tronco turtuoso, ereto e ramos avermelhados, folhas persistentes, coriáceas e serrilhadas, flores campanuladas, brancas ou cor-de-rosa, que florescem entre outubro e fevereiro, os frutos maduros são muito redondos e vermelhos, com saliências piramidais que se assemelham a morangos, daí os ingleses a conhecerem pelo nome de “strawberry tree”, estes frutos colhem-se no fim do outono.

A madeira fina é muito apreciada no fabrico de objetos torneados, para embutidos e marcenaria, sendo fácil de trabalhar e polir. Além disso, a sua lenha é muito boa para aquecimento produzindo um excelente carvão.

Composição

Contém até 2,7 de arbutina, metuilarbutina, e outras hidroquinonas, um princípio amargo e taninos. A arbutina é anti-séptica para o aparelho urinário.

Esta árvore foi outrora muito popular devido aos bons resultados obtidos  nomeadamente no tratamento da sífilis que afetou bastante os homens no século passado.

Actualmente, ainda se utiliza para tratar infeções do aparelho urinário, pois tem uma acção bastante adstringente e anti-séptica sobre as vias urinárias, tornando-se útil em casos de cistites e uterites, mas também  limpeza do sangue, diarreias, desinteria, para infeções da boca e da garganta (gargarejar com uma infusão feita com as folhas frescas ou secas).

Pode utilizar as folhas, em infusão ou as raízes em decoção, deixando ferver cerca de 2 minutos, seguidos de 5 minutos de infusão. Deve ser tomada entre as refeições ou ao deitar como depurativo. Os frutos têm sabor farináceo, ligeiramente agridoce, muito utilizado no fabrico de licores, e especialmente destilados na famosa aguardente de medronho tão apreciada pelos especialistas.

Na culinária

Além do fabrico de licores e aguardente,  os frutos vermelhos do medronho ficam excelentes em fondue de chocolate, compotas, azevias e outros iguarias que a criativa imaginação culinária queira.

Para incentivar os produtos locais e dar um pouco mais de vida ao interior da serra do Caldeirão, mais especificamente São Bernabé, a Câmara de Almodôvar tem vindo a desenvolver  o festival do medronho e do cogumelo, onde se dão a conhecer as várias iguarias locais fabricados com produtos da serra quase sempre ainda de uma forma antiga e artesanal que vai sobrevivendo apesar das várias entraves legislativas.

Receita de licor

Para 1 litro de aguardente, 250 gramas de açúcar mascavado, 750 gramas de medronhos, um pouco de canela moída ou pau de canela. Esta preparação deverá macerar durante 15 dias em lugar fresco e escuro.

No jardim

O medronho é uma árvore bastante utilizada como decorativa, apesar de ser de crescimento lento. É muito resistente, tem um período de floração muito longo, as suas flores são muito apreciadas pelas abelhas que lhes retiram um pólen de excelente qualidade.

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