Revista Jardins

O Papa Francisco e as flores

Papa Francisco na missa de Páscoa no Vaticano. Foto: Instagram oficial do Papa (@franciscus)

Papa Francisco na missa de Páscoa no Vaticano. Foto: Instagram oficial do Papa (@franciscus).

Para chegar ao bairro de Flores a partir da cidade de Buenos Aires, Argentina, uma viagem de comboio basta. Os cerca de 45 minutos que o percurso demora são cada vez menos estranhos a turistas de todo o mundo. E o motivo que os leva a esta localidade com uma população de 150.000 pessoas é um nativo muito popular: Jorge Mario Bergoglio, desde 13 de março de 2013 mais conhecido como Papa Francisco, o líder supremo da Igreja Católica.

Vida em Flores

No bairro que o viu nascer, o Papa Francisco é afetuosamente chamado de “Papa de Flores” pelos residentes, segundo a entidade oficial de turismo de Buenos Aires. A ligação do bairro ao Papa é profunda. Um passeio pela localidade revela placas que assinalam a casa onde nasceu, onde viveu, ou a escola primária que frequentou.

Interior da Basílica de San José de Flores. Foto: Hernán Piñera.

Um dos locais mais simbólicos é a Basílica de San José de Flores, localizada no centro do bairro. Era lá que Jorge Mario Bergoglio e a família assistiam à missa aos domingos; foi também no confessionário desta Basílica que teve a revelação que o fez escolher uma vida dedicada à Fé. A carreira religiosa começou quando tinha apenas 17 anos de idade. Foi também em Flores, na Paróquia do bairro, que foi ordenado Bispo de Auca, em 1992.

Páscoa florida

A Praça de São Pedro, no Vaticano, enche-se anualmente de flores para a celebração da Páscoa. E o caminho destas plantas começa, de há 30 anos para cá, no país que é o maior exportador mundial de flores: a Holanda. Dezenas de floristas – a quem o Papa Francisco agradece pessoalmente – são responsáveis por preparar as cerca de 35.000 flores e árvores que decoram a praça. Este ano, as flores escolhidas foram túlipas amarelas, brancas, vermelhas e laranja, lírios, jacintos azuis e brancos e narcisos amarelos. A varanda central, de onde o Papa dá a missa, é decorada com rosas “Pearl Avalanche”.

O Papa Francisco na missa de domingo de Páscoa no Vaticano. Foto: @franciscus via Instagram.

O trabalho dos floristas é meticuloso. São precisos meses de preparação, que começam no outono, avança a publicação britânica  The Telegraph. A partir de fevereiro, os bolbos são mantidos em estufas a temperaturas específicas para que estejam em flor no domingo de Páscoa. Na semana anterior à data, as flores são abençoadas e depois transportadas em carrinhas refrigeradas para o Vaticano.

“Quando arranjamos as flores para a decoração, é preciso ter em conta o simbolismo das diferentes flores. O lírio é muito utilizado na Igreja Católica, tal como a rosa”, disse Paul Deckers, o florista-chefe responsável pelos arranjos florais no Vaticano, à publicação Floriculture International.

Depois do domingo de Páscoa, as flores não se desperdiçam. Os bolbos são plantados nos jardins do Vaticano e as restantes plantas são distribuídas pelas igrejas e mosteiros próximos.

Flores de esperança

É um ato frequente do Papa Francisco oferecer flores. Seja em honra à Virgem Maria, em capelas junto às suas representações, seja para prestar respeito às vítimas de desastres, como os fiéis que foram assassinados pelo Estado Islâmico na Igreja de São Pedro no Cairo, Egipto. As flores são um símbolo de esperança.

A ligação do Papa com a natureza reflete-se mesmo no nome papal que escolheu. A seleção do nome Francisco foi feita em honra a São Francisco de Assis, que demonstrava grande preocupação pela natureza e ecologia. O Papa Francisco diz, na Encíclica Laudato Si’, que”[São Francisco] é o santo patrono de todos os que estudam e trabalham na área da ecologia, e também é adorado por não-Cristãos. Ele preocupava-se particularmente com a criação de Deus e os pobres e excluídos. Ele mostra-nos o quão inseparável é o laço entre a preocupação com a natureza, a justiça para os pobres, a dedicação à sociedade e a paz interior.”

Veja aqui a mensagem que o Papa deixou para os portugueses em vésperas de chegar a Fátima.

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