Revista Jardins

A orquídea negra

Uma das orquídeas mais famosas é a Brasiliorchis schunkeana. No entanto, o seu nome não vos dirá muito. Toda a sua fama vem da sua rara cor. Esta é a verdadeira orquídea negra antes de ser conhecida.

Habitat e características

O habitat desta espécie é as florestas húmidas a altitudes entre os 600 e os 700 metros da mata atlântica brasileira. São plantas epífitas, crescem agarradas aos troncos e ramos das árvores, têm crescimento simpodial. São constituídas por pequenos pseudobolbos fusiformes, cada um com duas folhas finas. A planta tem um porte muito pequeno, cresce entre os 10 e os 15 cm. Da zona basal do pseudobolbo desenvolvem-se as flores, uma única flor por haste e cada flor não mede mais do que 1,5 cm. Sim, é verdade. A orquídea negra não mede mais do que 1,5 cm. Não se deixem enganar pelas fotos que vos mostram. Esta seria uma orquídea que, não fosse a sua cor, passaria talvez despercebida do grande público, ficando esquecida nos herbários dos museus e sendo cultivada apenas pelos orquidófilos colecionadores e de gostos mais específicos.

No entanto, sendo “a orquídea negra” e tendo a seu favor a facilidade do seu cultivo, é hoje em dia uma orquídea indispensável em qualquer coleção e muito procurada tanto por amadores como por orquidófilos mais conhecedores. Tendo sido classificada inicialmente como Maxillaria schunkeana (ou M. schunkiana), nome que ainda é muito utilizado, passou, no entanto, para o género Brasiliorchis em 2007, quando o género Maxillaria foi revisto à luz de novos estudos.

A orquídea negra tem um porte muito pequeno.

O cultivo

Sendo uma planta relativamente pequena, pode ser cultivada tanto em vaso como montada numa placa de cortiça. Eu prefiro cultivá-la num vaso ou numa pequena taça, onde é mais fácil manter a humidade que esta espécie aprecia. A planta gosta de ambientes mais temperados, mas pode adaptar-se a temperaturas mais frias. Não gosta de luz forte e nunca deverá ser exposta a sol direto. Um local mais sombrio é o ideal. Como substrato utilizo uma mistura para epífitas (casca de pinheiro média/fina com fibra de coco) onde se junta alguma perlite ou musgo de esfagno para manter o substrato mais húmido sem acumular demasiada água nas raízes.

É uma planta que não gosta de ser mexida, reenvasada ou dividida. Muitas vezes, parece que amua e não quer florir, mas, assim que atingimos as condições ideais de cultivo, podemos ter várias flores abertas em simultâneo e várias vezes ao ano. As flores duram cerca de duas semanas abertas.

A cor negra

A Brasiliorchis schunkeana na verdade não tem uma cor verdadeiramente preta, mas sim um vermelho-púrpuro-escuro que, dependendo da intensidade da luz, poderá parecer mais ou menos escuro. Mas na natureza é a orquídea mais escura que podemos encontrar, merecendo o mérito de ser a verdadeira orquídea negra. Hoje em dia, com as hibridações, podemos já encontrar outras orquídeas também bastante escuras e algumas até mais negras que a Brasiliorchis schunkeana. O Catasetum fredclarkeara ‘After Dark’ é um dos melhores exemplos, mas há também Mormodes, Vanda e o famoso Cymbidium Kiwi Midnight ‘Geyserland’ que também não é tão negro como o pintam.

Fotos: José Santos

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