Revista Jardins

Orquídeas em jardins mediterrânicos

Saiba quais as orquídeas mais bem adaptadas a este tipo de jardins, com um período seco mais prolongado.

Há orquídeas que se possam cultivar, todo o ano, nos nossos jardins mediterrânicos? Sendo estes jardins mais secos ou com um período mais seco e com plantas adaptadas a esse clima, não são muitas as orquídeas que se possam cultivar nesses jardins. No entanto, existem mesmo orquídeas que crescem nas zonas de clima mediterrânico.

Orquídeas silvestres

Todas as pequenas orquídeas que se encontram nos nossos campos seriam boas candidatas para cultivar num jardim mediterrânico. Existe uma grande variedade destas pequenas orquídeas, muito bonitas e coloridas, com formas interessantes que poderiam ser cultivadas em vasos ou num canto soalheiro do jardim.

Só em Portugal existem cerca de 70 espécies de orquídeas silvestres. São orquídeas bolbosas e que após a primavera, quando as temperaturas sobem e a chuva é mais escassa, a parte vegetativa seca e toda a vida e energia fica armazenada, durante uns meses, num pequeno bolbo subterrâneo. No final do inverno, com as chuvas, os bolbos “despertam” e essas orquídeas iniciam o seu crescimento vegetativo e, já na primavera, a sua floração.

Não são orquídeas de grandes flores nem muito vistosas. São as Orchis, as Ophrys, as Dactylorhiza, as Anacamptis e as Serapias, para nomear algumas, e o nosso problema é que não é legalmente permitido o seu cultivo sem termos uma prova de compra. Todas as orquídeas que existem no nosso país são protegidas por lei e, para podermos tê-las como plantas de jardim, temos de ter uma prova, uma fatura, de que foram compradas e não coletadas na Natureza.

Por isso, tenham cuidado, as multas podem ser pesadas. Estas que aqui mencionei só se encontram à venda em mercados muito especializados. Não são fáceis de encontrar.

Alternativas

Existem, no entanto, orquídeas que, apesar de serem originárias do continente asiático, da China, Taiwan e Japão, têm um crescimento semelhante às orquídeas europeias de climas mediterrânicos podem – e devem – ser cultivadas nos nossos jardins. São as Bletilla striata, muitas vezes encontradas à venda como “orquídeas de jardim”.

As Bletilla striata são plantas que atingem os 30 cm de altura e são constituídas por um rizoma subterrâneo (parecido com um bolbo). No final do verão, o vegetal seca totalmente e o rizoma fica na terra em dormência; no inverno, começa a despertar e a desenvolver um caule folhoso verde-claro e, na primavera, aparecem as hastes florais, com flores de cinco a seis centímetros de cor rosa-forte e com um labelo cheio de “dobras”, muito bonito.

A cor normal das flores é o rosa, mas podemos encontrá-las brancas (a forma Alba) e também amarelas ou em diferentes tonalidades de rosa, desde o mais claro até ao lilás azulado. As flores duram entre três semanas e um mês e podem ser cultivados em vaso, floreiras ou em canteiros de jardim. Os vasos e floreiras devem ter boa drenagem para evitar que, com a chuva, fiquem alagados, e o substrato utilizado pode ser uma boa terra de jardim onde podemos misturar um terço da quantidade de perlite. São regados como qualquer planta de jardim e devem ser fertilizados quando começamos a ver os rebentos a “espreitar” na terra.

Eu uso fertilizante líquido ou em pó, diluído na água de rega, em duas regas por mês desde que começam a brotar da terra e até ao final da floração. Estas orquídeas são polinizadas por abelhas e outros insetos e, em poucos anos, temos muitas plantas que formam grupos muito atrativos quando estão em flor. Ficam muito bem combinados com outras plantas bolbosas como túlipas ou outras a gosto.

Cymbidium no jardim

Não podemos esquecermo-nos dos nossos adorados Cymbidium, que, desde que a zona de cultivo não seja uma zona de fortes geadas ou neve, podem, com alguns cuidados, ser cultivados num jardim mediterrânico. Estas orquídeas podem ser cultivadas em canteiros, mas as florações podem ser menores pois são plantas que gostam de ter as raízes apertadas.

Podem, como alternativa, cultivá-las em vasos, numa mistura para orquídeas, com casca de pinheiro e enterrar o vaso de modo a parecer que as plantas estão na terra. Assim, se e quando for necessário, os vasos podem ser desenterrados e movidos sem danificar a planta. Para um melhor resultado, escolham as variedades ou híbridos que têm as suas florações mais tardias, na primavera, que serão mais fáceis de manter devido ao frio gelado que muitas vezes “coze” as hastes florais.

Há também que ter em atenção os ataques de caracóis e lesmas, que mais facilmente têm acesso às plantas num canteiro de jardim.

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