Revista Jardins

Quinta da Boa Vista: um paraíso tropical repleto de jóias naturais

A Quinta dispõe de uma área de venda ao público

Estive há poucos dias na Ilha da Madeira e vim deslumbrado com o que vi por lá! Para quem, como eu, procura conciliar férias com visitas a jardins e, se possível, a coleções de orquídeas, não pode deixar de visitar a Quinta da Boa Vista.

São quase 10 hectares de jardim cultivado com muito gosto e amor pelas plantas por várias gerações de paixão botânica. O resultado só podia ser um paraíso tropical repleto de jóias naturais oriundas de todo o mundo onde (e sou suspeito neste aspeto) saliento uma fabulosa coleção de orquídeas.

Cymbidium

História

A quinta foi criada no séc. XVII mas só em meados do séc. XIX assumiu a designação que mantém até ao presente.

Os seus donos desde essa altura, descendem do casamento de uma portuguesa, que herdou a quinta de um tio, com um inglês, que resultou em dois filhos. Um deles, o oficial da Real Força Aérea Britânica, Cecil Garton, casou com Elizabeth Cooke, uma inglesa que tinha um viveiro de orquídeas em Inglaterra. O casal resolveu converter a quinta num orquidário onde se cultivam até hoje, ainda sob a orientação da D. Elizabeth, e do seu filho, Patrick, uma enorme variedade de orquídeas e outras plantas tropicais que me deixaram encantado.

Robiquetia cerina

Localização

A Quinta da Boavista fica situada a poucos minutos do centro do Funchal, na rua Lombo da Boa Vista. A entrada é paga e o jardim está aberto ao público todos os dias excepto ao domingo e feriados, das 9h às 17:30h.

A disposição do jardim é muito curiosa e algo comum na ilha, devido à sua disposição em socalcos ou patamares. Muitos deles ocupados por estufas onde são cultivadas as plantas, outros dão lugar a pequenos jardins murados que se podem visitar, e um após outro, cada recanto vai revelando as suas maravilhas botânicas.

Epidendrum

Devo dizer que tive o privilégio de visitar a quinta na companhia de amigos que vivem na ilha, um deles, um jovem botânico apaixonadíssimo por plantas. Cada vegetal, cada flor e cada detalhe curioso foi-me mostrado ao pormenor. Por isso aconselho a que vão com tempo. Tempo para visitar o espaço, que é grande, tempo para desfrutar da calma da ilha, para se sentar a uma sombra e para observar as plantas e flores ali existentes.

A visita à quinta

O coração da quinta é uma área que funciona como recepção, zona de vendas e onde estão em exposição os melhores exemplares floridos de orquídeas bem como outros acessórios e curiosidades.

Hibrido de Cattleya

A coleção de orquídeas existente na Quinta da Boa Vista tem a sua origem no então Wyld Court Orchids, um orquidário em Inglaterra, perto de Newbury, na província de Berkshire. Neste sítio a D. Elizabeth e o seu pai, Sir William Cooke, foram pioneiros no cultivo de orquídeas, especializando-se em Cymbidium; além de possuírem uma extensa coleção de espécies mais raras. Ambos acabaram por fazer parte do Comité de Orquídeas da Royal Horticultural Society (RHS) e a sua coleção foi várias vezes premiada.

Apesar de épocas próprias para floração, como existem muitas espécies de orquídeas e a coleção da Quinta da Boa Vista tem bonitos exemplares das mais variadas espécies de todo o mundo. Existem sempre orquídeas a florir e a área de exposição está sempre em pleno, radiante de beleza, perfume e cor.

Vinha-de-jade

A primavera é uma época privilegiada para obeservar as bonitas trepadeiras Vinha-de-jade (Strongylodon macrobotrys) ou a Sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis). Realço ainda os vários tipos de Flor-de-maracujá (Passiflora). Durante todo o ano, o calor e a humidade da ilha favorecem o cultivo das Bromeliáceas, ali representadas por tantas espécies e híbridos diferentes. No final no ano, reinam os Sapatinhos (Paphiopedilum) e tantas outras.

Passiflora

Em qualquer estação ou altura do ano, se está de visita à Ilha da Madeira e gosta de plantas e jardins, a Quinta da Boa Vista é um lugar a visitar.

Foto: José Santos

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