Revista Jardins

Quinta Vigia

Quinta Vigia

 

A Quinta das Angústias “é de origem seiscentista. O conjunto de edifícios que a compõem integra a Capela de Nossa Senhora das Angústias, cuja construção remonta a 1662” (Rui Campos Matos – As Origens do Turismo na Madeira, 2013, p. 96).

A Quinta das Angústias sofreu grandes alterações na segunda metade do século XVIII, após a sua aquisição por Dona Guiomar de Sá Vilhena (1705-1789). Esta grande proprietária da Madeira, que competiu com sucesso com os ingleses na produção e comércio de vinho, fez obras na casa e construiu no cimo da arriba um mirante donde controlava a movimentação dos seus barcos e da concorrência, desfrutando duma vista soberba da baía e anfiteatro do Funchal.

 

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Mas não foi só no domínio comercial que a morgada se notabilizou. Atenta às novidades da sua época, aderiu à moda da importação de plantas ornamentais e fez da Quinta das Angústias um jardim de aclimatação com grande riqueza florística.

Após a morte de Dona Guiomar, a propriedade foi herdada pelo seu sobrinho João Carvalhal Esmeraldo, fundador da Quinta do Palheiro Ferreiro, que “em 1815 vendeu a casa e arredores a António José Monteiro” (Bernardete Barros – Dona Guiomar de Sá Vilhena – Uma Mulher do Século XVIII, 2001, p. 44).

 

 

Em meados do século XIX, era “a mais cara e cobiçada das quintas de aluguer da Madeira” (Matos, ob. cit., p. 96). Dona Amélia, imperatriz do Brasil, e a sua filha Maria Amélia instalaram-se aqui a 28 de agosto de 1852 na esperança de que os bons ares da Madeira ajudassem a curar a tuberculose que molestava a jovem princesa, que não resistiu à enfermidade, tendo falecido, com 21 anos, a 4 de fevereiro de 1853.

Em 1979, a Quinta das Angústias foi adquirida pelo Governo Regional da Madeira, que realizou obras na capela, na casa senhorial, no mirante e nos jardins, com o objetivo de instalar a residência oficial e os serviços da presidência, que ali começaram a funcionar a 2 de maio de 1984.

Porque um governo dirigido a partir das Angústias não parecia bem, passou a chamar-se Vigia, designação repescada da quinta que existira a oeste e que desaparecera no início da década de 70 do século XX com a construção de três edifícios (casino, hotel, centro de congressos), cuja autoria é atribuída a Oscar Niemeyer em colaboração com o arquiteto português Viana de Lima.

Na Quinta Vigia (9200 m2 ), vivem entre 260 e 270 espécies de plantas. É enorme a supremacia das espécies perenifólias nativas das regiões de clima tropical e subtropical. O regime de folheação tem muito pouca influência na imagem do jardim ao longo do ano. As variações cromáticas são essencialmente devidas às florações. O pinheiro-da-nova-caledónia (Araucaria columnaris), que ultrapassa os 50 metros, é a árvore mais alta do Funchal e uma das muitas atrações botânicas deste jardim.

 

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