Revista Jardins

Relvas de verão: Bermuda

Se o seu jardim tem bermuda, Cynodon dactylon x traansvaliensis), chegou a hora de preparar o seu relvado para a primavera e verão.

A primeira operação a realizar, caso se tenha descuidado e não tenha aproveitado a dormência para “limpar” a sua relva de infestantes, quer de folha larga (dicotiledóneas) quer de folha fina (monocotiledóneas, sobretudo gramíneas), é a eliminação dessas infestantes.

As de folha larga podem ser eliminadas com recurso a monda química, já que existem herbicidas homologados para o efeito, (que devem ser aplicados por aplicadores profissionais certificados, ou então através de adubos com ação também herbicida. As infestantes de folha fina, nesta altura do ano por falta de herbicidas homologados, têm de ser eliminadas por monda manual ou controladas pelo corte da própria relva.

Rega

Uma vez o seu relvado livre de infestantes e o sistema de rega, nem que seja por aspersores móveis, em perfeito funcionamento, com os aspersores/pulverizadores limpos e desentupidos, as eletroválvulas em perfeito funcionamento e a tubagem sem roturas, garantindo o recobrimento de todo o seu relvado sem deixar zonas com excesso de água e outras com falta desta, estamos em condições de pôr em prática o programa de trabalhos de preparação para o verão, assim que tenhamos uma semana com temperaturas acima dos 16-18 ºC.

Cortes

Entre abril e junho, a sua bermuda, como “relva de verão” que é, apresenta-se já completamente fora de dormência e com crescimentos já significativos em termos de parte aérea que lhe devem conferir um aspeto pouco homogéneo em termos de parte aérea.

A primeira operação de corte do ano deve ser realizada para obtermos uma altura de corte máxima de 2-2,5 cm de altura da relva.

Escarificação

Caso a sua relva apresente uma camada de manta morta espessa (superior a 2 cm), que lhe confere uma consistência de tapete fofo ao caminhar sobre ela, então deve fazer uma operação de escarificação para que o excesso de manta morta seja retirado.

Esta operação deve ser realizada com equipamento munido de facas em ‘L’ que literalmente arrancam parte da manta morta. Se a camada de manta morta for muito espessa, a escarificação deve ser realizada em duas passagens cruzadas.

A relva devera ser rolada e regada de seguida; não se assuste com o aspeto o seu relvado, uma vez que a relva recuperará rapidamente desta operação.

Se a sua relva apresentar uma densidade deficiente e/ou falhas no recobrimento (vulgo “meio careca”) mas sem manta morta acumulada, então deverá realizar uma operação de verticut (corte vertical do relvado com facas triangulares que abre fendas na zona de manta morta, mas também lhe estimula o crescimento lateral, por corte dos estolhos e rizomas.

Também neste caso é aconselhado rolar a relva depois do verticut, sendo imprescindível regar abundantemente de seguida.

Os equipamentos para estas operações devem ser mecânicos, uma vez que, tanto no caso do verticut como da escarificação, as relvas de verão necessitam de equipamentos com maior capacidade do que as relvas de inverno.

Uma vez que o crescimento por estolhos e rizomas é predominante nas relvas de verão, estes são capazes de regenerar completamente as zonas menos densas do seu relvado, podendo no entanto ser necessário espalhar nas zonas menos densas os estolhos e/ou rizomas recolhidos da escarificação das zonas mais densas.

Esta operação deve ser executada por distribuição deste material vegetal nas zonas “carecas”, com um ligeiro recobrimento, obtido só pelo arranhar da superfície do solo. A rolagem logo de seguida é neste caso necessária e a rega abundante não pode faltar nesta fase.

Adubação

A operação seguinte deve ser a adubação. Nestas relvas, a utilização de um adubo ternário (ou seja com os três macronutrientes principais o azoto (N), o fósforo (P) e o potássio (K) deve ser a adubação preferencial, mas é melhor optar por um adubo de libertação rápida (adubo convencional) já que neste tipo de relva queremos disponibilidade imediata de nutrientes.

No caso destas relvas, o tipo de relação N:P:K do adubo a utilizar deve ser do tipo 2:1:2 (ou o mais aproximado possível), a executar em abril, na dose de 2,5 g de N/m2 (os outros elementos serão fornecidos à relva na razão correspondente ao tipo de equilíbrio utilizado).

As adubações seguintes deverão ser executadas em cadência mensal com um adubo com uma relação 2:0:1, de libertação rápida, com uma razão de N/m2 também de 2,5 g até ao mês de setembro. É muito importante só iniciar a adubação quando a sua relva tiver saído de dormência, ou seja, iniciar o crescimento de folhagem nova à custa das suas próprias reservas, já que o facto de adubar cedo de mais pode provocar um crescimento demasiado rápido, podendo a relva entrar em colapso.

O adubo deve ser espalhado de forma a garantir um recobrimento na totalidade do relvado, mas sem excesso de adubo, que pode queimar a relva. Se não choverem pelo menos 4 mm depois destas operações, terá de regar. A dotação recomendada será de 4 mm, e o tempo de rega depende do seu material de rega (se a sua manutenção está entregue a uma empresa, esta saberá que tempo tem de pôr a regar para que a relva receba esta quantidade de água; se faz você a manutenção, então consulte as tabelas dos aspersores/pulverizadores onde encontrará estes valores).

Mantenha o relvado com rega suficiente para que não tenha sintomas de sede, mas também não apresente encharcamento. São as condições climáticas que lhe dirão quantas vezes regar por semana, lembre-se, no entanto, que as “relvas de verão” são muito menos exigentes em água do que as “relvas de inverno” (pode considerar como referência uma diminuição para metade nas necessidades hídricas das misturas de inverno).

Os cortes semanais do seu relvado são importantes para a manutenção da qualidade da relva e, no caso de uma “relva de verão”, são apenas um esforço sazonal, já que de i•nverno a relva lhe dá descanso.

CURIOSIDADES

O verticut retira menos matéria orgânica mas abre o relvado para a fertilização e ressementeira.

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