O jardim das roseiras existe porque outras pessoas me inspiraram com o seu gosto pelas rosas e dessa inspiração nasceu este recanto, que, embora pequeno, se tornou uma das secções mais relevantes do meu jardim.
A possibilidade de experimentar diferentes combinações de plantas vivazes e roseiras revelou-se desafiante, mas cheia de entusiasmo. Ao executar esta secção, o jardim passou a fazer parte dessa vasta história das roseiras, alinhando-se com tantos outros pequenos e grandes jardins por esse mundo fora que escolheram a rosa – onde se somam variedades e onde se guarda a memória das roseiras antigas e modernas.
Durante anos, as rosas não me interessaram, até perceber que estava a desperdiçar uma parte importante da satisfação de jardinar em clima mediterrâneo: as roseiras dão-se muito bem no nosso clima, muitas têm origem nesta parte do mundo e há uma altura do ano em que realmente é insubstituível o prazer de se ter rosas no jardim.
As rosas antigas
O meu maior interesse está nas rosas antigas, sobretudo as da origem europeia e mediterrânea – geralmente pertencentes às classes das gallica, albas, damascenas, musgosas e centifólias. Mas não se pode negar tudo o que aconteceu depois do cruzamento com as rosas que vieram do Extremo Oriente. Deste encontro surgiram novas cores, novas formas e sobretudo a muito desejável remontância na floração. Todos estes atributos tornaram o mundo das rosas modernas ainda mais diversificado e excitante – e por isso eu não poderia deixar de fora do jardim tantas das magníficas roseiras criadas nas últimas décadas, as quais se distinguem pela repetição da floração, pela saúde e formato da flor.
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Bordaduras de roseiras e outras plantas
Combinar roseiras com plantas vivazes é, como disse, um desafio mas são estas plantas que valorizam os canteiros de roseiras: entre as plantas que mais se destacam como companhia para as roseiras, temos a Nepeta ‘Six Hills Giant’ – que faz um trabalho insubstituível durante os vários meses de verão, valorizando muito as flores das roseiras antigas; a Centranthus ruber – outra planta que é bem conhecida pela continuidade de floração durante toda a época das rosas e cujas flores complementam bem o formato das rosas mais cheias; os gerânios vivazes são outras das minhas plantas favoritas para combinar com roseiras – o Geranium ‘Orion’ e o Geranium ‘Chocolate Strawberry’ formam companheiros bastante sofisticados, combinando bem com os tons púrpura e magenta e não param de dar flor durante meses a fio.
Outras plantas que merecem referência aqui são as alfazemas, qualquer uma delas, mas destaco a Lavandula ‘Hidcote’ e a nossa Lavandula stoechas; a Stachys lanata – com interesse durante quase todas as estações do ano e porque apresenta grande tolerância à secura e, por fim, o Penstemon ‘Garnet’ –, que, em questões de cor e de durabilidade, bate muitas das outras vivazes.
As três rosas mais floridas do jardim
O ano de 2022 não foi um ano particularmente feliz no que toca a roseiras, um ano muito seco – entre os três mais secos desde que há registo – que trouxe consigo doença e más florações. Ainda assim, destaco aqui três das melhores rosas em floração durante a época passada: ‘Russelliana’ – o charme deste antigo híbrido de multiflora tem paralelo com muito poucas das rosas que tenho no jardim e só se entende quando a vemos ao vivo. A sua cor é difícil de explicar – um magenta-vermelho ou um lilás encorpado? O centro é mais escuro e as margens num tom suave.
A sua forma lembra um redemoinho e o perfume é forte, de rosa antiga. Inebriante. Outra que destaco é ‘Cybelle’, uma criação de Massad já à beira do século XXI. Uma roseira moderna cheia de generosas qualidades: as rosas são copadas, de um cor-de-rosa denso, adornado por um centro de estames amarelos. A folhagem é lustrosa e saudável. ‘Cybelle’ é uma rosa extremamente perfumada, sendo impossível não se notar o perfume quando se está por perto. Alem disso, forma uma fácil trepadeira que chega aos 3,5 metros e se enche de rosas em profusão fértil, pelo menos duas vezes por ano. A última rosa que apresento é ‘Spirit of Freedom’, uma rosa inglesa criada por David Austin. É uma roseira de charme distinto – no meu jardim forma uma trepadeira com cerca de três metros que cresce de braços dados com uma velha ameixeira. As rosas em si são copadas, grandes e, quando abrem, revelam um coração livre e cativante. Pode-se pegar nestas rosas e ficar com a mão cheia, tal o tamanho e abundância de pétalas. Pode voltar a florir além da floração de primavera, sobretudo a partir de outubro. O perfume é moderado, mas a beleza nesta rosa é livre e intensa.
Estas são só três rosas das que tenho, mais três boas razões pelas quais vale a pena fazer um jardim dedicado às roseiras. Existem, no entanto, muitas roseiras por onde escolher, se tiver oportunidade, plante umas quantas – os roseirais não podem fazer parte do passado, merecem uma oportunidade! Acrescente-se às rosas algumas plantas vivazes e o resultado será com certeza feliz.
Aprenda a tratar das suas rosas
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