Revista Jardins

Viajar pelas plantas

Uma passagem para o mundo sem sair de casa!

Numa fase em que as viagens ainda nos são desaconselhadas, as plantas relembram-nos o exotismo e tropicalidade dos destinos mais remotos e aproximam-nos dos paraísos longínquos que ainda não conseguimos visitar. A Calathea, a Monstera, os Nephrolepsis, a Strelitzia, o Philodrendron e muitos outros fazem-nos dar uma volta ao mundo sem sair da nossa própria casa e isto porque grande parte das plantas que temos indoor têm a sua origem em ambientes exóticos. São normalmente plantas originárias de florestas de clima quente e húmido muito ricas em biodiversidade e que por isso nos transportam para estes paraísos idílicos, contudo, existem algumas surpresas! Embarque nesta viagem pelo mundo das plantas e aperceba-se de que, de facto, não existem plantas de interior, mas sim plantas que se adaptam a ambientes interiores.

MONSTERA DELICIOSA

A planta que não pode faltar em nenhuma urban jungle é oriunda da densa floresta tropical húmida da América Central e podemos facilmente perceber isto ao olharmos para ela: os orifícios das folhas são meramente funcionais – na floresta, permitem a resistência à chuva e ventos fortes. Além disto, estes tão cobiçados buraquinhos nas folhas permitem a passagem de luz para a folhagem que se encontra mais próxima do solo mesmo apesar de serem trepadoras e aproveitarem esta característica para subirem às árvores em busca de luz.

Luminosidade: Ambientes com luz e meia-luz (não suporta sol direto).

Rega: Moderada. Deve verificar-se a humidade do substrato antes de voltar a regar.

Solo: Dado tratar-se de uma planta epífita, dá-se bem em muitos tipos de solos embora prefira francos ou limosos ricos em matéria orgânica.

Nível de cuidado: Baixo a médio.

ZAMIOCULCA

Esta planta que tanto tem dado que falar e que conquistou os nossos corações, casas e escritórios é originária de um clima muito diferente do tropical húmido. Já se questionou por que motivo é que a ZZ suporta tantos dias sem água e suporta ambientes com pouca luz? Como é nativa dos terrenos áridos e rochosos da África Oriental, desenvolveu características que lhe permitiram prosperar nas condições mais adversas: folhas muito lisas e cerosas para ajudar a refletir a luz e rizomas com uma enorme capacidade de reter água.

Luminosidade: Aprecia luz natural abundante, mas resiste a espaços com pouca luz.

Rega: Mais tolerante à seca do que ao excesso de água – deixar o substrato secar completamente antes de voltar a regar.

Solo: Não é exigente desde que plantada num substrato com boa drenagem

Nível de cuidado: Baixo.

PACHIRA AQUATICA

É originária de zonas pantanosas da América Central, norte do Brasil e Peru, pelo que aprecia temperaturas amenas e ambientes húmidos. É, provavelmente, uma das plantas mais antigas a ser relacionada com a fortuna e que ainda hoje predomina na ornamentação de escritórios, casas, lojas e centros comerciais na Ásia devido a esta associação. Não precisa de muitos cuidados além de luz abundante e regas regulares. Como é proveniente de zonas pantanosas e está habituada a ter as suas raízes submersas ou com muita humidade, aprecia ambientes húmidos e tolera mais água do que as outras plantas. Se olharmos para esta planta com atenção, percebemos que nos conta a sua história: a base do caule é normalmente mais grossa porque contém uma reserva de água que acumula para utilizar nos períodos em que os níveis de água descem.

Luminosidade: Pelo menos 4-5 horas de luz indireta.

Rega: Regar abundantemente, mas garantir que o substrato está seco entre regas.

Solo: Substrato com boa drenagem.

Nível de cuidado: Simples – garantir a limpeza das folhas e adubações de dois em dois meses.

ALOCASIA MACRORRHIZA

Quando pensamos em plantas que facilmente se tornam obras de arte na nossa casa, dificilmente não nos ocorre esta Alocasia. As suas enormes folhas são o resultado de anos de adaptação ao seu habitat na base das incríveis florestas da Malásia: como árvores e grandes arbustos impedem a luz solar de chegar ao solo, as plantas que habitam a base encontram formas de se adaptar e sobreviver. No caso desta Alocasia comummente designada como orelha-de-elefante, desenvolveu longas folhas que fazem as delícias de qualquer amante de plantas. Tem um imponente crescimento vertical dado que os seus caules se desenvolvem em altura e as suas folhas atingem grandes dimensões no topo. Os seus rizomas são utilizados em vários pratos asiáticos à semelhança do inhame (proveniente de outro género de plantas magníficas: as Colocasia).

Luminosidade: Embora seja brilhante, a luz indireta é melhor, sol da manhã ou da do fim de tarde.

Rega: deixe o terço superior do solo secar entre as águas, reduzindo ainda mais no outono e no inverno.

Solo: profundo, rico em matéria orgânica.

STRELITZIA NICOLAI

Não poderia deixar de ser referida a planta do momento: a estrelícia-gigante ou ave-do-paraíso. A procura desta planta é crescente e prende-se com o seu aspeto elegante e exótico, capaz de nos transportar para qualquer selva deste mundo.

Mas, na verdade, esta planta não é nova nos nossos jardins e existem grandes exemplares em espaços verdes do nosso País. A novidade está em trazer um pouco dos ambientes do sul de África (de onde é originária) para o interior das nossas casas. Há que lembrar que é uma planta que cresce acima de um metro e oitenta de altura, mesmo dentro de casa, pelo que se deverá garantir espaço para que se desenvolva.

As suas folhas largas e arqueadas são utilizadas para garantir contraste de textura de folhas em espaços cuja inspiração é baseada nos ambientes tailandeses e balineses, mas há um ponto que quem a adquire não se pode esquecer: não é natural que as suas folhas estejam imaculadas. Mesmo que não haja vento, surgem rasgos nas folhas!

Luminosidade: Quando colocada no exterior e plantada em solo, aprecia sol direto. Em interior, requer muita, muita luz.

Rega: Aprecia solo húmido durante os meses mais quentes. Regar quando os 4-5 cm superiores do solo estiverem ligeiramente secos.

Solo: profundo, rico em matéria orgânica.

Muitas são as plantas que nos fazem viajar e neste artigo são referidas várias que, no nosso clima, são mais frequentemente utilizadas em interior. Contudo, todas as plantas são originalmente de exterior, pelo que podem também ser aplicadas nos nossos espaços verdes. É importante salientar que ter plantas exóticas não é um antónimo de ter um jardim sustentável e que o segredo se encontra no equilíbrio! Na fase de construir um jardim de raiz, escolha a inspiração pretendida, mas aconselhe-se com um profissional para encontrar as melhores soluções – não só para não interferir na lógica do local em que se insere, mas para garantir que a biodiversidade e sustentabilidade do espaço não são esquecidas.

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