A processionária ou lagarta do pinheiro como também é designada, deve a sua denominação ao facto das lagartas se deslocarem umas a seguir às outras lembrando uma procissão.
Morfologia
Imago ou Inseto adulto
A praga apresenta um reduzido dimorfismo sexual, sendo o macho com 30-40 mm e a fêmea com 35-50 mm de envergadura. Os seus tórax são pubescentes e acinzentado na fêmea, sendo ainda o abdómen ligeiramente cónico no macho e amarelado, ao passo que na fêmea é cilíndrico e amarelado.
As asas anteriores são acinzentadas, e com 3 faixas transversais escuras no caso do macho, sendo as asas posteriores branco amareladas, marginadas de cinzento com mancha escura na região anal.
Posturas ou Ovos
Os ovos encontram-se agrupados em 2 ou 3 agulhas, contendo entre 70-300 ovos cobertos com escamas abdominais da fêmea. A coloração da postura é amarelo dourada.
Larvas ou Lagartas
As larvas são gregárias e passam no seu desenvolvimento por 5 estágios ou instares. No 1º instar a coloração é verde, a cabeça negra e o corpo revestido de pelos brancos.
Podem medir entre 1 e 3 mm de comprimento. No 3º estádio a coloração é negra dorso lateralmente e branca na face ventral, adquirindo assim o seu aspeto final.
Nesta fase surgem os pelos urticantes, cuja abundância aumenta com os instares. No 5º instar a lagarta pode medir entre 3 a 5 cm de comprimento.
Pupas ou “Casulos”
A pupa, isto é a fase na qual a lagarta de transforma em borboleta, é subterrânea; ou seja, os casulos encontram-se a cerca de 10 cm profundidade.
O casulo sedoso é de forma ovoide e de coloração castanha avermelhada.
Biologia
A espécie apresenta uma geração anual, embora em algumas condições se identifique uma segunda. O seu ciclo de vida é composto por uma fase aérea e uma fase subterrânea respetivamente.
A fase aérea decorre na copa das árvores (maioritariamente pinheiros e cedros) e provoca a desfolha e situações de urticária. Já na fase subterrânea ocorre a transformação de larva em imago.
Fase Aérea
No ciclo de vida convencional da espécie a emergência das borboletas dá-se em fins de julho/agosto, após o que há lugar a emanação de feromonas sexuais por parte da fêmea e posterior acasalamento. As posturas nas efetuadas nas árvores hospedeiras.
A eclosão das larvas ocorre em setembro/outubro. Alimentam-se das agulhas, sendo que os danos serão gradualmente maiores com o desenrolar dos instares.
Nos instares iniciais elaboraram os ninhos provisórios, sendo que a partir do 3º instar tecem os ninhos de inverno que captam energia solar e as protegem dos rigores invernais.
As lagartas migram no hospedeiro procurando alimento, chegando por vezes a consumir a totalidade das agulhas de uma árvore.
No 5º estádio de desenvolvimento a sua alimentação é altamente voraz podendo descer do hospedeiro no qual se abrigam e através de procissões deslocarem-se para outros hospedeiros na busca de alimento e regressar ao abrigo.
No final deste instar cessam a sua alimentação por uns dias e iniciam a descida em procissão, as quais se mantém através de estímulos tácteis, afim de se enterrarem no solo.
Nesta fase podem percorrer varias dezenas de metros até encontrarem o solo que considerem mais favorável.
Fase Subterrânea
O enterramento das larvas ocorre até cerca de 5-15 cm de profundidade. Cerca de 15 dias após o enterramento as larvas tecem o casulo e 7 semanas após o enterramento está formada a pupa.
Esta entra em diapausa (paragem do desenvolvimento) até à emergência dos insetos adultos que ocorrerá desde meados do verão até início do outono.
Sintomatologia
É possível identificar a praga sobretudo em fases mais adiantadas. Contudo é possível recorrer a um conjunto de sintomas e sinais para a sua identificação.
Como por exemplo: as posturas nos raminhos em fins de julho a setembro/outubro são visíveis em árvores pequenas; as agulhas ligadas por fios de seda nos ramos expostos ao sol entre setembro a outubro/novembro; a existência de lagartas dos 1º e 2º instares nos ramos; os ninhos constituídos por fios sedosos brancos na zona apical dos ramos expostos ao sol em fins de outubro; a presença de lagartas agregadas no tronco exposto ao sol durante o outono).
Povoamento Florestal
Ao nível florestal apresenta-se como dano a redução do crescimento, a indução de stress na árvore e os ataques por parte de pragas secundárias, estes com danos mais significativos.
Perigos da processionária para a saúde pública
É uma praga nociva para a saúde humana. São recorrentes alergias sempre muito desagradáveis e que podem ter consequências graves.
De acordo com o grau de sensibilidade do indivíduo atingido podem desenvolver-se alergias cutâneas, no globo ocular e também no aparelho respiratório.
Nos animais de companhia, nomeadamente nos canídeos, há diversos estudos veterinários que apontam o contacto com esta praga como causa para a amputação parcial da língua em virtude da infeção desenvolvida.
Também as crianças (pela sua irreverência e enorme curiosidade), constituem um grupo de risco nas inúmeras brincadeiras que muitas vezes passam pelo contacto com esta espécie.
Metodologias de controlo
Monitorização
A instalação em meados de junho a setembro, de armadilhas iscadas com feromonas sexuais permite verificar a data de emergência dos machos.
Controlo: Pulverização
É possível em setembro/outubro recorrer a pulverizações com inseticidas à base de diflubenzurão e a inseticidas microbiológicos à base de Bacillus thuringiensis.
Contudo a sua viabilidade está condicionada à dimensão das árvores atacadas.
Injeções
Nos últimos tempos o recurso a métodos de controlo que recorrem a soluções inseticidas injetáveis nos troncos tem sido a melhor técnica para o controlo desta praga em espaços públicos e em jardins.
Recorde-se que estas metodologias apenas podem ser desenvolvidas por pessoal habilitado.
Corte e queima dos ninhos de inverno (nas árvores)
O corte e queima dos ninhos de inverno enquanto técnica de controlo é por vezes inviável.
Isto acontece uma vez que os ninhos se encontram a alturas dificilmente alcançáveis a partir do solo, mesmo recorrendo ao uso de varas ou tesoura apropriadas com cabo extensível.
Esmagamento e queima das lagartas no solo
No inverno, aquando no solo, juntá-las com o auxílio de um ancinho, vassoura de jardinagem, etc, e queimá-las, ou mesmo esmagá-las.
Deve fazê-lo com suavidade para não provocar a projeção dos pelos urticantes como reação defensiva por parte das larvas.
Deve ser bem equacionado, devendo estar a pessoa sempre munida de proteção; nomeadamente luvas, proteção do pescoço, dos olhos e usando máscara de proteção no nariz e na boca.
Armadilhas adesivas no tronco
Aquando da descida das lagartas pelo tronco a aplicação de armadilhas adesivas para a sua captura assume-se como uma metodologia altamente eficaz, devendo-se estar previamente atento aos timings de descida da praga.
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