Revista Jardins

Couve-rábano: como cultivar

Apresentação

Nomes Comuns: Couve-rábano, couve-nabo.

Nome científico: Brassica Oleracea var. gongylodes L. ou var. caulo-rapa D.C.

Origem: Europa (costa mediterrânica ou Norte da Europa).

Família: Crucíferas ou Brássicas.

Características: É uma couve com cerca de 35-40 cm de altura com morfologia intermédia  entre a couve “repolho” e uma couve de folhas da variedade acephala. Forma um caule intumescido de forma esférica (pseudo-repolho central), pouco firme, rodeado por folhas abertas e bem desenvolvidas, com boa espessura e nervura principal suculenta.

Factos históricos/curiosidades: Uma planta pouco consumida e expandida, que era chamada “Gastores” pelos antigos gregos, sendo um “manjar delicioso” (segundo Barbosa-1884). Esta crucífera, que descende da couve-brava, só chegou à Alemanha, através da Itália, no século XVI. Pouco conhecida em Portugal, mas muito apreciada no Norte da Europa, especialmente na Alemanha.

Ciclo biológico: Planta bienal com cerca de 60-100 dias.

Fecundação/Polinização: As flores são brancas, hermafroditas, autoférteis e, na sua maioria, polinizadas por abelhas.

Variedades mais cultivadas: As variedades variam na cor (branca, verde-clara e avermelhada ou roxa) e na resistência ao espigamento. As cultivares verdes são: “Green Delicacy”, “,“Prague Market”, “F1 White Danub”, “Green Vienna”, “As Vermelhas ou roxas são: “Purple Delicacy”, “Roxa de Viena”, “Pollux”, “Rojo temperano de Viena”, Kolibri F1”, “Azur Star”, “Roblau”, “As Brancas: “Logo”, “Olivia”,  “Gigante”, “Branca de Viena” “Castor”, “Goliath”, “Semiplato”, “Blanco temperano de Viena”.

Parte comestível: O caule, as folhas também podem consumir-se. Sabor a nabo e couve.

Condições ambientais

Solo: Adapta-se a vários tipos de solos, prefere solos de textura média ou argilosa, soltos, bem drenados, profundos frescos, ricos em húmus, férteis e bem drenados. O pH deve ser de 6,5-7,0.

Zona climática: Zona Mediterrânica e Temperada húmidas. Tolera as brisas marítimas.

Temperaturas ótimas: 18-25 oC.

Temperatura crítica mínima: 10 oC

Temperatura crítica máxima: 35 oC.

Zero da vegetação: Temperaturas inferiores a 10 oC, durante uma semana, podem vernalizar e levar ao espigamento da planta.

Exposição solar: Pleno sol ou semissombra, tem a floração em dias longos, com mais de 12 horas.

Humidade relativa: Elevada.

Fertilização

Adubação: Aplicação de estrume de ovelha e vaca, bem decompostos. A couve, sendo uma variedade rústica, é uma planta que aproveita bem os estrumes de curral, compostos caseiros e os resíduos sólidos urbanos bem decompostos. Antigamente, a cal em pó utilizava-se como um estimulador do desenvolvimento e do crescimento. Em terrenos ácidos, deve-se juntar cálcio ao composto, Lithothame (algas) e cinzas.

Adubo verde: Azevém, luzerna, trevo-branco, lupulina e favarola.

Exigências nutritivas: 1:1:2  (azoto: fósforo: potássio), são classificadas como culturas exigentes.

Técnicas de cultivo

Preparação do solo: Utilizar um escarificador de bico curvo de ponta dupla, para uma lavoura profunda, fragmentar os torrões e destruir as ervas daninhas. No terreno, podem ser feitos camalhões com 1-1,25 m de largura.

Data de plantação/sementeira: Março-maio ou setembro-outubro (variedades roxas).

Tipo de plantação/sementeira: Em tabuleiros de sementeira em alfobre.

Faculdade germinativa: 4 anos

Profundidade: 1-1,2 cm

Compasso: 35-45 entrelinhas x 25-30cm entre plantas na linha.

Transplantação: 6-7 semanas depois da sementeira.

Consociações: Cenoura, alface, cebola, batata, espinafre, pepino, tomilho, acelga, hortelã-pimenta, salsa, funcho, aipo, alfazema, ervilha, beterraba, valeriana, chagas, e espargo.

Rotações: Plantas do grupo das Solanáceas (tomate, beringela, etc.) e Cucurbitáceas (abóbora, pepino, aboborinha, etc.) são bons precedentes desta cultura. Depois de retirada, a cultura não deve voltar ao terreno durante pelo menos 4-5 anos. É uma boa cultura para terrenos em que o estrume ainda não esteja totalmente decomposto, podendo iniciar um esquema de rotação de culturas (embora seja uma cultura esgotante).

Amanhos: Sachas, mondas, mulching ou empalhamento; por vezes, faz-se uma amontoa nos caules (para ficarem mais tenros).

Regas: Por aspersão ou gota a gota.

Entomologia e patologia vegetal

Pragas: Lagarta da couve, pulgão, larva mineira, lesmas e caracóis, áltica e mosca da couve e pássaros (quando as couves são pequenas).

Doenças: Míldio, oídio, alternariose, podridão, ferrugem branca, potra e viroses.

Acidentes: Pouca tolerância à acidez, espigamento prematuro, necrose marginal, carências de boro e molibdénio.

Colheita e utilização

Produção: 30-45 t/ha/ano

Condições de armazenamento: 0 oC e 98% de humidade relativa, durante 2-4 semanas, com CO2 e O2 controlados. No nosso frigorífico aguenta duas semanas.

Valor Nutricional: Rica em carotenoides, ácido fólico, clorofila, pró-vitamina A, vitamina C, B1, B2, cálcio, ferro, magnésio, sódio, cobre, fosforo, silício, iodo e potássio.

Usos: Pouco utilizada em Portugal, consome-se cozida em sopas, assada, frita ou crua, em saladas. Pode ser semeada como forrageira para consumo dos animais. A nível medicinal, beneficia doenças respiratórias, úlceras e combate a acne.

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