Revista Jardins

Cultura do açafrão

açafrão

Nomes comuns: Açafrão, açafrão verdadeiro, açafrão oriental, croco, açaflor, erva-ruiva, flor da aurora e flor de hércules. Os nomes Açafrão das Índias e curcuma não têm nada a ver com esta espécie.

Nome científico: Crocus sativus (o nome genérico provém da palavra grega Kroke – filamento amarelo e sativus – cultivado).

Origem: Região Mediterrânica, Ásia Menor e Península Balcânica.

Família: Irídáceas.

Características: Planta vivaz, de floração outonal, que pode crescer até 20-30 cm de altura. O bolbo sólido subterrâneo, de forma arredondada, emite raízes adventícias brancas e fibrosas. As folhas são lineares e verdes. Cada planta pode dar 1-5 flores de cor violeta, com tonalidade avermelhada. As folhas ficam castanhas na primavera para desaparecerem e voltarem no outono.

Fecundação: O açafrão é estéril (Triploide estéril), por isso não dá frutos nem sementes no nosso clima. Num clima favorável, produz um fruto que é uma cápsula trilocular, deiscente que contém numerosas sementes em forma de globo.

Factos históricos/curiosidades: Pigmentos de Açafrão foram descobertos há mais de 50 mil anos em “desenhos” pré-históricos no Irão. É uma planta propagada pelo Homem há mais de 3.000 anos, sendo Creta uma das possíveis regiões de origem. O açafrão foi descrito 2300 anos a.C. por “Sargon”, um antigo líder da Babilónia, que nasceu numa vila no “Euphrates”, chamada de “Azupirano” (cidade do Açafrão), onde existia esta planta. O “Papyrus Ebers” (papiro Egípcio sobre medicina), tem escritos que datam de 1550 a.C., que descreve o açafrão como remédio para o reumatismo. Os chineses e gregos faziam uma “tinta real” desta planta, que também perfumava os banhos dos romanos. Para obter 1 Kg de açafrão é preciso processar manualmente 100 a 200 mil flores, sendo preciso 2000 m2 de plantas. Se ingerirmos 1,5g de açafrão, pode tornar-se tóxico e mesmo mortífero. Muito cultivado na nossa vizinha Espanha, mas também na Índia, China, Irão, França, Turquia, Grécia, Itália sendo uma cultura muito rentável (produto alimentar mais caro do Mundo).

Ciclo biológico: Perene (max. 4-5 anos), maior produção no 2º-3º anos. Alguns agricultores conseguiram produções durante 10-12 anos.

Variedades mais cultivadas: “Spanish Superior”, “creme”, “Aquila”, “Mongra”, “lacha” (açafrão de Kashimir, considerados os mais fortes em sabor e cor).

Parte utilizada: Estigmas das flores (3 filamentos vermelhos com 46-50 mm), dessecados que tem odor acentuado, agradável, doce, picante e floral.

Condições ambientais

Solo: solos bem drenados, leves soltos, profundos, permeáveis, ricos em calcário e férteis (ricos em matéria orgânica). Os solos melhores são os formados por depósitos de origem fluvial, constituídos de cascalho, areias, silites, argilas, que se encontrem em planícies sujeitas a inundações (solos argilo-arenosos). O pH deve ser entre 6-8.

Zona climática: Temperada, temperada quente, Temperado seco, semi-áridas.

Temperaturas: Ótimas: 10-15ºC Min: 0ºC Max: 35-40ºC; Paragem do Desenvolvimento: -10ºC.

Exposição solar: Pleno sol.

Humidade relativa: deve ser baixa.

Precipitação: 1000-1500 mm/ano mas consegue sobreviver com cerca de 400-500 mm/ano.

Altitude: até 1300 m de altitude.

Fertilização

Adubação: Estrume de peru, pato e coelho, terra vegetal e composto.

Adubo Verde: favas.

Exigências nutritivas: 1:2:1 ou 1:2:2 (azoto: fósforo: potássio).

Técnicas de cultivo

Preparaçãodo solo: Efetue a escarificação do solo, para arejar a cerca de 20 cm e introduzir composto.

Data de plantação/sementeira: De maio a agosto.

Tipo de plantação/sementeira: plantam-se os bolbos filhos, entre 1-3 meses depois de arrancados nos meses de maio-junho. Germinam após 3- 4 semanas depois do plantio.

Profundidade: 10-15cm.

Compasso: 15-20 cm na linha x 35-40 cm entre as linhas.

Consociações: Não são conhecidas.

Rotações: Devem ser retirados os bolbos do local passados 3-4 anos e não voltar a plantá-los no mesmo local durante mais de 12 anos. A cultura anterior pode ser uma planta exigente no controle das ervas daninhas. Amanhos: monda de ervas, corte as folhas assim que estiverem secas, retire os bolbos ao fim da quarta colheita sem danificar.

Regas: Apenas na primavera e outono, caso não chova.

Entomologia e patologia vegetal

Pragas: Nemátodos, Coelhos, ratos, esquilos e pássaros. doençAs: Fusario e “Rhizoctonia violácea” (Fungos).

Acidentes: Não suporta ventos fortes.

Colheita e utilização

Quando colher: De madrugada nos meses de outubro-novembro, quando surgir a flor que dura cerca de 2-3 semanas. Colhem-se as flores para a estufa ou secador, onde são destacados os estigmas. São precisas duas pessoas/ha/ durante dois meses.

Produção: 150 flores produzem 1 g de açafrão seco/ano. Em 3 anos um bolbo vai produzir 5 bolbinhos. Num hectare/10-30 Kg de estigmas/ano. Depois de secos os estigmas perdem 80-84% do seu peso. E a essência representa 0,3-2% do peso dos estigmas.

Condições de armazenamento: Os estigmas são secos em tabuleiros (40-60ºC), durante 15-30 minutos e estão prontos quando apresentarem a cor amarela ou alaranjada e quebradiços, com 12% humidade. Depois de secos devem ficar em embalagens de madeira, num local seco (humidade < que 57%), fresco e escuro e arejado, durante um mês.

Valor nutricional: Tem 0,1% de vitamina B2. O pigmento que dá cor chama-se alpha-crocin e o aroma deve-se ao “safranal”.

Época de consumo: desde setembro-dezembro, passado um ano o açafrão perde as suas características.

Usos: Utilizada com especiaria em pratos de arroz (paelha), aves, caldos, massas, bebidas, doces e pão. Trata-se de um poderoso anticancro e indicado como antidepressivo, digestiva, constipações, tumores, insónias, estimula o apetite, acalma as dores de dentes e é afrodisíaco. Também é utilizado como corante em medicamentos, cosméticos, alimentos (manteigas e queijos) e bebidas. Se comer mais de 30g pode morrer. As folhas podem servir de alimento para o gado.

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