Revista Jardins

Cultura do ruibarbo

Nomes comuns: Ruibarbo, ruibarbo-hortense, ruibarbo-palmado, ruibarbo-de-xangai.

Nome científico: Rheum rhabarbarum ou R. rhaponticum (algumas vezes também tem o nome de R. hybridum Ait.). Foi Dioscórides que lhe chamou rheon, de onde se originou a atual denominação. O nome é uma combinação do grego rha e de barbarum; rha refere-se tanto à planta como ao rio Volga, de onde é originária.

Origem: Ásia (China, Sibéria, Tibete).

Família: Poligonáceas.

Características: Planta com folhas muito grandes, podendo medir 60-85 cm de comprimento e 70-200 cm de largura. Os pecíolos, podem atingir 30-40 cm de comprimento e 5-8 cm de diâmetro. A planta pode chegar a 1,5 metro de altura. As flores aparecem no verão.

Factos históricos

Planta utilizada desde 2700 a.C., na região do Volga (Ásia), e só chegou à Europa em 1608, sendo a Itália, o primeiro país a cultivá-la. Os chineses já utilizavam raízes de ruibarbo há 5000 anos para uso medicina; foi descrita no herbário chinês Pen-King onde era conhecida com o nome de Ta-Huang (“grande amarela”).

Foi descoberta, no final do século XIII, pelo navegante Marco Polo, que viajou pelas províncias chinesas de Kiangsu e Suchou, tendo assinalado estes locais como os da origem desta planta. No ano de 1763, esta cultura já estava bem expandida nos jardins e hortas europeus, vinda da Ásia Menor. Hoje a Holanda e a Inglaterra são os países que mais a consomem. Em Portugal, esta planta é muito pouco conhecida e utilizada.

Ciclo biológico: Vivaz (6-20 anos) pelo que normalmente substitui-se ou muda de lugar aos 5-6 anos.

Variedades mais cultivadas: Existem variedades: verdes, verdes riscadas de vermelho e vermelhas. As mais conhecidas são: “Príncipe Alberto”, “Lineu”, “Valentine”, “Mc Donald´s”, “Sunrise”, “Barkers All Season”, “Cawood Delight”, “Early Champagne” (temporã), “Timperley”, “The Sutton” (não produz flor), “Ribes”, “Glaskin’s Perpetual”, (verde com riscas vermelhas). Variedades vermelhas: “À Côtes Rouges”, “Rouge Monarque”, “Strawberry” , “Cherry Red Giant”, “Timperley Erly”, “Vermelho Temporão”, “Ondulada da América”, “Victoria” (caules sempre tenros), “Rubi”, “Groselha”, “Linneus”, “Canada Red”.

Parte utilizada: Pecíolos (caules) com 30 cm de comprimento e raízes (uso medicinal).

Condições ambientais

Solo: Húmido (frescos), rico em matéria orgânica, boa drenagem e profundo. Prefere solos ligeiramente ácidos, entre 5,0 e 7,0. de pH.

Zona climática: Temperada ou temperada fria.

Temperaturas: 10-20°C Min: 4 °C Max: 30°C.

Paragem do Desenvolvimento: 3°C.

Temperatura do solo: 4-24°C; precisa de algum frio para incentivar o crescimento do ano seguinte.

Exposição solar: Sol pleno ou semi-sombra (em zonas muito quentes).

Humidade relativa: Ótima 85-95%.

Precipitação: Média a elevada.

Sensibilidade à poluição: Sensível ao dióxido de enxofre.

Altitude: Pode ir até aos 3500 metros.

Fertilização

Adubação: Estrume de pato, porco e coelho bem decomposto. Utilizar composto e vermicomposto. Deve ser espalhado composto (M.O) no outono.

Adubo verde: Fava.

Exigências nutritivas: 2:2:2 ou 1:2:2 (azoto: fósforo: potássio).

Técnicas de cultivo

Preparação do solo: Lavrar o solo a 40-60 cm de profundidade e depois passar uma grade, dois meses antes das plantações.

Tipo de plantação/sementeira: Por semente ou divisão dos torrões (coroas).

Data de plantação/sementeira: No fim do inverno/início da primavera (sementes – menos utilizado) ou outono e fim do inverno (divisão das coroas).

Tempo de germinação: Sete a 21 dias (20-30 °C).

Faculdade germinativa (anos): Dois anos (preferível a plantação por torrões).

Profundidade: O botão principal (coroa) deve ficar à superfície da terra 4-5 cm, para ser beneficiado pelas temperaturas baixas (para “quebrar” o período de dormência).

Compasso: 90-75 x 90-100 cm.

Transplantação: Ao fim de dois anos, na primavera ou no outono.

Rotação: A planta não deve ficar no mesmo local mais de cinco anos.

Consociações: Deve ficar isolada, devido à dimensão das suas folhas. Apenas manjericão e o orégão, podem associar-se com o devido compasso.

Amanhos: Monda de ervas; cortar os caules que tiverem flor (para atrasar este processo mais umas semanas) e as folhas secas; realizar uma ligeira amontoa. Regas: Por aspersão ou gota a gota, nunca deixar o solo seco, mesmo em épocas de “dormência”.

Entomologia e patologia vegetal

Pragas: Lesmas e caracóis, pulgões e gorgulho.

Doenças: Podridão da coroa, phytophthora (fungo), míldio e armilariose.

Acidentes: Não gosta de calor excessivo, ventos fortes a solos calcários.

Colheita e utilização

Quando colher: Só deve ser colhido no segundo ano. Os caules exteriores estão prontos no início da primavera, até a meados do verão (maio-julho); quando atingirem 30 cm de altura. Deve-se agarrar com a mão, o mais perto possível da base, e torcer (também podem ser cortados junto à base). Nunca retirar mais de metade dos caules da planta. A colheita pode estender-se por um período de 4-8 semanas. Produção: Cada planta produz 2-3 kg/m2 ou 2,7 kg por planta/ano.

Condições de armazenamento: 0°C, com 95-100% de humidade relativa, durante 2-4 semanas. Também podemos colocar num saco de plástico e armazenar no nosso frigorífico, durante duas semanas.

Valor nutricional: Contém alguma fibra, cálcio, ferro, magnésio e potássio. Contém alguma vitamina A, C, B6. Atenção: as folhas são venenosas (contém muito ácido oxálico).

Época de consumo: Primavera e início de verão.

Usos: Na culinária, é utilizado em compotas, geleias, marmeladas, estufados, molhos de panquecas, empadas e tartes. Também pode ser utilizado em saladas e na elaboração de bebidas alcoólicas meio doces. Medicinalmente, a raiz é utilizada como laxante e para doenças do estômago.

Conselho de especialista: Na sua horta familiar, apenas precisa de 3-5 plantas, no caso de confecionar doces. Escolha sempre um lugar com semisombra, rico em composto e não se esqueça de regar bem no verão. Cuidado que as folhas são venenosas (contêm acido oxálico). Devido ao seu aspeto grandioso (folhas enormes) e atrativo, pode ser utilizada em jardins como planta ornamental.

 

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