Revista Jardins

Fruteira do mês: Dióspiro

 

O diospireiro que encontramos em Portugal (Dyospiros kaki), árvore da família das Ebenaceae, é uma árvore exótica no nosso país. Foi trazida há séculos da China, adaptando-se muito bem ao clima de Portugal, onde produz nos meses de outono. Também é muito comum e apreciado no Japão, para onde foi levado da China, tal como a nêspera, e noutros países da Ásia.

Existem basicamente duas formas deste dióspiro. Uma mole, que é mais comum no nosso país, tem casca de uma laranja quase avermelhado quando maduro e é muito adstringente. Quando não está bem maduro, deixa uma sensação desagradável de amargo e áspero na língua. A outra forma é rija, tem uma casca mais clara quando madura e pode ser consumida como uma maçã, por exemplo, chama-se popularmente dióspiro de roer.

 

 

Origem: Ásia (China, Japão, Índia e Birmânia).

Altura: Pode chegar aos 10 metros, normalmente até aos 5 metros.

Propagação: Quase sempre vegetativa, raramente por semente.

Plantio: Meses de inverno.

Solo: Quaisquer desde que húmidos, preferencialmente areno-argilosos bem drenados.

Clima: Considerado rústico até – 20 ºC.

Exposição: Zonas de sol, de preferência abrigados dos ventos.

Colheita: Essencialmente de outubro a dezembro.

Manutenção: A poda é benéfica após a colheita para estimular a frutificação e controlar o tamanho da árvore. Convém adubar duas vezes ao ano com adubos ricos em azoto e potássio.

Regas: São benéficas nos meses muito secos.

 

 

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Cultivo

O dióspiro pode ser cultivado a partir de semente (muito embora raramente se encontrem sementes nas variedades à venda) ou a partir de propagação vegetativa. Neste último caso, que é o mais aconselhável em cerca de três anos podemos obter os primeiros frutos. É muito fácil adquirir uma árvore para plantar em hortas, centros de jardinagem ou feiras.

O diospireiro é uma árvore muito resistente a pragas e doenças e de boa longevidade produtiva. Perde a folha no outono e é bonita a imagem dos diospireiros despidos de folhas com os seus belos frutos ainda pendurados.

O dióspiro pode ser cultivado nos mais variados tipos de solos, desde que haja humidade. No entanto, preferem os solos profundos e bem drenados, areno-argilosos. Prefere solos com pH entre 6,5 e 7,5. As covas para cultivo da árvore devem ter 60 x 60 x 60 cm, bem adubadas com estrume de vaca ou cavalo. Para uma família média, uma ou duas árvores são suficientes para o consumo.

Apesar da poda ser essencial, após a colheita dos frutos, até para limitar o tamanho da árvore, o diospireiro é uma árvore de médio porte. Chega a produzir cerca de 100 kg de fruta anualmente se for bem adubada e estimada.

Para a adubação deve dar-se preferência a matéria orgânica como estrume de vaca ou composto vegetal e outros adubos com bom teor de azoto e de potássio.

 

 

Valor nutricional e saúde

O dióspiro é um excelente fruto para os olhos, graças à sua riqueza em vitamina A e B. É indicado para melhorar o estado de saúde da pele e cabelos, e é um mais valia para a saúde geral do aparelho digestivo.

Ajuda a combater a hipertensão e o colesterol e é um fortificante do organismo em geral.

 

Diospireiro no nosso país

Sendo uma árvore que se ambienta bem em climas temperados e subtropicais, existem algumas plantações comerciais no Algarve. No entanto, na maioria do país o dióspiro é produzido em quintais ou hortas, às vezes em pequenos pomares.

É uma fruta que não é muito comercializada. A sua procura é relativamente baixa, tratando-se de um fruto facilmente perecível. Apesar da baixa procura, a maioria dos dióspiros comercializados em Portugal vem de Espanha.

Pode ser utilizado em sobremesas e outros pratos, porém o consumo do dióspiro é essencialmente ao natural, embora também possa ser seco para consumo posterior. Podemos comprar ou colher o dióspiro ainda ligeiramente verde e embrulhá-lo em folhas de jornal para amadurecer. O diospireiro será sempre uma boa aposta para quem gosta de colher alguma fruta no outono e se importa com a saúde e alimentação.

 

 

Outras utilidades e espécies do género dyospiros

O género dyospiros, aparentado ao ébano, também é cultivado pelas suas madeiras escuras e resistentes. Estas são muito apreciadas para o fabrico de móveis, de instrumentos musicais, entre outras finalidades em que seja necessária uma madeira rija.

É um género espalhado por vários continentes. Além do dióspiro comum em Portugal podemos destacar o dióspiro americano (Dyospiros virginiana), muito consumido nos EUA embora bastante mais pequeno do que o nosso dióspiro, o mabolo (Dyospiros blancoi), nativo das Filipinas, que produz uma madeira muito rija e densa, chamada como outras espécies similares de pau-ferro e um fruto semelhante a um pêssego por fora, com uma polpa branca de doçura suave.

O Dyospiros lotus é originário da Ásia e da Europa, e quase desapareceu substituído pelo dyospiros kaki; a maçã dourada (Dyospiros decandra) e o dióspiro negro ou sapote preto (Dyospiros nigra), de casca verde e polpa cor de chocolate, com sabor a pudim de chocolate.

Todas estas espécies são muito raras em cultivo no nosso país.

 

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