Revista Jardins

Edição Especial “Flower Power”: Luísa Martins

Luísa Martins, proprietária da Virgin Flower, é engenheira agrónoma e, em 2002, criou esta empresa de produção de flores de corte, que era o seu sonho. Desde aí as flores fazem parte do seu dia a dia.

Como e quando nasceu a empresa?

A empresa nasceu em 2002. Sou agrónoma de formação e, durante alguns anos, dei apoio técnico a várias empresas de floricultura na região Norte do País. E, como todos os agrónomos, sempre tive o sonho de ter uma exploração minha. Em 2001, surgiu uma oportunidade de iniciar esta atividade e, em 2002, iniciei esta empresa.

Qual a localização geográfica e área de produção?

A empresa está localizada em Viana do Castelo, assim como toda a sua área de produção.

Quantas pessoas trabalham na empresa permanentemente e sazonalmente?

Atualmente, trabalham na empresa 13 pessoas. Sazonalmente são contratadas mais cerca de três a quatro pessoas.

Esta é uma atividade sazonal ou conseguem ter produção ao longo de todo o ano?

Conseguimos ter produção de flores ao longo de todo o ano, mas com variações significativas em algumas épocas. No entanto, o pico da produção é sempre durante a primavera e a produção mais baixa durante os meses de inverno.

Qual o tipo de flores que produzem? (em variedade e quantidade)

A Virgin Flower tem produção de várias flores de corte diferentes, nomeadamente Alstroemerias, Lilium (açucenas), Helianthus (girassóis), Hydrangeas (hortênsias) e Callas atheopicas (jarros de várias cores).

A produção de flores destina-se ao mercado nacional, para exportação ou ambos?

A nossa produção de flores destina-se ao mercado nacional e internacional, sendo os países para onde exportamos a Espanha, Holanda e Alemanha.

Quem são os maiores compradores das vossas flores a nível nacional e internacional?

Os nossos maiores compradores a nível nacional são as empresas de retalho. A nível internacional são a Floraholland, da qual a Virgin Flower é sócia.

Têm alguns pontos de venda direta ao público das vossas flores?

Não, a nossa produção só é vendida a profissionais do sector.

Qual o impacto económico e social que a pandemia de COVID-19 causou neste sector, uma vez que atingiu a época de maior produção e comercialização de plantas?

A partir de meados do mês de março, começámos logo a sentir os efeitos da pandemia. Tínhamos muitas encomendas para o Dia do Pai que foram anuladas. Depois de decretado o confinamento, a faturação para Espanha e Portugal passou a zero. Para a Holanda e Alemanha, ainda conseguimos enviar alguma flor. As quebras de faturação entre os meses de março, abril e maio foram na ordem dos 90 por cento.

Além disso, perdemos todas as flores que tínhamos em câmara frigorífica e as plantações previstas para o Domingo de Ramos, Páscoa e Dia da Mãe, datas muito fortes em venda de flores em Portugal. De todas as datas importantes neste sector, agora só nos resta os Finados. Nunca mais vai ser possível este ano as empresas florícolas recuperarem. Tivemos de destruir a nossa produção, sem nunca poder fechar as portas. Mantivemos sempre o pessoal a trabalhar pois era indispensável fazer tratamentos, colheita, controlo de pragas e infestantes, regas, etc., o que fez com que os custos nunca diminuíssem.

Como é que vê o futuro deste sector tão importante para a sociedade portuguesa, quer em termos económicos, quer em termos sociais, pela criação de emprego e pela ocupação de solos de forma produtiva em zonas muitas vezes deprimidas economicamente?

Na verdade, não antecipo um futuro próximo muito risonho. Isto porque o consumo de flores em Portugal é maioritariamente para eventos: casamentos, batizados, festas, etc. Como todas estas atividades estão paradas, também o consumo de flores fica parado. O consumo de flores para os cemitérios também foi afetado, porque são as pessoas mais idosas que têm este hábito. Neste momento, fazem-no de uma forma reduzida, porque têm medo.

A hipótese que vejo está na exportação. Nos países do norte da Europa, o consumo de flores é maioritariamente para casas. Assim sendo, as reduções não irão ser tão drásticas como em Portugal e Espanha.

Quer deixar alguma mensagem ou apelo aos leitores da Jardins em relação a este sector, uma vez que são consumidores de plantas e flores?

O grande apelo que faço a todos os portugueses é que comprem flores para ter em casa. Uma casa com flores é uma grande alegria. Se cada família portuguesa criar este hábito, os floricultores portugueses estarão à altura de dar resposta e todos nós agradecemos.

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