A família das aráceas compreende cerca de 110 géneros e 3400 espécies de plantas arbustivas ou trepadoras.
Nesta família no que respeita ao seu valor económico, muitos géneros são de considerável importância e incluem espécies utilizadas como ornamentais de jardim, plantas de interior ou ainda flores de corte.
O género Zantedeschia Spreng., os jarros, inclui espécies frequentemente cultivadas em Portugal. A espécie Zantedeschia aethiopica, em floração de março a junho, naturalizada nas regiões tropicais e temperadas (nomeadamente em Portugal), apesar de ser considerada invasora, as suas inflorescências, espadices amarelas muito mais curtas que as vistosas espatas, de um branco-puro e largamente afuniladas, embelezam os jardins. É muito cultivada em todo o mundo desde o início do século XX. O comércio desta arácea torna-se intenso sobretudo na época da Páscoa. Com cultivares apropriadas a climas mais frios, no Reino Unido e na Irlanda tornou-se um importante símbolo do republicanismo irlandês desde a Insurreição na Páscoa (Levante da Páscoa) de 1916.
O dia 15 de março tem para mim um significado especial, era o dia do aniversário da minha avó, e a mesa do lanche com as amigas era sempre decorada com jarros de vistosas espatas brancas.
Zantedeschia elliottiana
Zantedeschia elliottiana, o jarro-dourado, de origem desconhecida, provavelmente um híbrido, é também uma planta rizomatosa e sem caule aéreo, de folhas caducas no inverno, limbo largamente ovado, profundamente cordado, apiculado no ápice, brilhante, verde-escuro, coberto por manchas brancas ou translúcidas. As suas inflorescências são espadices, até 7 cm, amarelas e de espatas até 15 cm, amarelo-claro-douradas, afuniladas superiormente, mas campanuladas na parte inferior.
Está em floração de junho a agosto.
Zantedeschia rehmannii
Zantedeschia rehmannii, o jarro-cor-de-rosa, originário da África do Sul e sudeste de África, é também uma planta rizomatosa e sem caule aéreo, tal como as espécies anteriores, de folhas caducas no inverno, limbo assimetricamente lanceolado, acuminado no ápice, verde-escuro, não ou raramente manchado e estreitando gradualmente num pecíolo. As suas inflorescências são espadices, até 6 cm, de espatas com 7,5-12 cm, de brancas a rosadas ou purpúreas escuras, formando um tubo estreito em dois terços do seu comprimento, ligeiramente expandidas superiormente e recurvadas no ápice. Está em floração de junho a agosto.
Os géneros Colocasia Schott e Alocasia (Schott) G. Don incluem entre outras, as espécies Colocasia esculenta e Alocasia macrorrhizos, adequadas também como plantas de interior quando jovens, são importantes alimentos ricos em hidratos de carbono. Acredita-se que foram duas das primeiras plantas a serem cultivadas. Quando cruas, são tóxicas devido à presença de oxalato de cálcio, embora a toxina possa ser destruída depois de cozidas, assadas ou grelhadas.
A espécie Colocasia esculenta, o taro ou inhame originário da África Oriental tropical, muito cultivada nos climas temperados quentes e tropicais, é uma planta perene, rizomatosa, tuberosa, robusta, por vezes estolhosa e sem caule aéreo. As folhas são persistentes, de limbo até 2 x 0,85 m, cordado-sagitado (lobos basais arredondados ou angulosos), peltado, ligeiramente ondulado na margem, com 4-8 pares de nervuras laterais principais e um ou dois lobos basais com uma nervura lateral principal desde a base do (limbo) até à inserção do pecíolo, até 2 m. As suas inflorescências são espadices envolvidas por uma espata de 15-37 cm, ereta, tubo esverdeado e com a parte expandida de esbranquiçada a amarelada, pedúnculo mais curto do que os pecíolos. Está em floração (na Estufa Quente de Lisboa, anexa à Estufa Fria) de outubro a dezembro.
A cultivar Fontanesii é semelhante à espécie, mas o limbo das folhas é menor, ovado-oblongo, página superior verde-escura, margem e nervuras de vermelho-escuras a purpúreas; pecíolo, pedúnculo e tubo da espata de purpurescente a violáceo-escuro.
Alocasia macrorrhizos
A espécie Alocasia macrorrhizos, o taro ou inhame-assu originário da Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia e naturalizada nas regiões quentes, é uma planta perene, rizomatosa, tuberosa, robusta, de caule aéreo até 1,80 (ou mais) x 0,15 m. As folhas são persistentes, de limbo até 1,25 x 0,75 m, ereto ou ascendente, largamente sagitado de lobos basais arredondados, ligeiramente coriáceo e ondulado, não peltado na planta adulta, lobo principal com 9-12 pares de nervuras, ambas as páginas uniformemente verdes, a superior lisa e brilhante e a inferior, por vezes, de um verde ligeiramente mais pálido, pecíolo até 1 m ou mais, formando bainha na metade basal. As suas inflorescências são espádices envolvidas por uma espata formada por um tubo cilíndrico, verde-pálido de 7-9 cm e por uma parte expandida de 12-16 cm, navicular e amarelada, pedúnculo até 30 cm. Está em floração (na Estufa Quente de Lisboa, anexa à Estufa Fria) de julho a dezembro.
É uma espécie muito cultivada nos trópicos e subtrópicos pelos rizomas e rebentos comestíveis quando cozinhados.
Pode encontrar este e outros artigos na nossa Revista, no canal da Jardins no Youtube, e nas redes sociais Facebook, Instagram e Pinterest.