Revista Jardins

Pimentos, uma família picante e doce

pimento

Uma das caraterísticas que mais me fascina na família dos pimentos é a mistura de picante com o doce! Nenhum outro legume tem esta combinação que, à primeira vista pode parecer estranha, mas na realidade é extraordinária e única. O pimento chega-nos na época dos Descobrimentos, oriundo da América central. Faz parte da família das Solanáceas, portanto, primo do tomate e da batata. Tal como estes, também tem centenas de irmãos, todos muito diferentes, tanto em sabores como em cores e formatos, o que às vezes, também pelo seu fascinante brilho, os torna verdadeiras peças de decoração.

Pimento doce

O mais comum é, sem dúvida, o pimento doce, que consiste em grandes frutos verdes, encarnados ou amarelos e com uma forma retangular ou alongada. Os verdes, na realidade, são a versão não amadurecida e menos doce dos encarnados e amarelos. Podem ser consumidos crus ou cozinhados. Mas os mais comuns na nossa cozinha tradicional são, sem dúvida, os assados, companheiros indispensáveis da nossa deliciosa sardinha! Cada vez mais apreciados entre nós são também as malaguetas e os pimentos picantes ou de Caiena e os tabascos.

Malaguetas

As malaguetas são normalmente compridas, pontiagudas e encarnadas. Têm um aroma picante que aumenta com o amadurecimento e que se concentra nas grainhas e na medula. Se estes forem retirados, ela pode mesmo ficar adocicada. Os picantes de Caiena e o tabasco são uma espécie diferente. Geralmente são mais picantes, menores, podem ter formas triangulares ou redondas e podem ser encarnados, amarelos, cor de laranja ou roxos. São os mais difíceis e mais raros de todos os pimentos cultivados. Alguns são verdadeiras “bombas” de tão picantes, muito apreciados em regiões quentes como, por exemplo, o México, Brasil, Índia e muitos países africanos – como exemplo, temos o famoso “jindungo”, tão utilizado em Angola.

Uma das diferenças entre o pimentos doce e as malaguetas é que os primeiro são plantas anuais, têm de ser semeadas todos os anos (felizmente, é muito fácil retirar as sementes e guardá-las para semear no ano seguinte), enquanto que as malaguetas e pimentos picantes são, na sua maioria, plantas que resistem vários anos e, em alguns casos, são mesmo perenes.

Sabia que…?

O pimento pode ser indisgesto porque a sua casca contem lignina, uma fibra que não é facilmente digerida pelo estômago. A dica é tirar a casca, para isso basta aquecê-lo em água ou mesmo diretamente no bico do fogão por alguns minutos, a casca fica solta e fácil de tirar. Se for muito sensível tire também as sementes e a medula no interior.

O pimento é extremamente rico em vitamina C; bastam pouco mais de 50 g de pimento cru para satisfazer a quantidade diária recomendada desta vitamina – foi a partir dos pimentos que a vitamina C foi extraída pela primeira vez pelo cientista húngaro, S. Györgyi.

Os pimentos são picantes devido a uma substância alcaloide chamada capsaína, que estimula as células nervosas da boca, provocando a sensação de ardor. Pouca gente sabe, mas existe uma unidade de medida do ardor dos pimentos picantes, chamada Unidade de Calor Scoville (SHU). O mais picante do mundo é o naga joloka, uma espécie encontrada no Bangladesh, Sri Lanka e na Índia. O poder de “fogo” da naga é 855 mil SHU. Só para efeito de comparação, em segundo lugar fica a norte-americana Red savina habanero, com 580 mil SHU; a picantíssima malagueta brasileira tem “apenas” 200 mil SHU de poder.

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