Revista Jardins

Poda de árvores e arbustos ornamentais II

poda

Método IV

 

Como referido no último artigo, a temática das podas seria dividida em duas edições. Assim, depois da abordagem efetuada aos diversos tipos de poda e execução de cortes, abordar-se-ão no presente número as diversas metodologias de poda para condução das espécies vegetais.

 

Atendendo ao facto de que as plantas são bastante variadas no seu tipo de rebentação, podendo-se multiplicar por rebentação a partir da base ou em situação oposta, por rebentação nas extremidades, no seu tipo de folhagem, no tipo de floração, entre outras características, a forma como se deve compreender a sua gestão, isto é, a poda também deve ser bastante diversa de acordo com as características próprias de cada espécie.

Assim sendo, é fundamental compreender, por um lado, o que se pretende da planta em si e, por outro lado, identificar alguns aspetos fisiológicos do exemplar vegetal, nomeadamente o tipo de rebentação e os hábitos de floração.

 

No que respeita ao tipo de regeneração, existem plantas que se renovam principalmente pela base, ou seja, a esmagadora maioria dos arbustos, e existem outras plantas que se multiplicam com maior vigor através das extremidades dos ramos, isto é, todas as árvores e muitos arbustos. Contudo estas duas situações não devem ser entendidas como únicas, pois existem plantas que se encontram numa posição intermédia relativamente à sua regeneração, por exemplo, há espécies que se multiplicam com maior vigor nas extremidades dos ramos, mas ainda assim possuem capacidade de emitir rebentos a partir da base.

No que concerne à floração, a grande diversidade de espécies vegetais não se comporta toda da mesma forma. As plantas podem ser reunidas em dois grandes grupos quanto à floração: as que florescem em ramos do próprio ano ou em botões prontos, isto é, as plantas que que dão flor em botões que se formam, se desenvolvem e dão flor no mesmo período vegetativo e que geralmente dão flor mais tarde e sempre no final dos lançamentos; em alternativa, há espécies que florescem em gomos formados nos ramos do período vegetativo anterior, mas que, por ação das temperaturas invernais, passam por um processo de hibernação, designando-se assim por botões hibernantes, acabando por se desenvolver e florir no final do inverno ou cedo na primavera, muitas vezes ainda antes de surgir a rebentação nos próprios ramos. Como exemplo do primeiro grupo de plantas podem ser enunciadas as roseiras, os hibiscos, etc., ao passo que no segundo caso se enumeram as cameleiras, as magnólias de folha caduca, entre outras.

 

Assim, nos próximos tópicos, serão explanados os diversos métodos de poda a considerar em função das características sobretudo de renovação e de floração de cada espécie.

 

METODOLOGIA I

Regeneração basal

 

 

Metodologia I

 

SUB MÉTODO REGENERAÇÃO BASAL (COM ATARRAQUE)

Características das plantas
Rebentação: Mais vigorosa na base dos caules.
Folhagem: Sobretudo plantas de folha caduca.
Floração: Botões prontos e ramos floríferos de curta duração.
Execução: Eliminam-se junto ao solo todos os caules, exceto os surgidos no próprio ano, sendo estes atarracados de forma inversamente proporcional ao seu vigor (quanto maior a redução, maior a estimulação vegetativa).
Época: Inverno.

SUB MÉTODO REGENERAÇÃO BASAL (SEM ATARRAQUE)

Características das plantas
Rebentação: Mais vigorosa na base dos caules.
Floração: Botões hibernantes e ramos floríferos de curta duração (1 ou 2 anos).
Outras: Plantas com caules jovens coloridos.
Execução: Eliminam-se junto ao solo os caules mais antigos, deixando os que surgiram no próprio ano e em muitos casos os do ano anterior.
Época: Primavera – Logo após a floração, quando esta se dá antes do desenvolvimento da folhagem, por vezes ainda durante o inverno.
Inverno – Em plantas com floração na primavera mais tardia, para não afetar a rebentação anual mais intensa no início da primavera.
Principais espécies: Roseiras, hortências, brincos-de-princesa, bérberis, lantanas, loendros, romãzeiras.

 

METODOLOGIA II

Prolongamento em estrutura (perene/semiperene)

 

Metodologia II

 

Características das plantas
Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos.
Folhagem: Folha caduca.
Floração: Botões prontos.
Outras: Aplicável a árvores conduzidas em espaços confinados.
Execução: Inicialmente estabelece-se uma estrutura equilibrada na qual se efetua todos os anos uma poda por atarraque “a talão” dos ramos surgidos no próprio ano. À exceção destes prolongamentos, toda a rebentação é eliminada na poda.
Época: Primavera, inverno.
Principais espécies: Roseiras, hortências, hibiscos, budleias, árvores-de-júpiter, lantanas, fotínias, e todas as árvores conduzidas com restrições de espaço.

 

METODOLOGIA III

Limitação de volume

 

Metodologia III

 

Características das plantas
Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos.
Folhagem: Sobretudo plantas de folha persistente, mas não em exclusivo.
Floração: Indiferente.
Execução: Com a tesoura de poda, nas plantas de folhas de maior dimensão ou nas que apresentam ramicações menos densas, ou com o tesourão corta sebes nas plantas de folhas mais pequenas e/ou de ramificações mais densas e/ou em sebes formais, efetua-se com regularidade a redução da dimensão dos ramos (sempre junto a uma axila folear) controlando o seu alongamento e promovendo a densidade da folhagem.
Época: Com regularidade.
Principais espécies: Cameleiras, roseiras trepadeiras, cerejeiras de jardim, buxos, alecrim, alfazemas, urzes, escalónias, brincos-de-princesa, hera, medronheiro, bérberis, budleias, lava-garrafas, olaias, cotoneásteres, pilriteiros, azevinhos, loureiros, magnólias, loendro, azáleas, lilases, folhados, entre outras.

 

METODOLOGIA IV

Valorização da estrutura

Características das plantas
Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos.
Folhagem: Indiferente.
Floração: Indiferente.
Outras: Não aplicável em situações com limitação de espaço. Aplicável a todas as árvores conduzidas em porte livre.

Execução: Promove-se a formação de uma estrutura vegetal equilibrada, com as principais ramificações bem distribuídas no espaço, sem bifurcações que promovam casca inclusa, sem ramos cruzados e eliminando regularmente os ramos mortos e os ramos “ladrões”.
Época: Em qualquer altura do ano, mas sempre no respeito pela fisiologia da planta.
Principais espécies: Cameleiras, hibiscos, cerejeiras de jardim, medronheiro, lava-garrafas, olaias, azevinhos, pilriteiros, árvores-de-júpiter, magnólias, fotínias, romãzeira, lilases e a generalidade das árvores conduzidas em porte livre.

 

A poda de árvores e arbustos ornamentais não pode assim ser vista como uma tarefa isolada no tempo, mas antes como uma tarefa progressiva que deve ser cuidadosamente planeada e implementada de forma contínua sobre as plantas, observando sempre os dois principais requisitos da poda: o objetivo da planta enquanto elemento ornamental e os seus processos fisiológicos.

 

Leia a primeira parte do artigo: “Poda de árvores e arbustos ornamentais I”

 

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