Ornamentais

Poda de árvores e arbustos ornamentais I

poda de arbustos ornamentais

 

Próximo que está o inverno e com ele o frio, que é sinónimo de repouso vegetativo para as plantas, é, pois, altura de programar as podas para a maioria das espécies.

 

Importa revisitar o vasto e nem sempre consensual tema que são as podas. As razões para se podar uma planta podem ser variadas, mas estão todas mais relacionadas com a necessidade que temos de condicionar o desenvolvimento destas do que com as necessidades da planta, que pode perfeitamente sobreviver, crescer e reproduzir-se sem intervenção humana.

O presente artigo, pela diversidade de situações que a temática apresenta, será dividido em duas partes, dedicando-se a presente aos diversos tipos de poda e execução de cortes. Na próxima parte, abordar-se-ão as metodologias de poda para diversas espécies vegetais assim como a época de realização.

 

Tipos de poda

A denominação dos diversos tipos de poda varia bastante de acordo com diversos fatores. Um critério de designação poderá ser de acordo com os diversos objetivos a que o exercício de podar se propõe. Assim temos:

 

poda de árvores e arbustos ornamentais

 

Poda de formação (aplicada a árvores jovens)

Elevação da copa – Promove a estruturação do tronco e simultaneamente da base da copa à altura pretendida. Trata-se de uma ação a desenvolver repetidamente ao longo do crescimento da planta, não devendo ser demasiado intensa, mas visando a longo prazo a harmonia entre a copa e a utilização do espaço sob a mesma. Incidirá sobre os ramos mais baixos do fuste, sobre os ramos em excesso ou ainda sobre os que sejam indesejáveis.

Formação do tronco – Respeita à necessidade que ocorre aquando do desenvolvimento inadequado de um tronco ou até de múltiplos troncos. De modo a prevenir complicações futuras, é importante estruturar o quanto antes um tronco bem conformado e que ofereça estabilidade. Incidirá sobre os ramos/caules mal conformados e/ ou indesejados. A técnica de corte mais indicada deverá ser ponderada de acordo com a situação presenciada.

Formas artificiais – Tem por objetivo dotar a árvore da forma pretendida, geralmente por motivos estéticos. As técnicas a empregar assim como as técnicas de corte mais indicadas deverão ser ponderadas de acordo com a situação presenciada.

 

Poda de manutenção (aplicadas a árvores maduras)

Formas naturais – Promove quer o arejamento e iluminação do interior da copa, permitindo o desenvolvimento de ramos novos, quer a eliminação de ramos com risco potencial de queda. A poda em questão deve preservar o perfil inicial da árvore aumentando o seu grau de transparência, não removendo mais de 20 por cento do volume inicial da copa. Do ponto de vista sanitário, incidirá sobre os ramos mortos ou atacados e relativamente a limpeza sobre os ramos em excesso ou ainda sobre os que sejam indesejáveis.

Formas artificiais – Muitas árvores a intervencionar foram, no passado, alvo de intervenções que as privaram das suas configurações naturais. Esta tipologia de intervenção promove quer o desenvolvimento e controlo de raminhos novos mais bem posicionados, quer a eliminação de raminhos novos mal posicionados e com futuro potencial risco de queda. A poda em questão deve preservar uma copa futura com dimensões relativamente reduzidas, de modo a ser compatível com a estrutura biomecânica que a suporta.

 

poda de arbustos ornamentais

 

Poda de reestruturação (aplicadas a situações especiais)

Equilíbrio biomecânico – Resulta da necessidade de adequar, em termos de distribuição de carga, a estrutura da copa face a diversos aspetos, nomeadamente uma silhueta assimétrica, uma bifurcação fragilizada, entre outros que tornam o exemplar ou parte deste potencialmente perigoso. Dever-se-á efetuar uma avaliação prévia bastante cuidada da árvore de modo a identificar os locais de fragilidade e avaliar quais os ramos nos quais intervir e com que intensidade. A técnica de corte de ramos a empregar deverá ser a adequada a cada situação presenciada de modo a equilibrar as cargas e a respeitar a fisiologia da árvore.

Equilíbrio fisiológico – Resulta da necessidade de adequar a estrutura da copa relativamente ao sistema radicular para que o último consiga suprir as necessidades do primeiro. Assim dever-se-á incidir sobre os ramos e raminhos terminais, reduzindo o diâmetro da copa consoante o grau de debilidade da árvore, o qual se determina após uma cuidadosa análise. Dever-se-á dar primazia à técnica de encurtamento de ramos através de atarraque por tira-seiva para corretamente diminuir o volume da copa e respeitar a fisiologia da árvore.

Coabitação – Resulta da necessidade de adequar a estrutura da copa relativamente ao espaço físico e respetivas edicações nele presentes. Atendendo ao conflito entre a copa e as referidas edificações, a intervenção deverá incidir sobre os ramos e raminhos terminais, reduzindo o diâmetro da copa de modo a permitir a coabitação do exemplar e da edificação. Dever-se-á dar primazia à técnica de encurtamento de ramos através de atarraque por tira-seiva para corretamente diminuir o volume da copa e respeitar a fisiologia da árvore.

 

Poda de correção (aplicadas a situações especiais)

Reformação do tronco – Técnica particular destinada a restabelecer o tronco de uma árvore.

Reformação da flecha – Técnica específica destinada a redefinir a flecha de uma árvore.

 

poda de arbustos ornamentais

 

Técnicas de corte

Sob o ponto de vista de recuperação das feridas provocadas pela poda, ou seja, de recobrimento da ferida com novas camadas de madeira acrescentadas anualmente, a técnica de execução dos cortes assume especial relevância de modo a minimizar o tempo de exposição da ferida aos agentes externos que poderão ser nocivos para a planta.

Os ramos, na quase totalidade das situações, surgem do interior do tronco através de gomos vegetativos desenvolvidos em anos anteriores. Assim, nos anos posteriores ao abrolhamento destes gomos vegetativos, o câmbio das plantas vai produzindo anualmente camadas de madeira que vão cobrindo os ramos que derivaram do desenvolvimento dos referidos gomos. Neste sentido, na zona de interceção do ramo com o tronco existem tecidos que pertencem ao tronco e outros que já pertencem ao ramo, sendo estes últimos os únicos que interessa eliminar, não ferindo o tronco de forma a não comprometer o recobrimento da ferida. Estes tecidos que são desenvolvimentos do tronco sobre os ramos designam-se por ruga da casca e são os tecidos enrugados na parte superior do ramo, sendo que no sentido oposto, na base, existe normalmente uma protuberância que se designa de colo do ramo. Existem espécies mais propensas a que o colo do ramo não seja visível, outras há que criam com frequência casca inclusa entre os ramos, pelo que as técnicas para remover este tipo de ramos, assim como ramos mortos ou mesmo para encurtar um ramo lateralmente, requerem alguns pormenores.

Os cortes efetuados de forma incorreta conduzem a feridas abertas demasiado tempo, ou mesmo que poderão não chegar a recobrir e, como tal, iniciam-se processos de podridão que mais cedo ou mas tarde conduzirão à morte/colapso do ramo em causa.

 

Leia também:

Poda de árvores e arbustos ornamentais II

 

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