O festival CineEco 2023 realiza-se de 5 a 13 de outubro na Casa Municipal de Seia
A 29ª edição do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela celebra os 50 anos do filme clássico Verdes Anos e apresenta uma sessão Cineconcerto com o pianista e compositor Filipe Raposo com o apoio do FILMar (Cinemateca Portuguesa).
A sessão Cineconcerto decorre logo no primeiro dia, 5 de outubro, e foi especialmente concebida para o festival. Das horas de espanto à possibilidade de comunicação, encontramos nestes filmes um país a descobrir-se. A música do pianista e compositor Filipe Raposo é o fio condutor de narrativas de especulação, interpretação e perceção dos modos de observar, reter e tratar os corpos físicos, naturais e geográficos que, ao longo do tempo, documentam, também, a memória que o cinema ajudou a inventar.
Estes filmes incentivam à reflexão da nossa relação com a paisagem e, no caso do mar enquanto elemento central de um imaginário nem sempre realista. Foram escolhidos pela singularidade que, à época, permitiam que se descobrissem novas fronteiras para a escala humana e, através da possibilidade de fuga, constitutivas de uma resistência às condições adversas da própria natureza, ao regime em início de ação, e à própria atuação humana.
A sessão do Cineconcerto é composta pelos seguintes filmes:
Serra da Estrela (Raul de Caldevilla, 1921).
Mata do Bussaco (Hans Berge, 1919)
Tosquia de ovelhas no Paúl da Serra, Madeira (Manuel Luís Vieira, 1937)
Lagoa (Filmes Castello Lopes, 1929)
A indústria baleeira (João César de Sá, 1932)
Nazaré, praia de pescadores (Leitão de Barros, 1929) – composição original de Filipe Raposo (2020)
Destacamos o diálogo entre SERRA DA ESTRELA (1921) e MATA DO BUSSACO (1919?). MATA DO BUSSACO é um raro e misterioso filme, do qual se sabe muito pouco, a não ser tratar-se de um documento assinado Hans Berge, um pioneiro do cinema norueguês que veio a Portugal no final da década de 1910. Este filme foi encontrado há um ano nos arquivos da Biblioteca Nacional da Noruega, um dos países doadores do projeto FILMar e é apresentado em colaboração com a Nasjonalbiblioteket (Biblioteca Nacional da Norueguesa) e o Norsk Film Institutt (Instituto do Cinema da Noruega).
Com exceção de NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES, onde Filipe Raposo interpretará a partitura de sua autoria, encomendada pela Cinemateca Portuguesa em 2020, o acompanhamento dos restantes filmes será feito com uma composição inédita.
Esta sessão tem o apoio do projeto FILMar, desenvolvido pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e operacionalizado pela Direção-geral do Património Cultural, no âmbito do Mecanismo Financeiro Europeu EEAGrants 2020-2024.
Outro dos destaques da programação deste ano é a celebração dos 50 anos do filme clássico fundador do cinema novo português, Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha, exibindo-o numa sessão dupla com Onde Fica Esta Rua ou Sem Antes Nem Depois? (2022), de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata.
No filme Onde Fica Esta Rua ou Sem Antes Nem Depois? os dois cineastas deixaram-se guiar através do olhar cinematográfico e da planificação de Paulo Rocha, observando “camadas geológicas, urbanas e sociais sucessivas de Lisboa”, e filmando em locais da cidade agora sitiados pela pandemia. Os mesmos planos, as mesmas cenas, a ruralidade da capital urbanizada em avenidas novas – meio século depois que Lisboa vimos e vemos?
A sessão dupla Verdes anos, maduros anos: 1963 – 2023 abre caminho à redescoberta fantástica de uma obra que continua a moldar o cinema moderno português, como acontece neste novo ‘filme espelho’ de uma dupla de cineastas contemporâneos.
João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata estarão presentes, acompanhados de Isabel Ruth, atriz com uma icónica presença em Onde Fica Esta Rua ou Sem Antes Nem Depois? e que interpreta Ilda em Verdes Anos.
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