Revista Jardins

Chá e as suas propriedades medicinais

chá

 

Na medicina tradicional chinesa e na medicina aiurvédica da Índia, é usado para tratar vários problemas relacionados com asma, bem como patologias coronárias e vasculares.

 

Este arbusto (Camellia sinensis) mobilizou culturas, provocou guerras e tratados, escravizou centenas de pessoas, principalmente no Sudeste Asiático mas não só. O trabalho de colheita de chá ainda hoje pode ser considerado um trabalho escravo que recorre a mão de obra infantil em alguns países. É bom pensarmos nisso cada vez que levamos à boca uma chávena de chá. Qual a pegada social e ecológica que está associada a esta bebida e a tantos outros produtos de uso comum do nosso dia a dia? E a velha questão que teimosamente insisto em fazer: “de onde veio e para onde vai tudo aquilo que eu consumo”?

 

 

História do chá

O chá está na origem da proclamação da independência dos Estados Unidos da América, pois, em 1773, devido a um protesto iniciado com a famosa Boston Tea Party contra um imposto exigido pelos britânicos sobre os produtos que estes exportavam para as suas colónias, nos quais se incluía o chá. Os colonos disfarçaram-se de índios, invadiram os navios da Companhia Britânica das Índias Orientais e lançaram às águas do porto de Boston o carregamento de chá de três navios pertencentes a esta companhia. Na origem dos protestos estiveram os Sons of Liberty, uma associação secreta criada pelos colonos contra os britânicos.

O incidente, que teve lugar a 16 de dezembro de 1773, permanece até à data como um acontecimento-chave na História dos Estados Unidos da América.

Já aqui foi contada a história do chá num brilhante artigo do professor Luís Mendonça de Carvalho e, portanto, esta minha crónica não irá focar-se na história por muito tentadora que ela seja. Vou focar-me sim nos usos medicinais desta maravilhosa planta.

 

Leia também:

Os segredos do chá

 

Tipos de chá

Chá verde, chá branco e chá preto originam da mesma planta Camellia sinensis ou Thea sinensis, mas sofrem processos de transformação, oxidação e fermentação diferentes. Basicamente, o chá verde não sofre o processo de oxidação, e o chá preto é altamente oxidado, o que lhe confere sabores e propriedades medicinais muito distintas.

Na medicina tradicional chinesa e na medicina aiurvédica da Índia, é usado para tratar problemas de asma e patologias coronárias e vasculares. Na China, acredita-se que as folhas colhidas na primavera têm mais potencial curativo.

 

 

Descrição

O chá pertence à família das Teáceas. Chama-se ao chá verde chá virgem ou não fermentado; uma vez fermentado, é denominado chá preto. É um arbusto de folha perene, folhas verde-escuras e flores brancas levemente perfumadas. É originário das florestas quentes e chuvosas da Birmânia, Vietname, China, Índia, Nepal. Em Portugal, é cultivado principalmente nos Açores, na ilha de São Miguel, mas alguns pequenos e bons projetos começam a surgir também noutros locais, incluindo o norte de Portugal continental.

Em Sintra, nos belíssimos jardins do chalé da condessa, dentro do Parque da Pena, podemos visitar uma plantação de chá.

 

Constituintes e propriedades

Contém metilxantinas (2 a 4%), principalmente cafeína, também denominada teína, responsável pela ação estimulante sobre o sistema nervoso, reduzindo o cansaço e inibindo o sono, apresenta também traços de teobromina (composto muito presente no cacau) e gorduras, contém cerca de 30% de polifenóis (clorogénico, cafeico e gálhico) que ajudam a combater os radicais livres, contém ainda vitaminas do grupo B, vitamina C, K, proteínas, betacaroteno, ferro, flúor, zinco, cobre, manganês, magnésio, potássio e óleos essenciais. Contém também taninos que contribuem para a regeneração de tecidos e que ajudam no combate à diarreia.

 

PRECAUÇÕES

O uso excessivo em pessoas com problemas cardíacos ou gástricos pode causar arritmias, ansiedade, taquicardias ou gastrites.

 

Chá verde

O chá verde, sobre o qual se têm realizado inúmeros estudos científicos, contém cafeína, que é responsável pela ação estimulante do sistema nervoso, reduzindo a fadiga e inibindo o sono, estimula o sistema respiratório e a circulação, é venotónico e vasoprotetor, previne a oxidação e a acumulação de gorduras nas artérias, ajudando assim no combate à aterosclerose e na agregação de plaquetas no sangue, é diurético, antidiarreico, estimula as secreções gástricas, é considerado uma bebida antienvelhecimento devido à alta presença de catequinas, que são compostos fenólicos ricos em propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias − estes compostos têm também um importante papel como regulador dos níveis de açúcar no sangue, ajudando portanto no combate à diabetes tipo 2 e na redução do colesterol.

 

 

A infusão de chá verde fluidifica o sangue, evitando coágulos e tromboses, facilita a eliminação renal e é muito utilizado em tratamentos de emagrecimento.

Na medicina aiurvédica, é considerado adstringente, digestivo e tónico do sistema nervoso, promove a sudação, usa-se em tratamentos oculares, hemorroidas, febres e cansaço. As suas folhas são usadas externamente em cataplasmas, em queimaduras, queimaduras solares, edemas e picadas de insetos. É também um inibidor de cáries dentárias e de placa, melhorando a saúde bocal.

Ensaios clínicos recentes indicam que esta planta pode retardar o aparecimento de sintomas associados a doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson ou de Alzheimer.

 

Preparação do chá

Existem muitos compostos e suplementos alimentares à base de chá verde, no entanto, prefiro a infusão que deve ser preparada da seguinte forma: aquecer 1 litro de água numa chaleira, sem a deixar ferver − a água deve estar entre os 60 ºC e os 80 ºC −, verter a água num bule, de preferência de cerâmica ou de vidro, onde colocou 1 colher de sopa de chá. Coar passados 3 a 4 minutos e saborear este chá de aroma refrescante e tão benéfico para a sua saúde.

Uma infusão mais prolongada aumenta a extração dos taninos, bloqueando parcialmente a cafeína e reduzindo os efeitos estimulantes.

 

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Chás e infusões

 

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